O
Secretariado Nacional da Pastoral Social (SNPS), em diálogo com a Cáritas
Portuguesa, organizou, de 14 a 18 de novembro, uma Peregrinação Jubilar a Roma
e a Assis, por ocasião do Jubileu dos Pobres, acompanhada por D. Roberto
Rosmaninho Mariz, membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade
Humana.
“A ideia era de que alguns dos responsáveis diocesanos – dos Secretariados da Pastoral Social e/ou das Cáritas Diocesanas, bem como participantes habituais dos Encontros da Pastoral Social realizados, anualmente, em Fátima – pudessem acompanhar os verdadeiros protagonistas deste jubileu: os Pobres”, lia-se numa nota enviada à agência Ecclesia, a 1 de abril.
“A ideia era de que alguns dos responsáveis diocesanos – dos Secretariados da Pastoral Social e/ou das Cáritas Diocesanas, bem como participantes habituais dos Encontros da Pastoral Social realizados, anualmente, em Fátima – pudessem acompanhar os verdadeiros protagonistas deste jubileu: os Pobres”, lia-se numa nota enviada à agência Ecclesia, a 1 de abril.
Além
dos pobres e dos seus acompanhantes enquadrados pelo SNPS, também a Família
Vicentina de Portugal se dirigiu a Roma para o Jubileu dos Pobres, uma
iniciativa do Conselho Superior de Portugal da Sociedade de São Vicente de
Paulo, vivendo dias de profunda intensidade espiritual que tocam o coração. Ficou
particularmente emocionada, após a participação na Eucaristia do Dia Mundial
dos Pobres, celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. E a homilia papal
deixou marca indelével em todos, pelo apelo firme dirigido aos governantes,
para que se comprometam verdadeiramente com o bem comum, e pela gratidão
expressa a todos os que dedicam a vida a combater um dos desafios mais urgentes
do nosso tempo: a solidão.
Foram,
igualmente, destacados temas, como a justiça social, o bem comum e a exclusão
digital – questões que se entrelaçam com a missão vicentina e que reforçam a
pertinência do serviço realizado, diariamente, junto dos mais vulneráveis.
A
peregrinação tem sido vivida como um autêntico dom: um caminho marcado pela fé,
pelo encontro e pela partilha. Apesar do cansaço – inevitável numa Roma repleta
de peregrinos –, o espírito permanece firme, luminoso e cheio de esperança. E
espera-se que “esta experiência continue a fortalecer o coração de todos os que
servem com humildade e alegria, para que cada gesto de amor se torne semente de
renovação no Mundo.
O
programa do Jubileu dos Pobres, realizado de 14 a 16 de novembro, incluiu
a Vigília da Misericórdia, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, uma
peregrinação à Porta Santa, com possibilidade do Sacramento da Reconciliação, e
um momento de oração mariana na Praça de São Pedro. E culminou com a Santa
Missa presidida pelo Papa Leão XIV, na Basílica de São Pedro e um almoço de
pobres com o Santo Padre na Aula Paulo VI. Foi o IX Dia Mundial dos Pobres,
de acordo com o desejo do falecido Papa Francisco.
***
Na
homilia, o Sumo Pontífice, comentando os textos da Liturgia da Palavra do 33.º domingo
do Tempo Comum no Ano C, frisou o imperativo de olharmos para a “História nos
seus desfechos finais”. Na verdade, o profeta Malaquias vislumbra, na chegada
do Dia do Senhor, a entrada num novo tempo, o tempo de Deus, em que, como o
amanhecer que faz surgir o Sol de justiça, as esperanças dos pobres e dos
humildes receberão do Senhor resposta definitiva, e serão queimadas como palha,
as obras dos ímpios e a sua injustiça contra os indefesos e contra os pobres.
O Sol de justiça é Jesus. E o dia do Senhor é o último dia da História e já é o Reino que se aproxima de cada homem no Filho de Deus que vem e que Jesus anuncia e inaugura. É o senhorio de Deus presente nos acontecimentos dramáticos da História, que não assustam os discípulos, mas os tornam mais perseverantes no testemunho e cônscios de que a promessa de Jesus é sempre viva e fiel: “Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça” (Lc 21,18).
O Sol de justiça é Jesus. E o dia do Senhor é o último dia da História e já é o Reino que se aproxima de cada homem no Filho de Deus que vem e que Jesus anuncia e inaugura. É o senhorio de Deus presente nos acontecimentos dramáticos da História, que não assustam os discípulos, mas os tornam mais perseverantes no testemunho e cônscios de que a promessa de Jesus é sempre viva e fiel: “Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça” (Lc 21,18).
