Segundo o comunicado final da 208.ª Assembleia Plenária da Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP), que decorreu, em Fátima, de 13 a 16 de novembro,
além dos membros da CEP, estiveram
presentes o Núncio Apostólico, o presidente e a vice-presidente da Conferência
dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e a presidente da Conferência
Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP).
A Assembleia refletiu sobre a Jornada
Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJ), reconhecida como um dos maiores
acontecimentos na vida da Igreja e da sociedade em Portugal e no Mundo, dos
pontos de vista logístico e espiritual, representando “uma forte herança para o
futuro da Igreja com os jovens”, que implica “integrar o dinamismo e a riqueza
trazida por este acontecimento numa pastoral da juventude mais ativa, animada e
renovada”.
Neste sentido, sobressaiu a gratidão à Diocese de Lisboa e à Fundação JMJ
Lisboa 2023, nas pessoas dos cardeais Manuel Clemente e Américo Aguiar, às
Dioceses e a toda a Igreja em Portugal, particularmente aos jovens, que foram
os protagonistas juntamente com o Papa, bem como ao Estado e a todas as
instituições da sociedade civil que foram preponderantes para a excelente
realização da JMJ. E Nuno Sobral Camelo, diretor do Departamento Nacional de
Pastoral Juvenil, presente na Assembleia, partilhou um conjunto de propostas a
concretizar ao longo do próximo triénio pastoral, em nova etapa que exige “atenção
preferencial pelos jovens”, escutando-os em perspetiva sinodal, “dando-lhes
protagonismo e acompanhando-os no seio das comunidades cristãs para que possam
dar testemunho de Cristo Vivo na sociedade”.
D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, delegados da CEP à XVI Assembleia Geral do Sínodo dos
Bispos, partilharam a experiência vivida no mês de outubro, em Roma,
destacando a riqueza do método sinodal e manifestando a convicção de que a
escuta atenta do Espírito e uns dos outros, na pluralidade do que somos, “é o
caminho que a Igreja deve seguir ao serviço da sua missão evangelizadora”.
Procurando discernir o que o Espírito Santo quer para a Igreja, tendo em conta
o relatório de síntese e aguardando as orientações da Secretaria-Geral do
Sínodo, espera-se continuar, até à segunda etapa da Assembleia em outubro de
2024, o dinamismo do processo nas comunidades eclesiais, com a participação de
todos, para sermos “uma Igreja sinodal em missão”.
Para refletir sobre a nossa realidade
social e, em particular, das instituições de solidariedade social da Igreja,
vinca-se o contributo dos convidados Padre Lino Maia, presidente da
Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Manuel Lemos, presidente
do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Rita
Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa, e Pedro Vaz Patto, presidente da
Comissão Nacional Justiça e Paz. A grave situação em que vivem muitas famílias,
com dificuldade de acesso a bens essenciais e à habitação, às quais começa a
faltar a esperança de recuperar das situações de fragilidade em que se
encontram, é um retrato social que nos inquieta profundamente. Por isso, a CEP
deixa o seu reconhecimento às mais de 1700 instituições de solidariedade social
da Igreja que, junto dos mais carenciados, não deixam morrer a esperança,
apesar de também elas estarem em dramáticas situações no atinente à sua
sustentabilidade e viabilidade futuras, problema que a comunicação social
espelha.
O Estado assinou, a 6 de setembro, com as Organizações Representativas do Social
e Solidário (ORSSS) – Confederação
Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), União das Misericórdias
Portuguesas (UMP), União das Mutualidades Portuguesas (UM) e Confederação
Cooperativa Portuguesa, CCRL (CONFECOOP) – um Memorando de Entendimento que é um compromisso no âmbito do Pacto de Cooperação (23/12/2021), em que assumiu
aumentar os Protocolos de Cooperação numo mínimo 50% dos custos nas respostas
sociais. Como, atualmente, o apoio do Estado se situa nos 38%, segundo os dados
das entidades representativas do setor, urge atingir os 50% definidos no Pacto
para viabilizar as instituições sociais em Portugal. Assim, neste período de
preparação de eleições, espera-se dos partidos políticos uma programação que
contemple a viabilidade do setor social.
