De
acordo com o respetivo comunicado, decorreu, de 10 a 13 de novembro, em Fátima
a 212.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Além dos
seus membros, estiveram, como convidados, o encarregado de negócios da
Nunciatura Apostólica, o presidente e a vice-presidente da Conferência dos
Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e a recém-eleita presidente da
Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP).
Os participantes analisaram a pastoral vocacional, a formação nos seminários, a inserção dos padres nas dioceses e a sua formação permanente. Num Mundo em mudança, com uma realidade, social e culturalmente complexa “é necessário despertar vocações no seio das comunidades, aprofundar os modelos de formação e preparar padres que cuidem das relações humanas e da vida interior, superem as dificuldades, deem testemunho de uma vocação feliz e sejam capazes de responder aos desafios deste tempo, para irem ao encontro do Povo de Deus numa Igreja que se deseja sinodal e missionária”. A Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios dará continuidade à reflexão com propostas comuns, consoante a realidade das dioceses.
Os participantes analisaram a pastoral vocacional, a formação nos seminários, a inserção dos padres nas dioceses e a sua formação permanente. Num Mundo em mudança, com uma realidade, social e culturalmente complexa “é necessário despertar vocações no seio das comunidades, aprofundar os modelos de formação e preparar padres que cuidem das relações humanas e da vida interior, superem as dificuldades, deem testemunho de uma vocação feliz e sejam capazes de responder aos desafios deste tempo, para irem ao encontro do Povo de Deus numa Igreja que se deseja sinodal e missionária”. A Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios dará continuidade à reflexão com propostas comuns, consoante a realidade das dioceses.
Esteve
em análise a Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, nomeadamente, no respeitante
ao processo de compensações financeiras em curso, tendo sido aprovada a fórmula
de constituição do fundo solidário para pagamento das compensações: 50% suportado
pela CEP e o restante 50% dividido pelas Dioceses e pelos Institutos de Vida
Consagrada. Não se trata de processo jurídico, mas de gesto de solidariedade da
Igreja em Portugal, em comunhão com o sofrimento das vítimas e que se insere no
caminho que tem vindo a ser percorrido. A Comissão de Fixação da Compensação
está a analisar os pareceres das Comissões de Instrução. Ao invés que tem sido
veiculado por alguns órgãos de comunicação social, ainda não há indicação de
valor a entregar a cada uma das vítimas que fez o pedido. Porém, a CEP reafirma
o compromisso de tudo fazer para garantir uma Igreja segura e para evitar situações
de abuso, e renova o agradecimento às estruturas nacionais e diocesanas que
acolhem e acompanham as vítimas, encaminham adequadamente as denúncias e atuam
na formação para a prevenção, proteção e cuidado.
A
importância do Ordinariato Castrense para a missão da Igreja e a sua
realidade pastoral e institucional foram temas em reflexão, em resultado de
consulta aos capelães e aos colaboradores do Ordinariato. A Igreja, pelo
Ordinariato Castrense de Portugal, reafirma que a fé cristã não se afasta do
espaço público. Enviada ao coração das Forças Armadas e das Forças de
Segurança, torna-se presença viva de Cristo no meio dos que servem e protegem o
bem comum, sustentando-os com a luz do Evangelho e com a força da esperança.
A
Assembleia destacou os tempos desafiantes que se vivem em Portugal, com
tensões políticas, com desigualdades sociais e com erosão da confiança nas
instituições, que apelam ao exercício de uma cidadania responsável, à
redescoberta da dignidade humana e do valor do bem comum. Concretamente,
o aumento do número de migrantes no país interpela a capacidade de
integração e de acolhimento. Por isso, reconhecendo a necessidade de resposta
concertada de todas as realidades eclesiais que trabalham nesta área, ficou
agendado para 15 de novembro um “Fórum Migrações” e reafirmou-se que o diálogo
ecuménico e inter-religioso se apresenta, também neste âmbito, como
caminho de esperança e fraternidade.
Tendo
presente o sofrimento causado pelas guerras, conflitos e perseguições, por
motivos de fé, que grassam na Europa e no Mundo, a CEP exorta os fiéis a rezarem
por uma paz “desarmada e desarmante”, segundo o apelo de Leão XIV, e
lembra, na oração, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30),
para que os líderes mundiais encontrem consensos, na procura de resposta às
urgências climáticas, recordando o apelo do Papa Francisco ao cuidado da Casa
Comum e à conversão ecológica proposta pela Laudato Si’.
