quinta-feira, 25 de julho de 2024

“Fraternidade para curar o Mundo. ‘Todos vós sois irmãos.” (Mt 23,8)

 

O enunciado em epígrafe é o tema do 53.º Congresso Eucarístico Internacional (IEC), que se realizará de 8 a 15 de setembro de 2024, na arquidiocese de Quito, no Equador. Este grande encontro eclesial que reunirá delegações de bispos, religiosos, fiéis e leigos de todo o Mundo, destacará a “fecundidade da Eucaristia para a evangelização e para a renovação da fé no continente latino-americano”.

O Papa Francisco fez esta escolha para marcar a celebração do 150.º aniversário da consagração do país ao Sagrado Coração de Jesus, a primeira nação do Mundo a fazê-la.

O arcebispo primaz de Braga, D. José Cordeiro, é delegado da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para os Congressos Eucarísticos Internacionais. E o Secretariado Nacional de Liturgia, através da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade da CEP, organizará, a nível nacional, a participação da Igreja presente em Portugal no Congresso, pois vale a pena refletir sobre todas as consequências do tema “Fraternidade para curar o Mundo. ‘Todos vós sois irmãos.” (Mt 23,8).

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A este respeito, em entrevista ao Omnes, meio de comunicação e informação sobre a Igreja, publicada a 9 de abril, Monsenhor Alfredo José Espinoza Mateus, arcebispo de Quito e primaz do Equador, considerou que 2024 tem significado muito especial para os fiéis católicos do Equador, pois Quito acolherá o 53.º Congresso Eucarístico Internacional.

Relevou o facto de os bispos do Equador, numa assembleia plenária, em 2014, terem ratificado o pedido, feito alguns anos antes, para o acolhimento do Congresso Eucarístico Internacional em 2024, por ocasião da celebração do 150.º aniversário da consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus. Historicamente, o Equador foi o primeiro país do Mundo a consagrar-se ao Coração de Jesus. O Santo Padre teve em conta esta celebração e deixou-o claro, em 20 de março de 2021, quando informou o Mundo de que o Equador, e Quito, em particular, seria o anfitrião do 53.º Congresso Eucarístico Internacional. Além disso, afirmou o seu desejo para este grande acontecimento da Igreja: “Neste encontro eclesial, manifestar-se-á a fecundidade da Eucaristia para a evangelização e para a renovação da fé no continente latino-americano.” E, depois de a América Latina ter acolhido, há 20 anos, em Guadalajara, o 48.º Congresso Eucarístico Internacional, o Congresso volta a ter um “rosto latino-americano”.

O grande benefício é, segundo o primaz do Equador, um benefício pastoral. Efetivamente, como o cardeal Gérald Lacroix, do Quebeque, lhe disse, em Budapeste, a grande riqueza que o congresso deixa é o caminho de preparação na arquidiocese. Por isso, trabalha-se intensamente, em Quito e em todo o país, para renovar a vida eucarística no Equador, para corrigir os erros que ocorrem nas celebrações eucarísticas, para aprofundar o grande amor à Eucaristia e para renovar como país a Consagração ao Sagrado Coração de Jesus.

Desde que a arquidiocese tomou conhecimento da designação de Quito como sede do Congresso Eucarístico Internacional, começou a formar as várias comissões, procedeu à nomeação de um secretário-geral do congresso na pessoa de Juan Carlos Garzón, sacerdote da arquidiocese de Quito, comunicou com o Pontifício Comité Eucarístico Internacional, sendo de vincar o apoio e o trabalho conjunto que se vem fazendo com Corrado Maggioni e Vittore Boccardi, com quem houve encontros em Roma e em Quito. Também é de sublinhar o trabalho em conjunto com a Conferência Episcopal do Equador. Quito é a sede, mas é a Igreja do Equador que é responsável pelo congresso. Houve reuniões com as mais altas autoridades do país e da cidade, bem como com várias instituições públicas, para se alcançar, em conjunto, o êxito do congresso.

A nível pastoral, há vários aspetos a relevar, por exemplo: trípticos e dípticos, para comunicar o que é um Congresso Eucarístico; e vários subsídios, destacando-se a catequese Como viver a Eucaristia, de que já foram vendidos cem mil exemplares, e a Eucaristia, coração da Igreja. Ambos contêm as catequeses eucarísticas do Papa Francisco, a que se deu uma metodologia de reflexão. Em Quito, neste ano, a catequese de iniciação cristã está a trabalhar no primeiro caderno de catequese eucarística.

Trabalho interessante foi a elaboração do opúsculo com nove celebrações de adoração eucarística dirigido especialmente aos jovens, sob o título Face a face. E sobressai o Documento Base do Congresso com o tema “Fraternidade para curar o Mundo”. O caminho até este documento foi longo, foi criada a Comissão Teológica, que fez o trabalho, o enviou a Roma, lhe fez correções e o reestruturou. E o documento, que tem um “toque latino-americano”, pretende ser uma contribuição para a Igreja universal. Foram publicados dois livrinhos: um com o texto completo do documento; e outro com o documento propriamente dito, uma celebração de adoração eucarística e nove guias de estudo para a compreensão do texto. É o caminho para o ano de 2024.