Esta
é a nossa esperança ante as vicissitudes, nem sempre, felizes da vida. E “a
Igreja prossegue a sua peregrinação nas perseguições do Mundo e das consolações
de Deus, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha”. Deus não nos
deixa sozinhos nas perseguições, nos sofrimentos, nas dificuldades e nas
opressões da vida e da sociedade. Antes, “manifesta-Se como Aquele que toma
partido por nós” e “está sempre do lado dos mais frágeis, dos órfãos, dos
estrangeiros e das viúvas”. E a proximidade de Deus atinge o ápice do amor em
seu filho: por isso, a presença e a palavra de Cristo tornam-se júbilo e
jubileu para os mais necessitados, pois Ele veio para anunciar aos pobres a boa
nova e proclamar o ano da graça do Senhor.
Neste
ano de graça e no Jubileu dos Pobres, com este Dia Mundial, a Igreja exulta e
alegra-se; e o Papa transmitiu, com força, as palavras irrevogáveis de Jesus: “Dilexi
te – Eu amei-te” (Ap 3,9). E a sua Igreja, especialmente,
neste tempo tão ferido por antigas e novas pobrezas, quer ser “mãe dos pobres,
lugar de acolhimento e justiça”.
Entre
as pobrezas que oprimem o nosso Mundo, Leão XIV destacou as pobrezas materiais,
mas também apontou as inúmeras situações morais e espirituais, que afetam,
sobretudo, os mais jovens, bem como o drama da solidão que as atravessa e que
nos desafia a olhar para a pobreza, de forma integral, pois, embora seja
necessário responder às necessidades urgentes, “é uma cultura da atenção que
devemos desenvolver, juntos, para a quebra do muro da solidão”, o que nos leva
a estar atentos a cada um, onde estamos e onde vivemos, transmitindo essa
atitude na família, nos locais de trabalho e de estudo, nas diferentes
comunidades, no mundo digital, em toda parte, “indo até aos confins e
tornando-nos testemunhas da ternura de Deus”.
Sustenta
o Pontífice que o nosso estado de impotência é confirmado pelos cenários de
guerra presentes em várias regiões do Mundo e que a globalização dessa
impotência nasce da mentirosa crença de que a História não pode mudar. Ao
invés, o Evangelho diz-nos que é nas grandes perturbações da História que o
Senhor nos vem salvar. A comunidade cristã deve ser sinal vivo dessa salvação
no meio dos pobres. Com efeito, “a pobreza interpela os cristãos e todos os que
têm funções de responsabilidade na sociedade”.
Por
isso, o bispo de Roma exorta os responsáveis das nações a ouvirem o clamor dos
mais pobres. Não haverá paz, sem justiça, e os pobres recordam-no-lo de muitas
formas, entre as quais, sobressaem a migração e o grito muitas vezes abafado
pelo mito do bem-estar e do progresso que “esquece muitas criaturas,
abandonando-as ao seu destino”. Simultaneamente, agradece a dedicação dos
agentes da caridade, dos voluntários e de todos os que aliviam as condições dos
pobres, e encoraja-os “a terem cada vez mais consciência crítica na sociedade”,
visto que a questão dos pobres remete ao essencial da fé. Com efeito, eles são
a própria carne de Cristo e não uma categoria sociológica. E “a Igreja, como
mãe, caminha com os que caminham. Onde o Mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde
se erguem muros, ela constrói pontes.”
Como
escreve Paulo aos Tessalonicenses (cf 2Ts 3,6-13), enquanto
aguardamos a gloriosa vinda do Senhor, não devemos viver voltados para nós
mesmos e no intimismo religioso traduzido no descompromisso para com os outros
e a com a História. Efetivamente, a busca do Reino de Deus implica o desejo de
transformar a convivência humana num espaço de fraternidade e de dignidade para
todos. Está sempre à espreita o perigo de viver como viajantes distraídos,
indiferentes ao destino final e desinteressados dos que partilham o caminho connosco.
Por isso, devemos deixar-nos inspirar pelo testemunho dos santos e das santas
que serviram Cristo, nos mais necessitados, e O seguiram na estrada da pequenez
e do despojamento. E o Papa, enquanto aponta o exemplo de São Bento José Labre,
cuja vida de “vagabundo de Deus” tem as caraterísticas para ser o padroeiro dos
pobres sem-abrigo, pede à Virgem Maria, que, no Magnificat, nos
recorda “as escolhas de Deus e se faz voz dos que não têm voz, nos ajude a
entrar na nova lógica do Reino, para que, na nossa vida de cristãos, esteja
sempre presente o amor de Deus que acolhe, perdoa, cuida das feridas, consola e
cura”.