No
atinente ao processo sinodal em curso, a CEP reforça a importância de
implementar o Documento Final da XVI da Assembleia Geral do Sínodo no seio das
comunidades, seguindo as pistas da Secretaria Geral do Sínodo para a fase de
receção sinodal, já que é na vida das Igrejas locais que se experimentam novas
práticas e estruturas para concretizar as decisões tomadas, envolvendo todos os
membros, rumo à Assembleia Eclesial de 2028. Como parte importante da via de
escuta do Espírito, da conversão das relações e da corresponsabilidade dos
batizados, foi reforçada a relevância do II Encontro Sinodal Nacional, agendado
para 10 de janeiro de 2026, no qual participarão os bispos, as equipas sinodais
e outros organismos diocesanos.
Foi
também aprovada a reorganização das Comissões Episcopais, tendo em
perspetiva as eleições destes organismos, em abril do próximo ano, tomando as
seguintes decisões:
*
A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana passa a duas
Comissões: “Comissão Episcopal da Pastoral Social” e “Comissão Episcopal da
Mobilidade Humana”;
*
A Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais passa a
duas Comissões: “Comissão Episcopal da Cultura e Bens Culturais” e “Comissão
Episcopal das Comunicações Sociais”;
*
A Comissão Episcopal do Laicado e Família passa a ser designada como “Comissão
Episcopal do Laicado, Família e Vida”.
Na
sequência dos Estatutos aprovados, foi recebida a Comissão Transitória do CHARIS (Serviço
Comum de todas as realidades do Renovamento Carismático Católico), para
refletir sobre a comunhão das diferentes realidades carismáticas na Igreja, em
Portugal, a caminho da próxima Assembleia eletiva do Pentecostes, em 2026.
A
Assembleia nomeou para o próximo triénio: o padre Francisco António
Clemente Ruivo, da Diocese de Santarém, como coordenador do Serviço Nacional da
Pastoral dos Idosos; o padre José Carlos Teixeira Ribeiro, da Diocese do Porto,
como assistente nacional dos Convívios Fraternos; o irmão Teófilo Minga
go(Marista), como assistente religioso da Confederação Portuguesa dos Antigos
Alunos do Ensino Católico (COPAAEC); o padre Hélder Reinaldo Abreu Gonçalves, da
Diocese do Funchal, como assistente nacional da Ação Católica Rural (ACR); o padre
José Gil de Borja Pinheiro Ribeiro, da Diocese
de Setúbal, como diretor da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde; o padre
Miguel Maria Sousa Rego de Cabedo e Vasconcelos, do Patriarcado de Lisboa, como
assistente nacional das Equipas Jovens de Nossa Senhora (EJNS); e o padre
Fernando Rodrigues de Carvalho, da Diocese de Coimbra, como assistente nacional
do Movimento Esperança e Vida (MEV).
Foi
aprovado o orçamento do Secretariado Geral da CEP para 2026 e acolhidas informações,
comunicações e programações da Presidência, das Comissões Episcopais e dos
Delegados da CEP, bem como de outros organismos eclesiais. E a CEP propôs possíveis
temáticas a abordar nas próximas Jornadas Pastorais do Episcopado (15
a 17 de junho de 2026).
***
No
discurso de Abertura, a 10 de novembro, do presidente da CEP, D. José Ornelas, emergem,
à cabeça, várias saudações e a comunhão com as Dioceses de Santarém e de Setúbal,
que estão a celebrar 50 anos de existência, pedindo que o Senhor continue a
abençoar os seus Pastores e todo o povo de Deus que peregrina nestas Igrejas
locais.
Salientou a alegria pela eleição de Leão XIV, a 8 de maio, que sucede a Francisco como Bispo de Roma e como 267.º Sumo Pontífice da Igreja Universal. Nesse sentido, a CEP dá graças pelo Pastor que Deus enviou à Igreja e manifesta a comunhão e a fidelidade para com o sucessor de Pedro, rezando para que o Espírito de Deus o fortaleça e convidando todos os fiéis a unirem-se em oração pelos desafios do ministério petrino na Igreja e no Mundo. E, confiando a Nossa Senhora de Fátima e à sua materna intercessão o ministério de Leão XIV, deseja que continue um trabalho pastoral fecundo, na condução do Povo de Deus, na edificação da unidade na diversidade do que somos e na persecução do caminho sinodal para uma Igreja renovada e missionária, ao lado dos migrantes, dos pobres, dos mais frágeis e dos marginalizados.
