Foi
inaugurado, a 1 de novembro, após 20 anos de construção, junto às pirâmides de
Gizé, junto à cidade do Cairo, no Egito, com a presença de vários líderes
mundiais (entre os quais o Presidente da República de Portugal), o Grande Museu
Egípcio (GEM) – também conhecido como o Museu de Gizé –, um projeto de mil
milhões de dólares (862 milhões de euros), que é o museu monumental dedicado à
antiga civilização egípcia.
O GEM é o maior museu do Mundo dedicado só a uma civilização antiga e exibe cerca de 120 mil artefactos, incluindo toda a coleção de tesouros do túmulo do faraó Tutankhamon, muitos dos quais são exibidos pela primeira vez. De acordo com o empresário egípcio e membro do conselho de administração do GEM, Sir Mohamed Mansour, que enfatiza o impacto que o museu terá na economia do país, espera-se que atraia cinco milhões de visitantes, por ano.
O GEM é o maior museu do Mundo dedicado só a uma civilização antiga e exibe cerca de 120 mil artefactos, incluindo toda a coleção de tesouros do túmulo do faraó Tutankhamon, muitos dos quais são exibidos pela primeira vez. De acordo com o empresário egípcio e membro do conselho de administração do GEM, Sir Mohamed Mansour, que enfatiza o impacto que o museu terá na economia do país, espera-se que atraia cinco milhões de visitantes, por ano.
Este
número colocaria o GEM entre os principais museus do Mundo. A título de
comparação, em 2024, o Louvre, em Paris, recebeu 8,7 milhões de visitantes, o
Museu Britânico, 6,5 milhões e o Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque,
5,7 milhões.
O
gabinete do presidente do Egito elogiou o GEM como “um acontecimento excecional
na História da Cultura e da Civilização Humana” e, num post no X,
o presidente Abdel-Fattah el-Sissi aplaudiu o facto de o museu “reunir o génio
dos antigos egípcios e a criatividade dos egípcios modernos”.
Situado
mesmo ao lado das pirâmides, o museu incorpora motivos triangulares, em todo o
seu design. Além da forma triangular da fachada de vidro do edifício, o
seu telhado inclinado alinha-se com o pico das pirâmides. A partir do átrio,
uma impressionante escadaria de seis andares, ladeada por estátuas antigas,
conduz às galerias principais e a uma vista dos marcos antigos. E, além dos
espaços de exposição, o museu alberga um centro de conferências, uma
biblioteca, instalações educativas, um museu infantil, lojas e restaurantes.
O
GEM, que abriu, parcialmente, em outubro de 2024, tem 12 galerias principais,
exibindo antiguidades, que vão desde os tempos pré-históricos até à era romana,
e é célebre por albergar muitos dos artefactos de valor incalculável da antiga
civilização egípcia, incluindo um colosso de granito de Ramsés, o Grande, uma
estátua impressionante que saúda os visitantes, quando entram no salão
principal.
Contudo,
no GEM, faltam algumas relíquias egípcias antigas, incluindo a Pedra de Roseta,
atualmente exposta no Museu Britânico, em Londres, na Inglaterra, o Zodíaco de
Dendera, no Louvre, em Paris, na França, e o busto de Nefertiti no Neues Museum
de Berlim, na Alemanha. Há muito que egiptólogos e egípcios pedem a devolução
dos artefactos proeminentes, e a abertura do GEM reacendeu, uma vez mais, as
exigências por sua devolução.
“Todos
nós, egípcios, assistimos, hoje, a um acontecimento único e excecional,
literalmente, que é a cerimónia de abertura do Grande Museu Egípcio”, afirmou o
primeiro-ministro egípcio, Moustafa Madbouly, numa conferência de imprensa,
acrescentando: “Este sonho que todos imaginámos e que todos nós nos perguntámos
se iria acontecer, vamos vê-lo executado e testemunhar este grande dia.”
***
A
construção do megaprojeto teve início em 2005, durante a presidência de Hosni
Mubarak. O projeto foi concebido para substituir o relativamente modesto Museu
Egípcio, no centro do Cairo, com o objetivo impulsionar a indústria do turismo
e a economia do Egito, em geral.
O projeto foi encomendado pelo Ministério do Turismo e das Antiguidades do Egito e foi entregue à empresa de construção belga Besix, em parceria com a empresa egípcia Orascom Construction.