***
No
início do almoço com os pobres, na Sala Paulo VI, Leão XIV, fez um curto
improviso, em vincou a grande alegria de “nos reunimos nesta tarde para o
almoço, no Dia [dos pobres] tão desejado pelo nosso, meu, amado predecessor,
Papa Francisco”. Tais palavras concitaram uma salva de palmas para o Papa
Francisco.
O Santo Padre disse que o almoço foi oferecido pela Providência e pela generosidade da Comunidade de São Vicente, os Vicentinos, a quem agradeceu. Lembrou que se tratava do aniversário, ou seja, “são 400 anos, desde o nascimento do seu fundador”. Anunciou que os Vicentinos acompanhariam o almoço, servindo à mesa. E fez votos por muitas felicidades a todos, sacerdotes, religiosas e voluntários leigos que trabalham em todo o Mundo, “ajudando tantas pessoas pobres e outras que vivem diferentes necessidades”. E, agradecendo, clamou: “Neste dia estamos realmente, verdadeiramente, cheios deste espírito de ação de graças, de gratidão!”
O Santo Padre disse que o almoço foi oferecido pela Providência e pela generosidade da Comunidade de São Vicente, os Vicentinos, a quem agradeceu. Lembrou que se tratava do aniversário, ou seja, “são 400 anos, desde o nascimento do seu fundador”. Anunciou que os Vicentinos acompanhariam o almoço, servindo à mesa. E fez votos por muitas felicidades a todos, sacerdotes, religiosas e voluntários leigos que trabalham em todo o Mundo, “ajudando tantas pessoas pobres e outras que vivem diferentes necessidades”. E, agradecendo, clamou: “Neste dia estamos realmente, verdadeiramente, cheios deste espírito de ação de graças, de gratidão!”
Depois,
exortou: “Agora peçamos ao Senhor que abençoe os dons que receberemos, que
abençoe a vida de cada um de nós aqui presentes, os nossos entes queridos, os
familiares, as pessoas que tanto se prodigalizaram para nos acompanhar.
Concedamos também a bênção do Senhor a tantas pessoas que sofrem por causa da
violência, da guerra e da fome; e que hoje possamos celebrar esta festa em
espírito de fraternidade!”
E
rezou: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém! Abençoai-nos,
Senhor, bem como a estas dádivas que recebemos da vossa Providência. Abençoai a
nossa vida, a nossa fraternidade! Ajudai todos nós a caminharmos sempre unidos
no vosso amor. Pedimos-vos isto em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém!”
***
Antes
da recitação do Angelus, o Papa referiu que, no términus do Ano
Litúrgico, o Evangelho dominical (Lc 21,5-19) suscita a reflexão
sobre as tribulações da História e sobre o fim das coisas. Jesus, olhando estes
acontecimentos, convida-nos nada a não nos deixarmos vencer pelo medo: “Quando
ouvirdes falar de guerras e revoltas – diz Ele –, não vos alarmeis.”
Evocando as diárias notícias de conflitos, de calamidades e de perseguições que atormentam milhões de homens e mulheres, o Santo Padre considera que, tanto ante as aflições como ante a indiferença que as ignora, Jesus anuncia que a agressão do mal não pode destruir a esperança dos que n’Ele confiam. Quanto mais escura é a hora, mais a fé brilha como o sol.
Evocando as diárias notícias de conflitos, de calamidades e de perseguições que atormentam milhões de homens e mulheres, o Santo Padre considera que, tanto ante as aflições como ante a indiferença que as ignora, Jesus anuncia que a agressão do mal não pode destruir a esperança dos que n’Ele confiam. Quanto mais escura é a hora, mais a fé brilha como o sol.
Efetivamente,
Cristo afirma, por duas vezes, que, “por causa do seu nome”, muitos sofrerão
violência e traição, mas terão a ocasião de dar testemunho. Seguindo o Mestre,
que revelou, na cruz, a imensidão do seu amor, esse encorajamento diz respeito
a todos nós. Com efeito, a perseguição aos cristãos não acontece apenas com
armas e maus-tratos, mas também com as palavras, ou seja, através da mentira e
da manipulação ideológica. Sobretudo quando oprimidos por esses males físicos e
morais, somos chamados a testemunhar a verdade que salva o Mundo, a justiça que
liberta os povos, da esperança que indica a todos o caminho da paz.
Em
estilo profético, Jesus atesta que os desastres e as dores da História têm um
fim, ao passo que a alegria dos que reconhecem n’Ele o Salvador durará para
sempre. “Pela vossa constância é que sereis salvos.” Esta promessa infunde-nos
a força para resistir a todas as ofensas e aos acontecimentos ameaçadores da História;
não ficamos impotentes ante a dor, porque Ele nos dá “palavras de sabedoria”,
para praticarmos o bem com coração ardente.
