Multidões de pessoas, indignadas com a forma como o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, e a sua administração – com destaque para o patrão da Tesla, Elon Musk – têm governado o país, saíram à rua, a 5 de abril, em várias cidades americanas de todos os 50 estados dos EUA e também além-fronteiras, em manifestações de protestos, para expressarem a sua oposição e o seu descontentamento.
Entre os motivos dos protestos, ressaltam a guerra comercial contra a quase generalidade dos blocos e países do Mundo; a quebra da ajuda humanitária; o silenciamento seletivo da comunicação social e a perseguição a jornalistas; o drástico emagrecimento dos recursos humanos na administração pública; a tentativa de afunilamento da Justiça; os programas de expulsão de imigrantes; a tentativa de silenciamento de líderes religiosos contestatários das políticas trumpianas, incluindo a sua expulsão; e, sobretudo, as medidas atinentes à personalidade e aos direitos individuais, nomeadamente no quadro da orientação sexual.
O 5 de abril foi o maior dia de manifestações de um movimento de oposição, que tenta recuperar o seu ímpeto, após o choque das primeiras semanas de mandato do líder republicano.
O movimento de protesto denominado “Hands Off!” foi organizado, em mais de 1200 locais nos 50 estados, por mais de 150 grupos, incluindo organizações de direitos civis, sindicatos, defensores da comunidade LGBTQ+, veteranos e ativistas eleitorais.
As manifestações pareceram pacíficas e as autoridades não registaram casos de violência grave, de confrontos ou de detenções.
Do parque National Mall, na capital Washington DC, ao Midtown Manhattan, ao Boston Common e a várias capitais de estado, milhares de manifestantes atacaram as ações de Donald Trump e do homem mais rico do Mundo, Elon Musk, o proprietário da Tesla.
Os críticos manifestaram o seu descontentamento, face às políticas e às abordagens da atual administração, que incluem a redução do governo federal, a economia, a imigração e os direitos humanos.
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É importante
recordar que Donald Trump está a desfazer um estado baseado nos direitos
humanos, nos termos concebidos pelos Pais Fundadores da América, e perspetivado
por Franklin Delano Roosevelt. Com efeito, no seu “Discurso
sobre o Estado da União”, em 1944, Roosevelt defendeu que os Norte-americanos
deveriam pensar nos direitos económicos básicos como uma “Segunda Declaração de
Direitos”. Sustentou que todos os Norte-americanos deveriam ter o direito
a “assistência médica adequada”, a “uma boa educação”, a “um lar decente” e a um
“emprego útil e remunerado”. Na proposta voltada para a política interna
mais ambiciosa do seu terceiro mandato, propôs a Lei de Reajuste dos Militares
de 1944, que criaria um enorme programa de benefícios para os soldados que
retornassem ao país. Os benefícios incluíam educação superior, assistência
médica, seguro-desemprego, aconselhamento profissional e empréstimos de baixo
custo, para residentes e para empresas. O projeto foi aprovado, por unanimidade,
em ambas as casas do Congresso e foi sancionado como lei em junho de 1944. Dos
15 milhões de Norte-americanos que serviram na II Guerra Mundial, mais de
metade beneficiou das oportunidades educacionais previstas na lei.Entretanto, faleceu a 12 de abril de 1945, quando descansava na Little White House em Warm Springs, na Geórgia, no Sul dos EUA, antes da sua participação programada na conferência de fundação das Nações Unidas. Sucedeu-lhe o seu vice-presidente, Harry Shipp Truman.
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Voltando aos
protestos, é realçar que os manifestantes se reuniram, para se oporem às
medidas da administração, no sentido de despedir milhares de funcionários
federais, de encerrar gabinetes da Administração da Segurança Social e de encerrar,
efetivamente, agências governamentais inteiras, como a Agência
dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).Elon Musk desempenhou papel fundamental na facilitação de tais ações, uma vez que dirige o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental – o DOGE – que visa cortar “despesas governamentais desnecessárias”. O DOGE planeia cortar cerca de dois mil milhões de dólares (1,82 mil milhões de euros) em despesas federais e Musk afirma que está a poupar milhares de milhões de dólares aos contribuintes.
Os manifestantes exibiam cartazes com os dizeres “Trap the Muskrat” e “Deport Elon Musk”, em clara oposição às suas políticas. Muitos também criticaram Musk – o proprietário da Tesla, do SpaceX, do Starlink e do X – pelo seu papel no governo, sendo um cidadão naturalizado. “Aqui na América, senhor Musk, a justiça não está à venda. E nós não sorteamos os cargos de juiz do Supremo Tribunal, por prémios de um milhão de dólares. Pare de tentar comprar os nossos votos. Pare de roubar o nosso governo. E parem de roubar os nossos dados”, bradou o congressista Jamie Raskin, que discursou na manifestação em Washington.
Em Boston, os manifestantes exibiram cartazes com os dizeres “mãos fora da nossa democracia” e “mãos fora da nossa segurança social”. A presidente da Câmara, Michelle Wu, participou no protesto na capital do Massachusetts e denunciou as táticas de intimidação de Trump e os ataques à diversidade e à igualdade. “Recuso-me a aceitar que eles possam crescer num Mundo onde os imigrantes, como a avó e o avô, são automaticamente considerados criminosos”, disse Wu.