O projeto foi encomendado pelo Ministério do Turismo e das Antiguidades do Egito e foi entregue à empresa de construção belga Besix, em parceria com a empresa egípcia Orascom Construction.
No
entanto, a construção do empreendimento sofreu vários atrasos. Em entrevista à
agência noticiosa belga VRT, Joris de Kinder, chefe de projeto da Besix,
explicou que a complexidade da conceção do projeto, a turbulência política,
durante e após a Primavera Árabe de 2011, a pandemia de covid-19 e as guerras
na Ucrânia e em Gaza foram os principais contratempos a impedir que a
inauguração tivesse ocorrido em 2022, como previsto.
A
grande inauguração oficial do museu, que já tinha sido, parcialmente inaugurado,
em outubro de 2024, como dissemos, estava prevista, inicialmente, para julho,
mas a cerimónia foi adiada, devido à guerra de 12 dias, entre Israel e o Irão,
que eclodiu em junho.
O
público pode marcar a sua visita à instituição, a partir de 4 de novembro, visto
que o museu estará aberto, diariamente, das 9h00 às 18h00. A taxa de entrada
para os visitantes estrangeiros adultos será de 1450 libras egípcias (27
euros).
***
O GEM
era um museu em construção, para exposição de artefactos do Antigo Egito. Considerado
o maior museu arqueológico do Mundo, ocupa a área de, aproximadamente, 50
hectares de território, a cerca de dois quilómetros das Pirâmides de Gizé,
a uns 15 quilómetros da cidade do Cairo, a capital do Egito, e é parte do
novo plano diretor do planalto de Gizé.
O desenho do edifício foi definido após um concurso de arquitetura, anunciado a 7 de janeiro de 2002. Como os organizadores receberam 1557 pedidos de 82 países, tornou-se o segundo concurso de arquitetura mais requisitado da História. Na segunda etapa do concurso, foram classificadas 20 solicitações, e no fim, a companhia Heneghan Peng, de Dublin, assinou um contrato no valor de 250 mil dólares. O edifício foi desenhado pelos arquitetos Heneghan Pen, Buro Happold e Arup. Já o desenho da região do museu foi destinada à Metaphor e Cultural Innovations S.A.
O desenho do edifício foi definido após um concurso de arquitetura, anunciado a 7 de janeiro de 2002. Como os organizadores receberam 1557 pedidos de 82 países, tornou-se o segundo concurso de arquitetura mais requisitado da História. Na segunda etapa do concurso, foram classificadas 20 solicitações, e no fim, a companhia Heneghan Peng, de Dublin, assinou um contrato no valor de 250 mil dólares. O edifício foi desenhado pelos arquitetos Heneghan Pen, Buro Happold e Arup. Já o desenho da região do museu foi destinada à Metaphor e Cultural Innovations S.A.
O
edifício tem a forma de um triângulo oblíquo. As paredes dos lados Norte e Sul
do edifício estão alinhadas com as pirâmides Miquerinos (a menor das três) e Quéops
ou Khufu (a maior), enquanto, na parte frontal do edifício, há uma vasta
quantidade de palmeiras. Uma das caraterísticas principais do GEM é o muro
de pedra translúcido, feito de calcite, a preencher a fachada
frontal do edifício. Junto do GEM e das duas pirâmides referidas, está situada,
no complexo monumental de Gizé, a pirâmide de Quéfren (da 4.ª dinastia, filho
de Quéops), de tamanho intermédio.
A
2 de fevereiro de 2010, foi anunciado que o Ministério da Cultura do Egito firmara
um contrato de empresa, em parceria com “Hill e EHAF Consulting Engineers”
com o objetivo de proporcionar serviços de administração, durante toda a
construção do GEM.
O
custo estimado para a realização do projeto foi de 550 milhões de dólares,
sendo que 300 milhões provieram de empréstimo junto dos japoneses. O restante foi
financiado pelo Conselho Supremo de Antiguidades, por outras doações e por
fundos internacionais. Como é natural em obras deste jaez, houve derrapagem de
custos.
O
novo museu está desenhado com a tecnologia mais avançada, incluindo a
utilização de realidade virtual. Será um centro internacional de comunicação com
outros museus, para que, dessa forma, exista um contacto direto com outros
museus, sejam eles do país, sejam internacionais. E incluirá um museu para o
público infantil e um centro de formação.
