quarta-feira, 7 de maio de 2025

Pelo desenvolvimento intelectual, emocional e comportamental da criança

 
Food for the Brain Foundation lançou, a 7 de maio, o programa COGNITION for Smart Kids and Teens, ou, abreviadamente, COGNIÇÃO, para crianças e adolescentes inteligentes, um novo projeto de pesquisa para determinar a melhor dieta para promover o desenvolvimento intelectual, emocional e comportamental da criança. Com efeito, mercê do aumento crescente de casos de autismo, de perturbação de hiperatividade e défice de atenção (TDAH) e de neurodivergência, todos associados a deficiências nutricionais, o objetivo é descobrir que tipo de dieta reduz o risco.
Especialistas da Food for the Brain estão disponíveis para entrevistas e para comentários, desde que a organização seja informada sobre a pessoa ou sobre o tópico do interesse do consulente, fazendo o possível para facilitar uma entrevista.
O autismo, conhecido cientificamente como transtorno do espectro autista (TEA), é uma alteração no desenvolvimento neurológico, que se inicia na infância, e é caraterizado por dificuldades de comunicação e por padrões de comportamentos, de interesses e de atividades que tendem a ser restritos e repetitivos. 
A TDAH é uma perturbação no neurodesenvolvimento caraterizada por desatenção e/ou por hiperatividade e por impulsividade em graus inconsistentes com o nível de desenvolvimento do indivíduo.
A neurodivergência descreve indivíduos cujos cérebros funcionam de forma diferente do que é considerado “típico” ou “neurotípico”. Isso não significa que a pessoa tenha uma doença ou problema, mas que a sua forma de funcionar cerebral é diferente, com as suas próprias vantagens e desvantagens. 
A neurodiversidade é o conceito que reconhece a diversidade do funcionamento cerebral como uma parte natural da experiência humana e desafia a ideia de uma única “norma” para o funcionamento cerebral, promovendo a inclusão e a aceitação de todas as formas de cognição. 
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Nos termos do comunicado à imprensa, “COGNIÇÃO para crianças e adolescentes inteligentes é lançada hoje”, a instituição anuncia que tem em vista descobrir que tipo de dieta reduz o risco das deficiências nutricionais com consequências, nomeadamente, para o autismo, a TDAH e a neurodivergência.
Mencionando uma pesquisa do Censo Escocês, com dados de 2024, revela que, em uma, em cada 14 crianças, é diagnosticado autismo e que, em todo o Reino Unido, uma, em cada seis crianças, é classificada como portadora de necessidades educativas especiais.
À questão que se levanta sobre o que tem esse aumento da neurodiversidade a ver com nutrição, a nutricionista Natalie Coghlan, líder do projeto, releva que, segundo alguns estudos, a ingestão de vitaminas do complexo B, bem como de frutos do mar ricos em ómega-3, tanto na gestante como nas crianças, prediz melhorias, tanto no comportamento como no desempenho escolar. Por isso, a investigação procura descobrir, não apenas qual a nutrição necessária para prevenir problemas, mas também o que é ideal para ajudar as crianças a atingirem o seu potencial máximo. E todos – pais e filhos – podem participar.
Os pais são convidados a preencher um questionário sobre a dieta e o estilo de vida dos filhos, bem como aspetos emocionais e comportamentais, utilizando um questionário de pontos fortes e dificuldades (QDE). A criança também realiza um teste de função cognitiva validado online. A partir daí, os pais recebem orientações sobre quaisquer áreas de preocupação e o que fazer a respeito disso. Podem participar no programa COGNITION for Smart Kids and Teens e receber e-mails, lembretes por mensagem de texto (SMS) e participar em grupos do Zoom, para incentivar a nutrição ideal e mudanças no estilo de vida. Podem até optar por testar os seus filhos com um exame de sangue por picada na ponta do dedo, em casa, para determinar os níveis de ómega-3, de vitamina D, de vitamina B, de antioxidantes e de açúcar no sangue. Crianças mais velhas e adolescentes podem preencher, sozinhas, os questionários.
