Atualmente, sobretudo, no Alentejo, contrapõe-se à cultura tradicional do olival a monocultura intensiva, que, tal como qualquer cultura deste género, desequilibra o ecossistema e prejudica o ambiente. E os ambientalistas já condenaram a expansão descontrolada das monoculturas.
Marta Vidal, em artigo intitulado “Um ecocídio: Como os gigantes do azeite estão a usar uma mega barragem para dominar a região de cultivo de Portugal”, publicado pela Euronews, a 13 de abril, relata o caso de um olivicultor tradicional, que, “de pé”, sob uma enorme e velha oliveira, “acaricia, suavemente, o seu tronco nodoso”, porque, em seu entender, “tem mais de mil anos, talvez mais velha do que Cristo”.
A velha árvore integra um olival de 30 hectares que “faz parte de um mosaico de carvalhos e árvores de fruto, de pastagens e terrenos agrícolas – perto de Serpa, nas suaves colinas do Alentejo, no Sudeste de Portugal –, que tem sido transmitido ao longo de gerações. Trata-se de um largo trecho da “paisagem tradicional do montado, um sistema agro-silvo-pastoril que combina produção e conservação da natureza”.
“Muitas destas árvores têm milhares de anos, mas ainda estão a dar frutos. É um museu vivo”, diz o olivicultor, com orgulho, assegurando que, “todos os anos, os visitantes vêm maravilhar-se com as árvores monumentais e estudar as 17 variedades diferentes de azeitonas locais do olival”.
O olivicultor tradicional, que “preservou uma paisagem diversificada” alerta que isso é cada vez mais raro, no Alentejo, “à medida que os olivais de monocultura superintensiva se expandem, substituindo os pomares tradicionais”. O contraste é enorme: enquanto o olival tradicional é alimentando pela água das chuvas e é dotado de “árvores que têm raízes profundas e uma longa vida útil”, pois estão suficientemente espaçadas, ao invés, as plantações de cultura superintensiva estendem-se, com grande proximidade entre si, por largas zonas de regadio, alimentando-se de água de barragens, “podem ter até 2500 árvores, por hectare”, “são plantadas em linhas uniformes e duram apenas algumas décadas”.
Pelos vistos, “a única coisa que têm em comum é o facto de serem da mesma espécie”, considera o olivicultor, descansando à sombra de uma oliveira antiga, que resistiu a séculos de secas, de tempestades e de catástrofes naturais, confiante de que, ao invés das plantações de regadio, o seu olival, regado pela chuva continuará a dar frutos, durante as gerações vindouras.
Seja como for, as plantações superintensivas de oliveira tomaram conta da região. Com efeito, estas monoculturas utilizam variedades anãs altamente produtivas e adaptáveis à mecanização, obtendo rendimentos muito elevados. Porém, dependem da irrigação, de maquinaria pesada e de agroquímicos, que originam a erosão dos solos e a perda de biodiversidade.
As plantações de regadio do Alentejo expandiram-se, rapidamente, nas últimas duas décadas, com o abastecimento de água da albufeira do Alqueva, o maior lago artificial da Europa Ocidental. Por conseguinte, na região, estendem-se a perder de vista as sebes uniformes de oliveiras, a ponto de poder afirmar-se que o Alqueva é o lago artificial que alimenta o império do azeite, em Portugal.
A barragem do Alqueva, concebida para trazer crescimento económico a uma das regiões mais pobres e secas do continente, foi construída com fundos públicos. Todavia, a irrigação tem beneficiado, principalmente, os grandes grupos económicos que lucram com as plantações superintensivas de olival. Na verdade, o pequeno proprietário tem poucas possibilidades de investir em maquinaria pesada, em condutas de água e em largo volume de químicos, bem como de assegurar uma cultura intensiva e extensiva.
De acordo com a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, SA, a empresa pública que gere a
albufeira de Alqueva, mais de 80% da sua água é utilizada para irrigar
plantações intensivas de oliveiras e de amendoeiras. Só em 2024, a EDIA
forneceu água a 74059 hectares de olivais, na sua maior parte, sebes superintensivas.
Algumas grandes empresas como a Elaia, a De Prado e a Aggraria – alguns dos maiores
produtores de azeite do Mundo – controlam a maior parte das terras irrigadas da
região.