Salientou a alegria pela eleição de Leão XIV, a 8 de maio, que sucede a Francisco como Bispo de Roma e como 267.º Sumo Pontífice da Igreja Universal. Nesse sentido, a CEP dá graças pelo Pastor que Deus enviou à Igreja e manifesta a comunhão e a fidelidade para com o sucessor de Pedro, rezando para que o Espírito de Deus o fortaleça e convidando todos os fiéis a unirem-se em oração pelos desafios do ministério petrino na Igreja e no Mundo. E, confiando a Nossa Senhora de Fátima e à sua materna intercessão o ministério de Leão XIV, deseja que continue um trabalho pastoral fecundo, na condução do Povo de Deus, na edificação da unidade na diversidade do que somos e na persecução do caminho sinodal para uma Igreja renovada e missionária, ao lado dos migrantes, dos pobres, dos mais frágeis e dos marginalizados.
O
Sínodo sobre a Sinodalidade insta à escuta do Espírito e à conversão das
relações para uma Igreja que, caminhando junta no discernimento do que Deus
aponta e na corresponsabilidade de todos os batizados, se torna mais fiel à sua
missão de anunciar o Evangelho. É à luz deste processo sinodal, iluminados pela
reflexão das últimas Jornadas Pastorais do Episcopado com propostas concretas
que apontam para uma conversão institucional, que analisaremos a reorganização
das Comissões Episcopais e de outros organismos da CEP.
D.
José Ornelas aludiu à proteção de menores e adultos vulneráveis, como um
caminho de conversão exigente e necessário que temos vindo a percorrer, na
Igreja em Portugal, em comunhão com as orientações dos últimos papas e
reafirmadas por Leão XIV. Isso mesmo o confirma “o Relatório Anual sobre
políticas e procedimentos da Igreja em matéria de proteção referente ao
ano de 2024, publicado pela Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores,
que apresentou desafios e orientações concretas sobre a ação de toda a Igreja,
nomeadamente, em Portugal, que analisamos com atenção para integrar no caminho
que estamos a percorrer”.
Apesar
do muito trabalho ainda a fazer, para garantir uma Igreja cada vez mais segura,
a transparência, proteção e cuidado dos mais frágeis tornam-se numa cultura
permanente. E a CEP continuará no acolhimento às vítimas, no encaminhamento adequado
das denúncias, na reparação possível das feridas infligidas e na formação para
a prevenção nos diferentes contextos do tecido eclesial. E, com o processo de
compensações financeiras, procura-se garantir às vítimas uma reparação
extrajudicial equitativa.
Sobre
a situação política e social do país, o presidente da CEP diz que Portugal continua
a enfrentar diversos desafios do ponto de vista social. Assim, as dificuldades
económicas de muitas famílias, as desigualdades sociais, o difícil acesso à
habitação, a pressão sobre os serviços de saúde e o fenómeno migratório são
alguns dos exemplos, agravados por discursos polarizados e ideologias
extremistas. E vincou: “Vivemos dias em que o medo, a desconfiança e a
agressividade parecem querer ocupar o lugar da razão e do diálogo. Nenhum
projeto humano se pode erguer sobre a divisão, o insulto ou o ódio. A nação só
floresce, quando cada cidadão reconhece no outro um irmão – não um inimigo. A
Igreja convida, por isso, a rejeitar as palavras fáceis que prometem soluções
rápidas, mas que alimentam ressentimentos e destroem pontes. O
caminho cristão é exigente: é o da escuta, da verdade e da fraternidade
concreta.”
Diz
o prelado que, em período de renovação das estruturas democráticas, urge “que
os homens e as mulheres que servem na política busquem mais consensos, se
comprometam verdadeiramente com o bem comum e procurem garantir a paz social,
na dignidade e na justiça”. Ora, cônscios do impacto que traz à sociedade o
aumento do número de migrantes, que interpela a nossa capacidade de acolher e de
integrar, mas que se revela oportunidade para construirmos, juntos, uma
sociedade mais justa, fraterna e solidária, onde ninguém é excluído ou
descartado (o migrante é irmão e não ameaça), a 15 de novembro, realizar-se-á, em
Fátima, um “Fórum Migrações”, para sensibilizar e formar as comunidades para o
fenómeno migratório e para contribuir para a reflexão desta temática, na Igreja
e na sociedade em geral.