O mesmo questionário QDE foi utilizado num estudo com 11875 gestantes, que mostrou a clara relação entre a quantidade de frutos do mar consumidos por uma gestante e o desenvolvimento dos seus filhos. Quanto menos frutos do mar são consumidos, pior é o comportamento social, as habilidades motoras finas, a comunicação e o desenvolvimento social, e o quociente de inteligência (QI) verbal da criança. Aos sete anos de idade, quanto mais junk food (comida de plástico de alto teor calórico mas com níveis reduzidos de nutrientes) é consumida, maior é a hiperatividade da criança.
Um estudo de acompanhamento, publicado em abril, descobriu que, aos nove anos, aqueles que não comiam peixe tinham 43% mais risco de problemas de comportamento com aumento da agressividade. No Reino Unido, 7% das crianças não comem peixe.
Também são importantes as vitaminas do complexo B. Um estudo sueco descobriu que a ingestão de folato (vitamina B9 ou ácido fólico) por uma criança previa melhoria nas classificações escolares. Filhos de mães com deficiência de vitaminas do complexo B, antes da concepção, apresentaram probabilidade significativamente maior de apresentar comportamento retraído, ansiedade, depressão ou agressividade, aos seis anos de idade.
O programa COGNITION for Smart Kids and Teens conta com o apoio de uma equipa de cientistas – psicólogos, neurocientistas e nutricionistas. “Os problemas de saúde mental têm aumentado, drasticamente, em crianças, nas últimas décadas. Como psicóloga clínica infantil, tenho plena consciência de que temos ignorado o ambiente alimentar como um fator contribuinte para as estatísticas. É hora de o cenário mudar. Peço a todos os pais que se juntem ao projeto Smart Kids”, afirma a Professora Julia Rucklidge, professora de Psicologia e Psicóloga Clínica da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia.
A pesquisa em referência é liderada por Tommy Wood, professor assistente de Pediatria e Neurociências da Universidade de Washington, Seattle, Washington.
Diversos aspetos da saúde e do estilo de vida que contribuem para a função cognitiva, a longo prazo em adultos, também são cruciais para o desenvolvimento inicial do cérebro e para a saúde cerebral. ao longo de toda a vida. Aprendendo com o programa COGNIÇÃO, altamente bem-sucedido e prático, para prevenir o declínio cognitivo em adultos, a instituição aplica esses mesmos princípios para ajudar as crianças a serem tão inteligentes e felizes quanto possível.
A ex-presidente da Associação Nacional de Diretores de Escolas, Rona Tutt OBE, ex-diretora de escola com necessidades educacionais especiais, apoia o projeto com o objetivo de envolver todas as escolas. “As pessoas têm formas e tamanhos variados, com cérebros únicos. Uma minoria significativa de neurodivergentes precisa de ser reconhecida, valorizada e apoiada, para maximizar os seus pontos fortes e para superar os seus desafios. Precisamos de entender o que está a impulsionar o aumento na neurodivergência e como melhor apoiar e otimizar o potencial de uma criança. Participar no projeto Smart Kids colocá-los-á no caminho para um estilo de vida mais saudável e para um futuro mais gratificante”,
Para participar no projeto e aprender como otimizar o potencial do seu filho, preencha o questionário em https://foodforthebrain.org/smartkids
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Food for the Brain Foundation é uma organização educativa e de caridade, devidamente registada sem fins lucrativos e criada por um grupo de nutricionistas, médicos, psicólogos, professores e cientistas, para promover a suposta ligação entre nutrição e saúde mental. É uma iniciativa liderada pelo autor e empreendedor Patrick Holdford.
É, enfim, uma instituição de caridade registada dedicada à saúde do cérebro, com a missão de criar um futuro onde, por todos, seja compreendida a importância da nutrição e sejam implementadas as boas práticas, a fim de otimizar o bem-estar mental e a saúde cerebral, como meio de prevenção e de tratamento.