A Barragem de Alqueva é uma barragem em arco situada no rio
Guadiana, perto da localidade de Alqueva (que lhe deu o nome)
da atual União das Freguesias de Amieira e Alqueva, do município de Portel,
ligando-a, na margem oposta, à freguesia de Moura (Santo Agostinho e
São João Batista) e Santo Amador, do município de Moura, na região do Alentejo.
Começou a ser planeada a partir da segunda metade do século XX, nos anos 50,
durante o período do Estado Novo, liderado, na prática, por António de Oliveira
Salazar, de forma a mitigar os problemas de falta de água na região e, assim,
desenvolver a produção agrícola. No entanto, só começou a ser
construída após a Revolução do 25 de Abril, embora as obras tenham
parado, em 1978, devido aos elevados custos, que puseram em causa a sua
viabilidade, do ponto de vista económico. Esta situação provocou
protestos no Alentejo e no Algarve, as regiões que mais iriam ser beneficiadas
pela barragem, mas só em 1995 é que os trabalhos foram reiniciados. Em
8 de fevereiro de 2002, foram oficialmente fechadas as comportas na barragem,
em cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro, António
Guterres, e, a 5 de maio de 2004, foi inaugurada a central elétrica
da barragem.
Para Susana Sassetti, diretora da Olivum, associação que representa os produtores de azeitona com cerca de 50 mil hectares de olival, foi graças à barragem do Alqueva que Portugal se tornou um dos maiores exportadores mundiais de azeite. Efetivamente, desde que a barragem entrou em funcionamento, em 2002, as exportações de azeite aumentaram 12 vezes, em volume, e 18 vezes, em valor, atingindo cerca de 900 milhões de euros, por ano. De facto, a intensificação da produção de azeite foi impulsionada pelos incentivos da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE) e por um aumento global da procura de azeite. De 2007 a 2020, o setor olivícola português recebeu mais de mil milhões de euros em subsídios agrícolas.
José Pedro Salema, presidente da EDIA, afirma que a barragem tem um importante papel estratégico na garantia do abastecimento de água à região, tendo criado emprego e atraído investimento, mas as plantações intensivas altamente mecanizadas dependem, maioritariamente, de mão-de-obra migrante sazonal e mal paga.
Por outro lado, a barragem não travou o despovoamento rural. Entre 2011 e 2021, o Alentejo perdeu mais de 52 mil habitantes, o maior declínio populacional em Portugal. Compreende-se o facto, pois, se a barragem possibilitou a irrigação de extensas zonas, os pequenos agricultores, que têm dificuldade em aceder aos meios que viabilizam a intensa monocultura, não se sentem motivados a permanecer ali; e os trabalhadores rurais em regime de permanência, regra geral, são dispensados, devido à utilização da maquinaria, incluindo os robôs. E o trabalho sazonal, mercê do êxodo populacional, é assegurado por mão-de-obra migrante sazonal e mal paga.
De acordo com Teresa Pinto Correia, professora catedrática da Universidade de Évora – especialista em paisagens rurais, diretora do MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura Ambiente e Desenvolvimento, coordenadora do Laboratório Associado CHANGE – Instituto para a Mudança Global e Sustentabilidade, e vice-presidente da Mission Board on Soil Health and Food, do Horizon Europe – os investimentos públicos na barragem de Alqueva beneficiaram, sobretudo, um pequeno grupo de grandes empresas e investidores estrangeiros, do que resultou uma concentração fundiária e a uma distribuição desigual da água a preços artificialmente baixos.
“O preço da água deveria ter em conta as infraestruturas, que incluem, não só os custos de construção da barragem, mas também os canais de irrigação, o transporte da água e a eletricidade necessária para bombear a água a longas distâncias e para altitudes mais elevadas, o que é muito caro”, explica a especialista, frisando que isso não se reflete no preço pago pelos utilizadores.
A barragem representa o maior investimento público feito na agricultura na História Moderna de Portugal, com o custo de 2,5 mil milhões de euros. A EDIA pretende expandir o regadio para mais 470 quilómetros quadrados, projeto financiado também com fundos públicos. “Muitas das empresas [que utilizam a água de Alqueva] são fundos de investimento focados no lucro e completamente desligados do território. Não estão a pensar em passar um futuro sustentável para as próximas gerações”, considera a também eurocientista, preocupada com o facto de estes lucros estarem a ser obtidos à custa dos recursos naturais, com pouca fiscalização e regulamentação.