No
contexto internacional, disse o prelado fatimita, “vivemos um tempo marcado por
profundas tensões entre nações e uma sucessão de guerras e conflitos que
afligem a Europa e outras regiões do globo”. Porém, são encorajadoras as
notícias que chegam da Faixa de Gaza, com um cessar-fogo, embora instável, a
permitir a chegada de ajuda humanitária à martirizada população do território,
mas que “carece de novas vontades, a nível local e internacional, para
consolidar a paz, na justiça e no direito”.
Referiu
que estes foram temas presentes nos dois encontros eclesiais de nível
internacional que acolhemos em Portugal: a Assembleia Plenária do Conselho das
Conferências Episcopais da Europa (CCEE), em outubro, e o encontro dos bispos das
Igrejas dos países lusófonos, em setembro. Além disso, tema comum nestes encontros
foi o da concretização e consolidação do caminho sinodal da Igreja, a nível
regional, para desenvolver a partilha e a colaboração entre as Igrejas locais:
a nível continental, no caso da Europa, e a nível de afinidades históricas,
culturais e sociais, no contexto lusófono. Em ambos os casos, o tema da paz
esteve bem presente. Foi dada especial atenção à guerra devastadora que assola
o povo da Ucrânia, como desafio que exige a oração e a solidariedade de toda a
Igreja e dos responsáveis mundiais, particularmente, no contexto europeu, para
que obtenha uma solução de paz, na justiça e no direito internacional dos
povos. E, no encontro dos bispos dos países lusófonos a preocupação centrou-se na
situação que martiriza a população da Província de Cabo Delgado, em Moçambique,
com perda de vidas e deslocação forçada de milhares de famílias. A presença do
bispo da Beira, em Moçambique, D. Claudio Dalla Zuanna, na peregrinação de
outubro, em Fátima, assinala a atenção e o empenho da Igreja em Portugal para
pôr fim à guerra e criar condições de dignidade e de justiça para Cabo Delgado
e para todo o país.
O
Jubileu de Esperança testemunha que, num mundo sedento de amor e de misericórdia,
as palavras e ações do Papa têm fortalecido o diálogo inter-religioso e o
diálogo com a sociedade, na construção de pontes ao serviço da
fraternidade e na busca de caminhos de paz e justiça, oferecendo à Humanidade renovadas centelhas
de esperança. E a celebração dos 60 anos da Declaração do Concílio Vaticano II
“Nostra Aetate” sobre a Igreja e as Religiões Não-Cristãs, bem como a aprovação
da nova “Charta Oecumenica”, em Roma, e a assinatura do projeto ECO-Igrejas, em
Lisboa, são sinais de esperança no diálogo ecuménico e inter-religioso.
Na
reta final do período jubilar, às portas do Advento, devemos converter o coração
ao coração de Jesus, para testemunharmos ao Mundo a esperança em Deus que não
tem ocaso.
***
Aos
jornalistas o presidente da CEP disse que os bispos seguem, com muita
atenção, as alterações legislativas à Lei do Trabalho e adiantou que têm realizado
“consultas com a realidade do mundo do trabalho, de sindicatos e de outras
instituições”. Com efeito, este é tema a que têm feito referência,
“constantemente”, e que precisa de ser resolvido, porque, “neste país, há tanta
gente que trabalha, e trabalha de sol a sol, e também nas horas escuras, e que
não é capaz de sustentar a própria família”. Além disso, explicou que os bispos
estão “atentos” ao que se passa no “sistema de saúde, no sistema de educação,
no sistema laboral e, concretamente, também na questão da migração”, onde
tem existido uma preocupação em “contactar os próprios responsáveis, seja
a nível governamental, seja com outras instituições que têm voz neste
campo”.
“Nós aproveitamos este espaço que temos, nesta altura das nossas assembleias, para criar também consensos entre nós e para tratar destes temas, mas temos também outras instituições dentro da Igreja, concretamente, das migrações etc., que são temas importantes, e modos importantes que nós temos de estar presentes também nesta vida social”, frisou D. José Ornelas.
“Nós aproveitamos este espaço que temos, nesta altura das nossas assembleias, para criar também consensos entre nós e para tratar destes temas, mas temos também outras instituições dentro da Igreja, concretamente, das migrações etc., que são temas importantes, e modos importantes que nós temos de estar presentes também nesta vida social”, frisou D. José Ornelas.
2025.11.14
– Louro de Carvalho
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