Recordou
o Papa que, ao longo da História da Igreja, são, principalmente, os mártires
que nos lembram que a graça de Deus é capaz de transfigurar até a violência em
sinal de redenção. Por isso, unindo-nos aos irmãos e irmãs que sofrem pelo nome
de Jesus, procuremos com confiança a intercessão de Maria, auxílio dos
cristãos.
Após
a recitação do Angelus, o Papa relevou que os
cristãos sofrem discriminações e perseguições em várias partes do Mundo. Pensou
no Bangladesh, na Nigéria, em Moçambique, no Sudão e em outros países, dos
quais há notícias de ataques a comunidades e locais de culto. Ora, “Deus é Pai
misericordioso e quer a paz entre todos os seus filhos!” Disse acompanhar, com
a oração, as famílias de Quivu, na República Democrática do Congo, onde houve
um massacre de civis, fruto de um ataque terrorista; e incitou à oração, “para
que cesse toda a violência e os crentes colaborem pelo bem comum”. Disse acompanhar,
com dor, as notícias dos ataques que atingem várias cidades ucranianas, pois “tais
eventos causam vítimas e feridos, incluindo crianças, e danos significativos às
infraestruturas civis, deixando famílias sem casa, enquanto o frio aumenta”.
Assegurou a sua proximidade à população tão duramente atormentada, porfia que “não
podemos habituar-nos à guerra e à destruição”, E apelou à oração “por uma paz
justa e estável na Ucrânia”.
Garantiu
a oração pelas vítimas do acidente rodoviário de 12 de novembro, no Sul do Peru,
pedindo que o Senhor acolha os falecidos, sustente os feridos e conforte as
famílias em luto.
Evocou
a beatificação, em Bari, no dia 15, do sacerdote diocesano Carmelo de Palma,
falecido em 1961, após uma vida de generosidade no ministério da Confissão e do
acompanhamento espiritual, fazendo votos por que “o seu testemunho impulsione
os sacerdotes a doarem-se sem reservas ao serviço do santo povo de Deus”.
Em Dia
Mundial dos Pobres, agradeceu a todos os que, nas dioceses e nas paróquias,
promoveram iniciativas de solidariedade com os mais desfavorecidos. E, neste
Dia Mundial, idealmente, entregou, de novo, a Exortação Apostólica Dilexi
te, “Eu te amei”, sobre o amor para com os pobres, documento que o Papa
Francisco estava a preparar nos últimos meses de vida e que, com grande
alegria, Leão XIV concluiu.
Recordou
todos os que morreram em acidentes rodoviários, com demasiada frequência
causados por comportamentos irresponsáveis e pediu a cada um o exame de
consciência a esse respeito.
Associou-se
à Igreja na Itália, que, mais uma vez, recordou o Dia de oração pelas
vítimas e pelos sobreviventes de abusos, “para que cresça a cultura do respeito
como garantia da proteção da dignidade de cada pessoa, especialmente dos
menores e dos mais vulneráveis”.
Por
fim, saudou os romanos e os peregrinos da Itália e de muitas partes do Mundo,
em particular, os fiéis de Bar, no Montenegro; de Valência, na Espanha; de Syros,
na Grécia; de Porto Rico; de Sófia, na Bulgária; de Bismarck, nos Estados
Unidos da América (EUA); os estudantes da Catholic Theological Union, de
Chicago; e o Coro “Eintracht Nentershausen”, da Alemanha.
Saudou
os peregrinos polacos, recordando o aniversário da Mensagem de reconciliação
dirigida aos bispos alemães pelos bispos polacos, após a II Guerra Mundial; e saudou
os Vicentinos e os grupos de Lurago d’Erba, de Coiano, de Cusago, de Paderno
Dugnano e de Borno.
***
“O
Jubileu dos Pobres marca uma mudança de ver os pobres como recetores passivos
da caridade para os reconhecer como agentes ativos e centrais da evangelização
e da esperança na Igreja. Eleva este mandato de princípio geral a tema central
e organizador. Coloca as periferias no centro da celebração da Igreja. Desafia a
visão passiva dos pobres como recetores de ajuda. Apresenta-os como agentes ativos
de evangelização e testemunhas primárias da esperança, cuja fé e resiliência
oferecem uma lição crucial ao Mundo consumido pelo materialismo. Esse foco
garante que o Jubileu permaneça fundamentado na vida e nos ensinamentos de
Jesus.”
2025.11.17 - Louro de Carvalho
2025.11.17 - Louro de Carvalho
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