A ZERO, uma das principais organizações ambientais em Portugal, condenou a expansão descontrolada das monoculturas no Alentejo.
Pedro Horta, responsável político da ZERO, documentou muitas violações e infrações ambientais, incluindo a destruição de redes de água vitais, danos em áreas protegidas e habitats prioritários, bem como práticas agrícolas prejudiciais causadoras da erosão e da degradação dos solos. “Dada a escala da transformação da paisagem, podemos chamar a isto um ecocídio”, sustenta o ambientalista, salientando que as plantações superintensivas levaram a uma perda significativa de biodiversidade e à destruição do ambiente.
Um relatório da EDIA concluiu que as plantações intensivas de sebes suportam só metade do número de espécies encontradas nos olivais tradicionais. E um estudo de uma equipa de investigadores de diferentes universidades portuguesas, mostra como a expansão de sistemas agrícolas superintensivas está a reduzir, drasticamente, a diversidade e a diminuir as comunidades de aves nos olivais mediterrânicos.
Depois, é de ter em conta que a simplificação dos ecossistemas em paisagens homogéneas torna a região ainda mais vulnerável, em relação às alterações climáticas.
Na UE, os preços do azeite haviam subido 50%, em janeiro de 2024, em termos anuais; e, no Reino Unido, aumentaram 150%, em comparação com o final de 2021. Em Espanha, onde se encontra quase metade da produção mundial de azeite, dois anos consecutivos de seca haviam limitado as colheitas de azeitona, provocando aumento dos preços, a nível mundial.
A Deoleo, fabricante de marcas de azeite domésticas como Bertolli e Carbonell, esperava, neste ano, uma colheita muito melhor. “As perspetivas são positivas, para os próximos meses, pois o mercado deve começar a estabilizar e a normalidade deve ser restaurada, à medida que a nova safra avança e a oferta aumenta”, dizia Miguel Ángel Guzmán, diretor de vendas da Deoleo, à CNBC, acrescentando que a crise não acabou, totalmente, pois ainda havia tensão em alguns preços do azeite de alta qualidade, como o extra virgem.
A empresa esperava que os preços caíssem para metade dos níveis históricos registados, no início de 2024. “O abrandamento dos preços, na origem, deverá começar entre novembro, dezembro e janeiro, desde que as condições climatéricas e de colheita se mantenham estáveis, nas próximas semanas”, apontava Guzmán, citado pela CNBC.
Entretanto, outros países mediterrânicos enfrentavam perspetivas mistas. A Grécia estava a braços com uma seca prolongada, o que afastava as esperanças de uma colheita robusta. A Turquia, que se tornou o segundo maior produtor de azeite do Mundo, em 2023, estimava uma colheita recorde de 475 mil toneladas de azeite.
Em Portugal, passa-se algo inexplicável, à primeira vista, depois de o preço ter disparado e ter vindo a recuar, desde maio de 2024, o preço do azeite virgem extra voltou a subir. A DECO dizia que uma garrafa de 75 cl estava, novamente, acima dos nove euros, quando, há três anos, a mesma garrafa custava menos de cinco euros.
De 31 de março a 6 de abril, prosseguiu a campanha de
comercialização de azeite 2024/25 nas áreas de mercado – Alentejo, Ribatejo,
Beira Interior, Beira Litoral e Trás-os-Montes – com subida da cotação média de
azeite virgem engarrafado. Registaram-se cotações de azeite virgem e virgem
extra a granel, no Alentejo Sul e no Alentejo Norte. Na área de comercialização
de Trás-os-Montes, as transações de azeite virgem e virgem extra voltaram a
diminuir. O mercado apresenta uma oferta de média a alta, para uma procura de
baixa a média. Nesta campanha, o azeite carateriza-se como médio a bom, em
relação à sua qualidade. De acordo com as últimas estimativas do Instituto Nacional
de Estatística (INE), perspetiva-se um aumento na produção de azeite em 10%, em
relação à campanha anterior, atingindo cerca de 177 mil toneladas.