Estas questões, agravadas pelos cenários de guerra e pelo incontornável fenómeno
migratório, impelem a querer fazer caminho com todos, para maior coesão social,
cultural e política, sendo, neste âmbito, particularmente relevante o diálogo e
a colaboração entre as várias religiões.
No quadro da consolidação do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na Proteção de Menores e Adultos
Vulneráveis, estiveram presentes na Assembleia Plenária os membros do
Grupo VITA, Rute Agulhas e Alexandra Anciães e da Equipa de Coordenação Nacional
das Comissões Diocesanas, Paula Margarido e José Souto de Moura. A este respeito,
foi apresentado e aprovado o Guia de Boas
Práticas para o tratamento de casos de abuso sexual de menores e adultos
vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal elaborado com o
contributo das 21 Comissões Diocesanas, da Equipa de Coordenação Nacional e do
Grupo VITA, que pretende uniformizar procedimentos e garantir a adequada
articulação. Entre os temas do Guia de
Boas Práticas, que será divulgado em breve, estão as denúncias apresentadas
junto do Grupo VITA e a sua articulação com as Comissões Diocesanas e a Procuradoria-Geral
da República, bem como a atuação no apoio psicológico, psiquiátrico e
espiritual das vítimas e agressores. É “mais um passo para prosseguirmos, com
firmeza, o caminho de acolhimento às vítimas no seu profundo e doloroso
sofrimento e um reforço do nosso compromisso de tudo fazer para as ajudar a
superar os traumas causados pelas feridas que lhes foram infligidas”.
A Assembleia começou a preparar a Visita ad
Limina dos Bispos a Roma, que decorrerá de 20 a 25 de maio de
2024, no atinente a todos os aspetos logísticos deste encontro com o Santo
Padre e com os organismos da Cúria Romana, bem como as celebrações eucarísticas
nas quatro Basílicas papais – uma graça de Deus e uma oportunidade para estar
junto à Sé de Pedro e voltar às fontes e às inspirações originais em tudo o que
significam esses locais.
No âmbito do programa do 5.º
Congresso Eucarístico Nacional, que decorrerá em Braga, de 31 de maio a
2 junho de 2024, sob o tema “Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. Reconheceram-No ao partir o Pão”, a Assembleia apela à
participação dos fiéis neste encontro de oração, adoração, estudo, testemunho e
peregrinação [www.congressoeucaristico.pt].
Por ocasião dos 90 anos da Ação
Católica Portuguesa, que se celebrou a 16 de novembro, a Assembleia
reconheceu a ação que desenvolveu ao longo de nove décadas, desejando que os
seus membros continuem a sua missão evangelizadora com renovado entusiasmo.
A Assembleia saúda os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida
Apostólica que celebram jubileus, nomeadamente a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima,
na celebração do centenário da sua fundação, desejando que continuem a irradiar,
com entusiasmo, o seu carisma e espiritualidade ao serviço da missão da Igreja.
Sob proposta do Bispo de Bragança-Miranda, a Assembleia deu parecer
favorável à abertura do processo de Beatificação
da Irmã Maria de São João Evangelista, nascida em Pereira (Mirandela),
em 1888, e falecida em Chacim, em 1982. Tendo levado vida de intenso fervor
eucarístico, de diversos meios têm surgido testemunhos sobre graças obtidas de
Deus por sua intercessão.
A Assembleia procedeu às seguintes nomeações para o triénio 2023-2026: Dr. Ismael José Mendes Marta, ddo
Secretariado Geral da CEP (recondução); Dra Teresa
Isabel de Almeida Figueiredo Canotilho, diretora do Secretariado
Nacional das Comunicações Sociais (recondução); Prof.