Outros elementos ajudaram: o logótipo do congresso; a oração do congresso, que foi traduzida em várias línguas, incluindo o Shuar e o Quichua; e o concurso de hinos. O hino é cantado em todas as 200 paróquias da arquidiocese.

A Comissão Nacional da IEC 2024, composta por delegados das 26 jurisdições eclesiásticas do país, é presidida por D. Maximiliano Ordóñez, bispo auxiliar de Quito. Divulga o congresso e é responsável por replicar todo o trabalho e por ter várias iniciativas pastorais nas suas próprias jurisdições. Depois, o símbolo do congresso, um grande folheto evangélico, ajuda a evangelizar. É a Palavra de Deus que nos convoca, nos reúne à volta da mesa da Eucaristia e nos convida a construir a fraternidade. O símbolo percorre as jurisdições eclesiásticas do Equador.

Quanto aos principais promotores na arquidiocese e quanto aos instrumentos mais eficazes na transmissão da mensagem, o arcebispo sustenta que é “uma missão conjunta”, uma grande missão evangelizadora à volta do Congresso Eucarístico, que envolve, em primeiro lugar, os bispos, no caso de Quito, os três bispos auxiliares e o próprio arcebispo. Envolve os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, os catequistas, a quem se entrega a responsabilidade de serem “missionários eucarísticos”, e os movimentos laicais, que assumiram esta tarefa com grande entusiasmo. Houve várias iniciativas nas jurisdições. Em Quito, foi convocado o “Ano Eucarístico”, aberto a muitas iniciativas pastorais em curso. Na arquidiocese de Guayaquil, o arcebispo Luis Cabrera abriu o “Ano do Sagrado Coração de Jesus”, pois não se deve esquecer a razão principal do congresso, embora centrado na Eucaristia. E, na arquidiocese de Cuenca, Marcos Pérez Caicedo organizou, em maio, o simpósio “Maria e a Eucaristia”. Cuenca tem uma tonalidade mariana única.

Ora, surgindo várias iniciativas, pergunta-se como se consegue a uniformidade. Porém, em vez dela, procura-se a “unidade”, respeitando a criatividade pastoral nas jurisdições eclesiásticas, nas paróquias, nos movimentos e noutros grupos. Há coordenação a partir do Secretariado-Geral e do Comité Local da IEC 2024. E a Comissão Nacional da IEC 2024 trabalha para conseguir esta unidade, dando orientações, elaborando materiais e corrigindo erros.

À pergunta, “Qual tem sido o papel dos leigos na organização?”, o arcebispo responde com a envolvência de todos. Contudo, os leigos lideram, tanto no comité local, como nas comissões do congresso. Tece-se uma rede de trabalho e faz-se “com grande responsabilidade, com um profundo sentido de Igreja e com uma visão pastoral”.

O principal fruto, no momento, é que o congresso já está a ser vivido. O congresso de Quito não é em 2024; o congresso, para arquidiocese, é um “já” e a preparação para ele “ajuda-nos a viver, a celebrar, a cantar, a rezar e a aprofundar a Eucaristia no coração de cada fiel e de cada paróquia.

Quanto a argumentos considerados mais convincentes para incentivar as pessoas a deslocarem-se a Quito e a participarem neste evento, o primaz do Equador evoca uma audiência privada do Papa com o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Equatoriana, em que assentou num congresso “austero mas fecundo”. Assim, o arcebispo diz que o argumento principal será viver um congresso “fecundo”, que ajude a refletir, a celebrar e aprofundar, na vida de cristãos, a centralidade da Eucaristia, assumindo o compromisso de uma “fraternidade para curar o Mundo”.

Cada Congresso Eucarístico tem a sua estrutura ou dinâmica. No simpósio, propõe-se uma visão mais real e pastoral, a partir da reflexão sobre a fraternidade, sob pontos de vista diferentes: Política, Mundo indígena, Economia, Filosofia, Educação e outros.

Desde o início, não se quis, e não será, um congresso “clericalizado”. E, como disse o Cardeal Mario Grech, “o Congresso Eucarístico é a Vigília do Sínodo”, pois terá lugar cerca de um mês antes da instalação da segunda sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade. Por isso, as catequeses dos cinco dias serão ministradas por representantes do Povo de Deus: uma religiosa, um leigo, um sacerdote, um cardeal e um bispo que tenha relação com a realidade da Amazónia. E procuram-se leigos, religiosos e religiosas, sacerdotes, indígenas, para os testemunhos a dar no congresso.

Sobre as experiências podem esperar os participantes neste momento especial que é o Congresso Eucarístico Internacional, Monsenhor Alfredo José Espinoza Mateus diz que as pessoas podem esperar grande acolhimento, clima de alegria, a riqueza da experiência de um povo que ama Deus, que vive a Eucaristia e manifesta a sua fé, que pede a bênção, sinal caraterístico do nosso povo. Podem esperar diversidade cultural, um folclore único, e algo que mais ninguém tem: “Quito é ‘La Mitad del Mundo’, o congresso realiza-se na latitude zero do Mundo, e daqui, para o Mundo inteiro, queremos abrir as nossas mãos e os nossos corações. Esperamos por vós!”