Como se explica o preço a subir, a
par do aumento de produção? Só pela captura da produção pelo império dos fundos
de investimento focados no lucro, desligados do território.
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A construção da barragem inundou 25
mil hectares de terra, destruindo ecossistemas e submergindo a aldeia da Luz,
bem como dezenas de sítios arqueológicos. Mais de um milhão de árvores foram
abatidas. Algumas árvores foram transplantadas, antes da inundação e adornam
jardins e praças em todo o Alentejo, constituindo os últimos vestígios da
paisagem desaparecida.Para Susana Sassetti, diretora da Olivum, associação que representa os produtores de azeitona com cerca de 50 mil hectares de olival, foi graças à barragem do Alqueva que Portugal se tornou um dos maiores exportadores mundiais de azeite. Efetivamente, desde que a barragem entrou em funcionamento, em 2002, as exportações de azeite aumentaram 12 vezes, em volume, e 18 vezes, em valor, atingindo cerca de 900 milhões de euros, por ano. De facto, a intensificação da produção de azeite foi impulsionada pelos incentivos da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE) e por um aumento global da procura de azeite. De 2007 a 2020, o setor olivícola português recebeu mais de mil milhões de euros em subsídios agrícolas.
José Pedro Salema, presidente da EDIA, afirma que a barragem tem um importante papel estratégico na garantia do abastecimento de água à região, tendo criado emprego e atraído investimento, mas as plantações intensivas altamente mecanizadas dependem, maioritariamente, de mão-de-obra migrante sazonal e mal paga.
Por outro lado, a barragem não travou o despovoamento rural. Entre 2011 e 2021, o Alentejo perdeu mais de 52 mil habitantes, o maior declínio populacional em Portugal. Compreende-se o facto, pois, se a barragem possibilitou a irrigação de extensas zonas, os pequenos agricultores, que têm dificuldade em aceder aos meios que viabilizam a intensa monocultura, não se sentem motivados a permanecer ali; e os trabalhadores rurais em regime de permanência, regra geral, são dispensados, devido à utilização da maquinaria, incluindo os robôs. E o trabalho sazonal, mercê do êxodo populacional, é assegurado por mão-de-obra migrante sazonal e mal paga.
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Embora o sistema de irrigação do
Alqueva e as plantações intensivas de olival tenham sido muito rentáveis, para
os investidores, a curto prazo, são crescentes as preocupações sobre os custos
ambientais. Nestes termos, cientistas e ambientalistas alertam para o facto de
a olivicultura intensiva, no Sul do país, estar a transformar uma paisagem
outrora diversificada em monótonas fileiras de plantações intensivas, danificando
os ecossistemas e contaminando a água e o solo com agroquímicos.De acordo com Teresa Pinto Correia, professora catedrática da Universidade de Évora – especialista em paisagens rurais, diretora do MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura Ambiente e Desenvolvimento, coordenadora do Laboratório Associado CHANGE – Instituto para a Mudança Global e Sustentabilidade, e vice-presidente da Mission Board on Soil Health and Food, do Horizon Europe – os investimentos públicos na barragem de Alqueva beneficiaram, sobretudo, um pequeno grupo de grandes empresas e investidores estrangeiros, do que resultou uma concentração fundiária e a uma distribuição desigual da água a preços artificialmente baixos.
“O preço da água deveria ter em conta as infraestruturas, que incluem, não só os custos de construção da barragem, mas também os canais de irrigação, o transporte da água e a eletricidade necessária para bombear a água a longas distâncias e para altitudes mais elevadas, o que é muito caro”, explica a especialista, frisando que isso não se reflete no preço pago pelos utilizadores.
A barragem representa o maior investimento público feito na agricultura na História Moderna de Portugal, com o custo de 2,5 mil milhões de euros. A EDIA pretende expandir o regadio para mais 470 quilómetros quadrados, projeto financiado também com fundos públicos. “Muitas das empresas [que utilizam a água de Alqueva] são fundos de investimento focados no lucro e completamente desligados do território. Não estão a pensar em passar um futuro sustentável para as próximas gerações”, considera a também eurocientista, preocupada com o facto de estes lucros estarem a ser obtidos à custa dos recursos naturais, com pouca fiscalização e regulamentação.