Centenas de pessoas também se manifestaram em Palm Beach Gardens, na Florida, a poucos quilómetros do campo de golfe de Trump, em Jupiter, onde ele passou a manhã no Campeonato de Clubes Sénior do clube. As pessoas alinharam-se em ambos os lados da PGA Drive, encorajando os carros a buzinar e cantando slogans contra o inquilino da Casa Branca.
Questionada sobre os protestos, a Casa Branca disse, num comunicado, que “a posição do presidente Trump é clara: ele irá sempre proteger a Segurança Social, o Medicare e o Medicaid para os beneficiários elegíveis”.
“Enquanto isso, a posição dos democratas é dar benefícios da Segurança Social, à Medicaid e à Medicare, a estrangeiros ilegais, o que levará esses programas à falência e esmagará os idosos americanos”, acrescentou a Casa Branca.
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Também houve
protestos do outro lado do Mundo, com centenas de cidadãos norte-americanos no
estrangeiro e estrangeiros a protestarem contra a abordagem da política externa
de Donald Trump. As manifestações tiveram lugar em várias cidades europeias
como Lisboa, Londres ou Berlim, apelando ao “fim do caos”, em referência à
política agressiva de tarifas globais do presidente dos EUA, que deixou os
mercados bolsistas de todo o Mundo em frenesim, bem como à defesa da Ucrânia,
que o presidente norte-americano tem criticado.Donald Trump “está a destruir o comércio” com a aplicação das tarifas e a “tentar tirar direitos” aos cidadãos, declarou uma ativista norte-americana, no protesto de Lisboa.
“Mesmo as pessoas que votaram nele não estão a receber o que lucraram com as tarifas. Toda a gente perdeu dinheiro. Os ovos não são mais baratos. [Os seus eleitores não estão a ter uma vida melhor. Por isso, deviam estar ainda mais zangados do que qualquer outra pessoa”, atirou Alyssa, uma americana que protestava em Londres.
Desde o regresso à Casa Branca, os ativistas já organizaram inúmeras manifestações nacionais e internacionais contra Trump e contra Musk. E dizem que vão continuar a expressar, pacificamente, a sua oposição a uma administração que dizem não os representar, nem aos interesses comuns dos cidadãos dos EUA, na esperança de exercer pressão sobre a administração, para inverter o rumo.
Mais de 1200 manifestações “Hands Off!” foram planeadas por mais de 150 grupos, incluindo organizações de direitos civis, sindicatos, defensores dos LGBTQ+, veteranos e ativistas eleitorais. Os opositores do presidente Donald Trump e do multimilionário Elon Musk planearam fazer manifestações em todos os EUA, no dia 5, para protestar contra as ações da administração, em relação à redução do governo, à economia, aos direitos humanos e a outras questões.
Os manifestantes estão a criticar as medidas da administração Trump para despedir milhares de trabalhadores federais, para encerrar gabinetes da Administração da Segurança Social, para encerrar, efetivamente, agências inteiras, para deportar imigrantes, para reduzir as proteções a pessoas transgénero e para cortar o financiamento federal a programas de saúde.
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Das várias
manifestações antitrumpianas que ocorreram fora dos EUA, merecem destaque as de
Portugal, também a 5 de abril. Efetivamente, cerca de 700 cidadãos norte-americanos a viver em
Portugal juntaram-se em Lisboa e no Porto, em protesto contra a Administração
Trump. Os manifestantes acusam Donald Trump de destruir a democracia e de criar
uma ditadura nos EUA.Centenas de Norte-americanos a viver em Portugal reuniram-se na Praça do Comércio, em Lisboa, e na Avenida dos Aliados, no Porto, para manifestarem total repúdio contra as políticas da Administração Trump.
Organizada por um movimento de ativistas americanos, na sua maioria democratas, a residir em Portugal, o protesto aconteceu no âmbito do movimento “Hands Off!”, que organiza manifestações contra Donald Trump e contra Elon Musk, em várias cidades do Mundo, incluindo, obviamente, os EUA.
Segundo uma das organizadoras do protesto em Lisboa, também é possível combater a política de Trump desde fora do seu país, pois “sabemos o que é o fascismo e é o que está a acontecer” [nos EUA], afirmou Caryl Hallberg, de 73 anos, à agência de notícias Lusa.
Na opinião da ativista, que já foi filiada no Partido Democrata, nos EUA, Donald Trump “está a destruir o comércio”, com a aplicação das tarifas, e a “tentar tirar direitos” aos cidadãos.
Os manifestantes erguiam vários cartazes com palavras de ordem contra Trump, como “Hands Off (Tira as mãos). Dos nossos corpos / Saúde, das nossas mentes / Educação, da nossa vida / Democracia”, lia-se num dos cartazes. Outros cartazes estavam dirigidos a Elon Musk, instando a que o empresário deixe o DOGE.
Estavam também previstos protestos em Bruxelas, em Paris, em Berlim, em Madrid e em Londres, pois é urgente que o Mundo pacífico se subleve contra as políticas de Trump, quer na ordem interna dos EUA, quer na relação com o resto do Mundo, antes que as armas se lembrem de flagelar e destruir o planeta, levando tudo pela frente.
2025.04.06
– Louro de Carvalho
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