Em
2014, o ministro das Antiguidades do Egito anunciou o início da construção do
salão principal do museu que abrigaria cerca de 100 mil artefactos antigos,
sendo uma delas a múmia do faraó Tutankhamon. E, em maio de 2017, foram doados
ao GEM um leito de madeira coberto de ouro e marcado com a cabeça de leão,
que representa Sacmis, deusa da guerra, e uma carruagem funerária. Os
itens pertenciam ao faraó Tutankhamon, que liderou o império entre 1332
a.C. e 1323 a.C. (da 18.ª dinastia), tendo-se tornado rei com a idade de nove
anos.
Mesmo
com a disponibilização do seu leito ao GEM, a múmia do faraó
permaneceu no seu túmulo, localizado no Alto Egito, por ser considerada demasiado
frágil para ser transportada. A transferência das peças está vinculada a
um programa que visa resgatar itens de uma coleção com mais de 71 peças, em
parceria com a Agência Japonesa de Desenvolvimento (JICA).
Uma
tábua de madeira, encontrada em Gizé, próximo da Grande Pirâmide (a
Pirâmide de Quéops, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo) também foi um dos
achados, pertencentes à iniciativa de resgate de peças raras para exibição no GEM.
Para os arqueólogos que atuam na restauração desses itens, trata-se de parte do
barco de um antigo rei do Egito, mais precisamente um pedaço da segunda
embarcação, criada pelo faraó Quéops, responsável por liderar o país ao longo
da quarta dinastia, há cerca de quatro mil anos.
É
de não confundir o GEM com o Museu de Antiguidades Egípcias, conhecido
como Museu Egípcio, num edifício construído em 1901, situado na Praça
Tahrir, no Cairo, que abrigava a maior coleção de antiguidades egípcias do
Mundo, isto é, mais de 120 mil itens, com uma quantidade representativa em
exposição. Era o maior museu da África. E, entre as suas obras-primas,
conta-se o tesouro de Tutankhamon, incluindo a sua icónica máscara
funerária de ouro, considerada uma das obras de arte mais conhecidas do Mundo e
símbolo proeminente do Antigo Egito.
***
A
este respeito, o Diário de Notícias (DN) publicou, a 31 de
outubro, um artigo de Leonídio Paulo Ferreira intitulado “Grande Museu Egípcio
inaugurado, neste sábado, junto das Pirâmides de Gizé”, em que revela ter
perguntado a Zahi Hawass, o mais famoso arqueólogo egípcio, que visitou
Portugal, no início do ano, como explicava que figuras multimilenares, como
Tutankhamon, Nefertiti ou Hatshepsut, sejam nomes que todos conhecem, em todo o
Mundo, tendo o arqueólogo frisado que “o Antigo Egito tem mais magia do
que qualquer outra civilização no Mundo”. Com efeito, no dizer de Zahi
Hawass, se se perguntar a uma criança nas ruas de Lisboa o que é o Egito, ela dirá
que é a Grande Pirâmide de Quéops, ou a Esfinge ou Tutankhamon e as múmias. “Isso
é realmente natural, porque o Antigo Egito é incrível. É uma civilização que
traz emoção, magia e mistério a todos”, enfatiza o arqueólogo.
De acordo com o articulista, “a civilização do Antigo Egito, com toda a sua magia, tem um novo espaço de excelência para ser vista e apreciada, […] junto às Pirâmides de Gizé, não muito longe do Cairo e do Nilo, rio que […] Hawass descreveu como ‘uma fonte de vida para o Egito’, hoje como no passado”.
De acordo com o articulista, “a civilização do Antigo Egito, com toda a sua magia, tem um novo espaço de excelência para ser vista e apreciada, […] junto às Pirâmides de Gizé, não muito longe do Cairo e do Nilo, rio que […] Hawass descreveu como ‘uma fonte de vida para o Egito’, hoje como no passado”.
Um
comunicado de imprensa da embaixada egípcia em Lisboa refere que o GEM “será o
maior museu do Mundo dedicado a uma única civilização, reunindo as mais
emblemáticas peças da História do Egito”, simbolizando a sua inauguração “o
compromisso do Egito com a paz, o diálogo intercultural e a preservação do
património universal”.
Entre
os destaques do museu incluem-se, segundo o comunicado, “a
colossal estátua de Ramsés II, com 83 toneladas, que dá as boas-vindas aos
visitantes no átrio principal; o lendário Barco Solar do Rei Khufu,
meticulosamente transferido da base da Grande Pirâmide para uma galeria de
conservação moderna; a coleção completa do Rei Tutankhamon, composta por
5398 objetos, exibida, pela primeira vez, em conjunto, desde a descoberta do
seu túmulo, [por Howard Carter,] em 1922; os tesouros da Rainha
Hetepheres, mãe de Khufu e avó de Khafre, que agora e pela primeira vez, se
tornam acessíveis ao público”.
