Decorreu,
a 12 de novembro, a cerimónia da condecoração do Centro de Tropas de Operações
Especiais (CTOE) do Exército, pelo Presidente da República e Comandante Supremo
das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lamego.
Segundo
o Portal do Exército, a Cerimónia de
Outorga da Condecoração “Medalha de Ouro de Serviços Distintos, Grau Ouro”, que
vem reconhecer o CTOE do Exército pelos relevantes e extraordinários serviços
prestados no cumprimento da sua missão, contou
com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Engenheiro
Francisco Lopes, do Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Nunes da
Fonseca, do Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General Guerra
Pereira, entre outras entidades militares e civis.
O
Chefe do Estado-Maior do Exército, na sua intervenção, referiu:
“Os
militares do Centro de Tropas de Operações Especiais estão indelevelmente
associados aos habitantes da valorosa cidade de Lamego, em que nos encontramos.
Detentores de traços comuns de determinação, humildade e solidariedade,
moldados pela inigualável orografia e pela peculiar meteorologia, a integração
e rápida identificação como os ‘Rangers de Lamego’ foram, por todos,
naturalmente avocadas.
“As Forças de Operações Especiais
constituem um corpo abrangente, multifacetado, flexível e discreto. Pelo seu
cariz único no Sistema de Forças, as unidades de Operações Especiais assumem um
papel relevante no cumprimento da missão do Exército. Para tal, contam com
efetivos excecionalmente aptos a responder militarmente a situações que exijam
flexibilidade, diferenciação, rotatividade e criatividade. Por isso, os seus
militares são amplamente preparados em termos técnico-táticos, de modo a
atingirem e manterem elevados graus de especialização, motivação e preparação
psicofísica.”
E terminou o discurso acrescentando: “A
condecoração do Estandarte Nacional, à guarda da vossa Unidade, representa o
justo e atempado reconhecimento público do esforço, rigor e profissionalismo de
todos, e de cada um, na assunção das responsabilidades, no cumprimento das
missões, e na execução das inerentes tarefas atribuídas. Atesta, nomeadamente, os elevados padrões de
proficiência militar por vós revelados no contexto das Forças Nacionais
Destacadas, e noutras circunstâncias excecionais, no que respeita às operações
de âmbito não convencional.”
O
Presidente da República, nas palavras que dirigiu aos presentes, afirmou que,
ao atribuir esta medalha, escolheu “aqueles que melhores, conforme a divisa,
sendo poucos, são sempre mais do que bastantes contra os muitos, que não são,
como eles, os melhores”. E, “nas situações mais ingratas, nas provações mais
complexas, é isso que faz o espírito das Operações Especiais.”
Em seu entender, ter o espírito das
Operações Especiais é saber que tem de se estar presente “onde o risco é
máximo, onde a imprevisibilidade é absoluta, onde a emergência é constante, e
onde é necessário conjugar o que há de melhor e de mais avançado em termos
operacionais com a excecionalidade das qualidades humanas”. E, a este respeito,
enalteceu a presença das Forças Nacionais
Destacadas (FND) na Roménia por causa da guerra na Ucrânia, afirmando que se
trata de “uma guerra global pelas potências envolvidas e pelos efeitos em todo
o mundo: políticos, estratégicos, económicos, financeiros e sociais”.
A cerimónia culminou com a visita ao
Espaço Visitável da Unidade e com assinatura do Livro Honra do CTOE, pelo
Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.
***
Diferentes órgãos de comunicação social assinalaram
que o Presidente da República elogiou as
Forças Armadas e destacou a sua importância na atualidade, pois afirmou categoricamente
que “não há ninguém que não compreenda” a importância das Forças Armadas
Portuguesas na Europa e no mundo. E enfatizou: “Não há ninguém que não possa
compreender que respeitá-las e admirá-las significa apoiá-las, criar-lhes mais
e melhores condições para o presente e para o futuro.”
O Chefe de
Estado lembrou que se vive uma guerra que não é europeia, mas “uma guerra
global”, “uma guerra global pelas potências envolvidas e pelos efeitos em todo
o mundo”.
“Continuamos
a afirmar a capacidade de dissuasão da Aliança Atlântica face a uma situação
crítica no Leste da Europa, com confiança, acreditando que a paz, mas a paz
respeitando os valores do direito internacional, é possível de alcançar” –
vincou.