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Há alguns pontos importantes a considerar sobre o IEC 2024 em Quito, para quem participar no evento dedicado a tornar Jesus conhecido, amado e mais bem servido no seu mistério eucarístico.

Segundo o site oficial, os congressos eucarísticos “são uma expressão de uma veneração e amor particular da Igreja universal pelo mistério eucarístico, fonte de fraternidade e paz”. O tema do congresso internacional de 2024 é “Fraternidade para curar o Mundo”.

Este congresso é uma comemoração especial. Em comemoração ao 150.º aniversário da consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus, ocorrida em 25 de março de 1874, a arquidiocese de Quito foi escolhida para sediar o Congresso Eucarístico Internacional deste ano.

Quito foi sede do primeiro congresso eucarístico nacional do Mundo. Quito não é um local novo para congressos eucarísticos. A cidade sediou o primeiro Congresso Eucarístico Nacional, em 1886, um marco na história eucarística do país e do Mundo.

O congresso ocorrerá de 8 a 15 de setembro. Durante essa semana, Quito será transformada num centro de celebração e de devoção, recebendo milhares de visitantes de todo o Mundo.

O evento será realizado no Centro de Convenções Metropolitano de Quito, um complexo moderno projetado para sediar uma ampla gama de eventos e conferências. O centro fornecerá áreas espaçosas e funcionais para todas as atividades do congresso. Localiza-se na avenida Rio Amazonas, na zona norte da capital. Quito foi declarada património mundial pela UNESCO, em 1978, e é um destino turístico importante.

Segundo a programação do congresso, a cada dia do evento, serão desenvolvidos em profundidade cinco temas: “Mundo Ferido”, “Fraternidade Redimida em Cristo”, “Eucaristia e Transfiguração do Mundo”, “Por uma Igreja Sinodal” e “Eucaristia: Salmo da Fraternidade”.

Além das cerimónias litúrgicas, como a missa de abertura, na qual 2,5 mil crianças farão a primeira comunhão, o congresso incluirá conferências e testemunhos pessoais que vão explorar diferentes aspetos do mistério eucarístico e o seu impacto na vida cristã.

Assim, os participantes poderão ouvir oradores de destaque, como o cineasta Juan Manuel Cotelo; o arcebispo de Bogotá, na Colômbia, cardeal Luis José Rueda Aparicio; o bispo de Crookston, no Minnesota, D. Andrew Cozzens, que liderou o Reavivamento Eucarístico Nacional nos Estados Unidos da América (EUA), encerrado a 21 de julho; o bispo de Orihuela-Alicante, Espanha, D. José Ignacio Munilla; e o arcipreste da basílica de São Pedro no Vaticano, cardeal Mauro Gambetti. Os palestrantes vão abordar temas como a vida consagrada, a renovação eucarística e a fraternidade. Também haverá testemunhos pessoais sobre o poder transformador da Eucaristia. O evento também inclui uma procissão e celebrações eucarísticas em lugares emblemáticos, concluindo com uma missa de encerramento no parque Bicentenário.

Haverá delegações de mais de 40 países. Participarão delegações dos seguintes países: Áustria, Alemanha, Argélia, Austrália, Bangladesh, Brasil, Canadá, Colômbia, República do Congo, Eslováquia, Equador, Espanha, EUA, Guiné Equatorial, Honduras, Itália, Indonésia, Lesoto, México, Nigéria, Panamá, Portugal, Porto Rico, Reino Unido, Chéquia, Ruanda, Venezuela, Taiwan, Japão, República Dominicana, Quénia, Hungria, Roménia, Paraguai, Uruguai, Peru, Namíbia, Letónia, Suíça, Uganda, Togo, Polónia, Nova Zelândia, Eslovénia e Chile.

8. Há uma oração oficial do congresso:

“Senhor Jesus Cristo, pão vivo descido do céu: Olhai para o povo do vosso coração, que hoje vos louva, adora e bendiz. Vós que nos reunis em redor da vossa mesa para nos alimentardes com o vosso Corpo, concedei que, superando toda a divisão, ódio e egoísmo, nos unamos como verdadeiros irmãos e irmãs, filhos e filhas do Pai do céu. Enviai-nos o vosso Espírito de amor, para que, procurando caminhos da fraternidade – paz, diálogo e perdão –, ajudemos a sarar as feridas do Mundo. Amén.”

Haverá um simpósio teológico, antes do 53.º Congresso Eucarístico Internacional. O simpósio é dirigido a teólogos e académicos especializados em Teologia Sacramental e em Teologia Pastoral, a formadores, em seminários ou casas de formação, e a pessoas interessadas no estudo da Eucaristia e na relação entre a fé cristã e a realidade social.

As inscrições estão abertas. É possível preencher o formulário para participar do Congresso Eucarístico Internacional de Quito, 2024.

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Quem não vai não se julgará dispensado/a da reflexão sobre a Eucaristia e os seus frutos.

2024.07.24 – Louro de Carvalho

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