Num
texto escrito, Zahi Zawas, que já foi diretor do Departamento de Antiguidades e
ministro da Cultura, sublinha que “os tesouros de Tutankhamon serão, sem
dúvida, o coração do museu” e, que, pela primeira vez, desde a descoberta do
túmulo, os 5398 objetos serão exibidos em conjunto. Mais refere que duas
vastas galerias foram dedicadas, exclusivamente, ao jovem faraó, concebidas
para mergulhar os visitantes no mundo do Antigo Egito. Exprime o desejo
pessoal de que a máscara dourada, o artefacto mais icónico da História da Arqueologia,
seja apresentada como o último objeto no percurso do visitante. E sustenta
que, entre todos os artefactos, o objeto que mais o comove “é o trono de
Tutankhamon, onde o Rei é retratado, serenamente, enquanto a Rainha
Ankhesenamun o unge com perfume e lhe coloca uma grinalda de flores”, partilhando
ambos o mesmo par de sandálias – o pé direito do Rei e o esquerdo da Rainha –, “símbolo
de união perfeita e de amor eterno”.
Amr
El-Kady, presidente da Autoridade Egípcia do Turismo, que veio à Bolsa de
Turismo de Lisboa (BTL), em janeiro, relevou que o turismo vale 10% do produto
interno bruto (PIB) egípcio e “vai das praias à cultura”. Mais de 15 milhões de
turistas visitaram, em 2024, o “país dos faraós”. “Temos as pirâmides, mas
também o legado greco-romano, o islâmico, o copta. O Egito é um país muito
diverso”, vincou El-Kady,.
A
longevidade como civilização, bem como a abundância e a exuberância da produção
artística forneceram, quando não havia controlo de exportação de bens
culturais, museus pelo Mundo inteiro. Basta pensar nas alas egípcias do
Museu do Louvre e do Museu Britânico. Até em Portugal, há interessantes
coleções de peças egípcias, incluindo múmias, no Museu Nacional de Arqueologia,
em Lisboa, e no Museu de História Natural da Universidade do Porto.
As autoridades
egípcias têm consciência de que a popularidade das coleções, no estrangeiro,
serve o softpower do mais populoso dos países árabes, a
grande nação entre África e Ásia, e conquista muitos visitantes. Porém, há peças
em capitais europeias que gostariam de ver de volta ao Egito, para as exporem
no GEM. Zahi Hawass revelou que “quando era chefe do Departamento de
Antiguidades e ministro”, conseguiu a devolução de seis mil artefactos. Por
isso, foi escolhido, em 2006, pela revista Time, como uma das
pessoas mais influentes, pela forma como recuperou a herança do Egito. Em
2010, enviou uma carta a Berlim a pedir a devolução de Nefertiti. Porém, com a
revolução no Egito, não conseguiu acompanhar o processo. Agora, há duas
petições: uma pelo regresso da Pedra de Roseta do Museu Britânico e outra pelo
regresso do Zodíaco do Louvre. E fez nova petição para a devolução do
busto de Nefertiti.
Na
visita a Lisboa, o arqueólogo disse estar a trabalhar para trazer uma
grande exposição do Antigo Egito para exibir, pela primeira vez, em Lisboa, não
neste ano, mas talvez no próximo.
O
GEM dá novas condições de exibição às peças grandiosas que, durante mais de um
século, estiveram no Museu Egípcio do Cairo, na praça Tahrir. Visitar esse
museu, inaugurado no início do século XX, era um mergulho na civilização que
“traz emoção, magia e mistério a todos”. Agora, as autoridades egípcias querem que
essa experiência mágica seja ainda mais grandiosa, pelo que, para a cerimónia
de abertura, o presidente Abdel Fattah El Sisi convidou dezenas de chefes de
Estado e chefes de governo.
Toda
esta grandiosidade resulta da crença egípcia na vida além da morte e da relação
estreita entre vivos e mortos. Segundos os arqueólogos, “a crença na vida após
a morte construiu o Antigo Egito”. Poderosa dica no contexto da solenidade de Todos
os Santos e de Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos!
2025.11.01
– Louro de Carvalho
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