A Food for the Brain Foundation visa educar e fornecer informações importantes a todos ao longo da vida, promovendo, assim, o bem-estar mental e a saúde cerebral por meio da nutrição ideal. Abrange crianças, pais, professores, escolas, universidades, público, profissionais de saúde, equipas de bem-estar no local de trabalho, operadores de serviços de alimentação, fornecedores de serviços de alimentação e o governo. Veja: https://foodforthebrain.org/
A fundação tonou-se conhecida pelo seu estudo piloto em diversas escolas britânicas, em que tentou melhorar o desempenho das crianças, por meio da melhoria da nutrição. Foi elogiada por revelar uma melhoria significativa no comportamento e no desempenho dos alunos, mas criticada por, alegadamente, ser anticientífica e por incentivar dietas da moda. 
A campanha mais conhecida e lançadora da Food for the Brain Foundation foi um estudo piloto realizado na escola de educação especial Cricket Green, em Merton, Londres. Este estudo durou sete meses e fez com que os alunos seguissem um regime diário de toma de um suplemento de ácido graxo (ácido gordo) de cadeia longa “eye q” (melhora a memória, a capacidade de aprendizagem e a concentração), uma combinação de óleo de peixe ómega-3 e óleo de prímula ómega-6, uma dieta nutritiva balanceada, um novo regime de exercícios e um multivitamínico. O estudo transformou o comportamento das crianças na escola, com uma queda de 25% nos problemas psicossomáticos relatados. 
Um estudo semelhante, seguido pelo programa de atualidade da ITV Tonight with Trevor Mac Donald, está em curso na escola Chineham Park Basingstoke e foi descrito como “fenomenalmente bem-sucedido”, com o comportamento das crianças a melhorar notoriamente. 
Não obstante, os estudos também foram passíveis de críticas. Por exemplo, Catherine Collins, do Hospital St. George, em Londres declarou que uma aluna do estudo de Merton “sofreu problemas de sono e seu peso caiu, em resultado do conselho que [o Sr. Holford] deu”. O estudo foi criticado por ser anticientífico, com resultados “selecionados a dedo” e os efeitos meramente um “placebo”.  
Porém, Holford e a fundação rejeitam algumas dessas alegações. Holford afirma que a aluna do estudo de Merton recuperou o peso perdido, devido à redução na ingestão de glúten, depois que os testes revelaram que ela era “sensível ao glúten”. Além disso, afirma que o comportamento geral e a saúde da aluna melhoraram durante o estudo. 
Quanto à suposta índole anticientífica, ela é desmentida pelo facto de a fundação fornecer acreditação para serviços de alimentação, em algumas universidades.
Agora, a COGNITION for Smart Kids oferece uma avaliação gratuita da cognição, bem-estar emocional e comportamental da criança e, por meio do questionário COGNITION, avalia áreas-chave de nutrição e estilo de vida para otimizar o bem-estar cognitivo da criança. Os pais podem optar por realizar um exame de sangue em casa, por picada na ponta da mão, para verificar ómega-3, vitamina D, homocisteína (para verificar o estado das vitaminas do complexo B),  hemoglobina glicada ou HbA1c (para controlar a glicose) e glutationa (para antioxidantes).
Níveis plasmáticos totais de homocisteína em jejum elevados, antes da concepção, são um fator de risco para problemas psicológicos na infância; e estão inversamente associados ao desempenho cognitivo em crianças de quatro meses a seis anos, após o nascimento.
Veja-se: foodforthebrain.org/smartkids
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As crianças precisam de mais atenção, a nível de educação e cuidado nutricial, na família e na escola. Abusa-se da junk food, com altos níveis de gordura saturada, de sal ou de açúcar e de aditivos alimentares, carente de proteínas, de vitaminas e de fibras dietéticas, entre outros atributos saudáveis.

2025.05.07 – Louro de Carvalho


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