Doutor José Carlos Seabra Pereira, diretor do Secretariado Nacional da
Pastoral da Cultura (recondução); Doutora
Maria de Fátima dos Prazeres Eusébio (Viseu), diretora do Secretariado
Nacional dos Bens Culturais; Maria
João Lavadinho Leitão Ribeiro Mira e Simão Pinheiro Mira, casal coordenador
do Departamento Nacional da Pastoral Familiar; Padre
Francisco António Clemente Ruivo (Diocese de Santarém), assistente nacional
do Departamento Nacional da Pastoral Familiar (recondução); Padre Daniel João de Brito Nascimento
(Diocese de Setúbal), assistente nacional do CNE (Corpo Nacional de Escutas –
Escutismo Católico Português); Dr.
Nuno Sobral Camelo (Évora), diretor do Departamento Nacional da Pastoral
Juvenil; Padre Filipe José Miranda Diniz (Diocese
de Coimbra), assistente do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil; D. José Francisco Sanches Alves,
arcebispo emérito de Évora, assistente eclesiástico da CNAL (Conferência
Nacional de Associações de Apostolado dos Leigos); Armando
Oliveira (Setúbal), presidente da direção da Stella Maris Portugal –
Apostolado do Mar (recondução); Padre
Casimiro Simão Abreu Henriques (Diocese de Setúbal), assistente
Eclesiástico da Stella Maris Portugal –
Apostolado do Mar; Dr. Hélder Albertino
Carneiro Afonso (Vila Real), diretor Nacional da Pastoral Nacional do
Ciganos; Diácono Idálio Manuel dos Santos
Rodrigues (Patriarcado de Lisboa), assistente Eclesiástico da Pastoral
Nacional do Ciganos; Dra Rita Isabel
Morais Tomaz Valadas Pereira Marques, presidente da Cáritas Portuguesa
(recondução); Padre José Manuel Pereira de Almeida
(Patriarcado de Lisboa), assistente eclesiástico da Cáritas Portuguesa
(recondução); Dr. Pedro Maria Godinho Vaz Patto,
presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (recondução); Padre José Manuel Pereira de Almeida
(Patriarcado de Lisboa), assistente Eclesiástico da Comissão Nacional Justiça e
Paz (recondução); e Padre Adelino
Ascenso (Superior Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova), diretor
da Subcomissão de Diálogo Inter-religioso.
A Assembleia aprovou o Orçamento
para 2024 do Secretariado Geral da CEP e acolheu informações, comunicações e programações da
Presidência, das Comissões Episcopais e dos Delegados da CEP, bem como de
outros organismos eclesiais.
***
O referido
memorando estabelece que, no ano de 2023, a comparticipação financeira é
aumentada em 11% nas respostas de âmbito residencial e Centro de Dia. E em 8%
nas restantes respostas sociais. Tudo somado, é um reforço estrutural de 145
milhões de euros, face a 2022.
Esta
comparticipação concretiza o compromisso assumido no Pacto de Cooperação de progressivamente
a atingir a repartição equitativa dos custos entre o Estado e o Setor Social e
Solidário. Assim, nas estruturas residenciais para pessoas idosas, a
comparticipação financeira da Segurança Social passa para 523,29 euros por
pessoa. Nos Centros de Dia, sobe para 155,82 euros por pessoa.
Face ao
aumento dos custos de funcionamento enfrentados pelas instituições do Setor
Social e Solidário, o governo decidiu aumentar o valor que tinha sido previsto
para 2023, que era um aumento de 5%. O diferencial agora aprovado será pago
mensalmente a partir de setembro, com retroativos desde janeiro. O acordo
prevê, ainda, um mecanismo para conversão dos contratos com as amas em
contratos permanentes, bem como a sua valorização salarial.
***
É óbvio que
os recursos do Estado não são elásticos, mas as necessidades sociais são cada
vez maiores. No entanto, há pessoas que se aproveitam da crise, acorrendo aos
apoios, sem necessidade ou sem procurar trabalho, em caso de capacidade para
tanto, como há pessoas que subtraem as ajudas para outros fins e, ainda, há casos
de mendicidade patrocinada e organizada. Em todo o caso, as exceções não nos dispensam
da solidariedade, fazendo o necessário discernimento. E a sociedade civil não
pode deixar de fazer a sua parte e de exigir que o Estudo faça a sua.
2023.11.16 – Louro de Carvalho
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