A ZERO, uma das principais organizações ambientais em Portugal, condenou a expansão descontrolada das monoculturas no Alentejo.
Pedro Horta, responsável político da ZERO, documentou muitas violações e infrações ambientais, incluindo a destruição de redes de água vitais, danos em áreas protegidas e habitats prioritários, bem como práticas agrícolas prejudiciais causadoras da erosão e da degradação dos solos. “Dada a escala da transformação da paisagem, podemos chamar a isto um ecocídio”, sustenta o ambientalista, salientando que as plantações superintensivas levaram a uma perda significativa de biodiversidade e à destruição do ambiente.
Um relatório da EDIA concluiu que as plantações intensivas de sebes suportam só metade do número de espécies encontradas nos olivais tradicionais. E um estudo de uma equipa de investigadores de diferentes universidades portuguesas, mostra como a expansão de sistemas agrícolas superintensivas está a reduzir, drasticamente, a diversidade e a diminuir as comunidades de aves nos olivais mediterrânicos.
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Tudo isto é concomitante com o efeito
das alterações climáticas, que estão a agravar o stresse hídrico. Para muitos,
a atual trajetória é insustentável, numa região cada vez mais afetada por secas e
por fenómenos meteorológicos extremos. Um estudo da empresa de consultoria
Agrogés prevê que as alterações climáticas aumentarão a procura de água para os
olivais irrigados, entre 5% e 21%, enquanto as entradas médias anuais na
albufeira de Alqueva deverão diminuir entre 5% e 10%, até 2050. Assim, como
prevê Pinto Correia, “não vamos ter água suficiente”.Depois, é de ter em conta que a simplificação dos ecossistemas em paisagens homogéneas torna a região ainda mais vulnerável, em relação às alterações climáticas.
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Em
todo o caso, segundo a empresa espanhola Deoleo, um dos períodos mais difíceis
para o setor do azeite está a chegar ao fim e fará com que os preços desçam
para metade do seu máximo histórico. Na verdade, em meados de novembro de 2024,
o maior produtor mundial de azeite previa um alívio dos preços, para os meses subsequentes,
depois de o setor haver registado valores recorde, no início desse ano, devido
ao impacto da seca relacionada com as alterações climáticas, na fase da
colheita, e às elevadas taxas de juro e inflação, na cadeia de valor.Na UE, os preços do azeite haviam subido 50%, em janeiro de 2024, em termos anuais; e, no Reino Unido, aumentaram 150%, em comparação com o final de 2021. Em Espanha, onde se encontra quase metade da produção mundial de azeite, dois anos consecutivos de seca haviam limitado as colheitas de azeitona, provocando aumento dos preços, a nível mundial.
A Deoleo, fabricante de marcas de azeite domésticas como Bertolli e Carbonell, esperava, neste ano, uma colheita muito melhor. “As perspetivas são positivas, para os próximos meses, pois o mercado deve começar a estabilizar e a normalidade deve ser restaurada, à medida que a nova safra avança e a oferta aumenta”, dizia Miguel Ángel Guzmán, diretor de vendas da Deoleo, à CNBC, acrescentando que a crise não acabou, totalmente, pois ainda havia tensão em alguns preços do azeite de alta qualidade, como o extra virgem.
A empresa esperava que os preços caíssem para metade dos níveis históricos registados, no início de 2024. “O abrandamento dos preços, na origem, deverá começar entre novembro, dezembro e janeiro, desde que as condições climatéricas e de colheita se mantenham estáveis, nas próximas semanas”, apontava Guzmán, citado pela CNBC.
Entretanto, outros países mediterrânicos enfrentavam perspetivas mistas. A Grécia estava a braços com uma seca prolongada, o que afastava as esperanças de uma colheita robusta. A Turquia, que se tornou o segundo maior produtor de azeite do Mundo, em 2023, estimava uma colheita recorde de 475 mil toneladas de azeite.
Em Portugal, passa-se algo inexplicável, à primeira vista, depois de o preço ter disparado e ter vindo a recuar, desde maio de 2024, o preço do azeite virgem extra voltou a subir. A DECO dizia que uma garrafa de 75 cl estava, novamente, acima dos nove euros, quando, há três anos, a mesma garrafa custava menos de cinco euros.
2025.04.15 – Louro de Carvalho
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