O Presidente
da República explicou ter feito questão de se deslocar a Lamego para entregar
pessoalmente a Medalha de Serviços Distintos (Grau Ouro) a confirmar a
confiança que tem nas Forças Armadas Portuguesas e, concretamente, no CTOE.
Ao atribuir
esta medalha, escolheu “aqueles que, conforme a divisa, sendo poucos, são
sempre mais do que bastantes contra os muitos que não são como eles os
melhores”: “Vós sois os melhores, poucos ou muitos, mas sempre os melhores, ao
serviço de Portugal”, realçou.
Depois da cerimónia militar, o Presidente da República
aproveitou a sua passagem por Lamego para uma visita ao Santuário de Nossa
Senhora dos Remédios.
***
O Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE),
antigo Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) até 2006,
sediado na Cidade de Lamego, e que integra a Brigada de Reação
Rápida, é uma
unidade territorial do Exército Português destinada a formar tropas
na área das Operações Não Convencionais. Contém uma unidade operacional
denominada Força de Operações Especiais (FOE), com o tamanho de duas companhias,
popularmente chamadas de Rangers, pois o seu primeiro instrutor do CTOE tinha
feito o curso de Ranger nos Estados Unidos da América (EUA). Algumas
das suas missões são por exemplo: confronto de alvos de grande importância;
destruição de defesas aéreas e terrestres inimigas, Resgate e Salvamento em
Combate (CSAR), patrulhas em território inimigo, etc. A unidade pode ser
infiltrada através de barco, helicóptero, paraquedas ou a pé.
O CTOE engloba como sua subunidade operacional,
a Força de Operações Especiais (FOpEsp), composta por elementos de
operações especiais especializados em ações diretas e indiretas.
O CIOE foi criado em 16 de abril de 1960,
a partir do Regimento de Infantaria N.º 9 – que havia sido transferido para
Lamego em 1839 – para formar unidades especializadas em contraguerrilha,
operações psicológicas e montanhismo. Para lá eram enviadas companhias selecionadas
de vários regimentos que se transformavam, depois, em Companhias de Caçadores
Especiais, tendo sido a principal força de intervenção do Exército Português no
início da Guerra do Ultramar.
Mais tarde, deixaram de se formar unidades
especializadas em operações especiais, dando-se essa instrução a militares
especialistas, que depois são distribuídos por todos os batalhões do Exército.
A 28 de março de 2000, o CTOE foi feito
Membro-Honorário da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e
Mérito e, a 6 de setembro de 2010, foi feito Membro-Honorário
da Ordem Militar de Avis.
O CTOE ministra vários cursos:
COE (Curso de Operações Especiais): ação direta, ação indireta
(insurgência e guerrilha, contrainsurgência e contraguerrilha, e ajuda militar)
(21 semanas); Curso de Sniper (requer o curso de COE) (14 semanas); Curso de Patrulha
de Reconhecimento de Longo Alcance 2 (requer curso de COE): reconhecimento e
operações de ação direta (8 semanas); Curso de Operações Regulares (só para
oficiais e oficiais não-comissionados do Quadro Permanente): organização,
instrução, e orientação das forças regulares com o objetivo de defender o
território nacional (Portugal) quando invadido e começar as ações de
resistência (4 semanas); Curso de Operações Psicológicas; Curso de Montanhismo;
Curso de Prevenção e Combate de Ameaças Terroristas.
O seu lema é: Que os muitos por ser poucos
nam temamos.
Cada um dos seus militares
observa OS 10 MANDAMENTOS DO RANGER:
1 – O Ranger é autodisciplinado e de pronta obediência.
2 – O Ranger resiste à fome, à sede, ao cansaço e à
incomodidade.
3 – O Ranger está sempre pronto porque a sua razão o
impõe e a sua preparação o permite.
4 – O Ranger pondera conscientemente todas as suas
decisões não voltando nunca a cara ao perigo.
5 – O Ranger tem confiança nos chefes, respeita-os e
faz-se amar pelos subordinados.
6 – O Ranger é generoso na vitória e paciente na
adversidade.
7 – O Ranger regula o seu procedimento segundo os
ditames da honra e do dever.
8. O Ranger orgulha-se da dignidade da sua missão
devotando-se a ela com entusiasmo e abnegação.
9. O Ranger é leal e tem no patriotismo a mais nobre
das suas virtudes.
10. O Ranger supera-se constantemente pela sua firme
vontade e pelo seu indómito valor.
***
É assim Lamego, são assim as suas instituições, é
assim quem nelas se forma e ou as serve.
2022.11.13 – Louro de Carvalho
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