A
prece teve a sua formulação no Evangelho de Lucas e foi reiterada na vigília do
Jubileu da Juventude, a 2 de agosto, na grande esplanada do campus universitário
de Tor Vergata, perto de Roma: “Ficai connosco Senhor”, dizia o Papa Leão XIV.
A exortação
foi proferida na homilia da Missa de encerramento do mesmo evento, no mesmo
local: “Aspirai a
coisas grandes”, pediu ao mais do milhão de jovens, no dia 3 de agosto.
O Jubileu da Juventude, que foi celebrado
em Roma, de 29 de julho a 3 de agosto, gozou de dois momentos com a esperada presença
do Santo Padre – a vigília e a missa do encerramento e do envio – que foram o primeiro
banho de grande multidão deste Sumo Pontífice.
Na vigília da Juventude, o Papa Leão
XIV dirigiu-se à primeira maior multidão do seu pontificado nos arredores de
Roma, dizendo a cerca de um milhão de jovens adultos para “estudarem,
trabalharem e amarem seguindo o exemplo de Jesus” e para rezarem: “Ficai connosco,
Senhor”.
O Santo
Padre foi recebido, a 2 de agosto por enorme multidão, nos 237 acres do campus
da Universidade de Roma Tor Vergata, 16 quilómetros a Leste de Roma, onde
adolescentes e jovens adultos passaram a noite, em expectativa pela missa de
encerramento do Jubileu da Juventude na manhã de domingo, dia 3.
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É de precisar
que o acre é uma
antiga unidade de medida usada para medir terras. Remonta à área
que podia ser lavrada, num dia com um jugo de bois a puxar um arado de madeira,
mas passou por diferentes definições, ao longo do tempo. Atualmente, um acre é padronizado como: 1 acre = 4047 metros quadrados = 0,4047 hectares.
Assim, 237 acres correspondem a 95,9139 hectares.
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O Papa, que
chegou, de helicóptero, ao maior evento do seu pontificado, percorreu o local
antes do grande momento de oração, acenando, do papamóvel, aos jovens, que o
aplaudiam, enquanto o Sol se punha. Em seguida, carregou a cruz peregrina do
Jubileu da Esperança, a pé, da multidão até ao palco de 1,4 mil metros
quadrados, para as orações e para adoração eucarística.
Na primeira
parte do serviço de oração, Leão XIV respondeu a perguntas de jovens adultos
sobre a amizade e a solidão, como fazer boas escolhas e como encontrar
verdadeiramente Cristo.
Nas respostas
às perguntas, uma em cada uma das três línguas que fala fluentemente –
Espanhol, Italiano e Inglês –, o bispo de Roma encorajou os jovens a buscarem
bons relacionamentos com os outros e com Deus. “E podemos dizer obrigado, Jesus,
por nos amar”, disse ele, num momento de improvisação, no meio do seu discurso devidamente
preparado.
“Cada vez
que adoramos Cristo na Eucaristia, os nossos corações unem-se Nele”,
acrescentou o Pontífice, e recomendou que se rogue ao Senhor: “Ficai connosco,
porque, sem Vós, não podemos fazer o bem que desejamos.”
O conselho
de Leão XIV aos jovens incluiu ter, como amigo, Jesus, “que sempre nos
acompanha na formação da nossa consciência”. “Se desejas, realmente, encontrar
o Senhor ressuscitado, então ouve a sua palavra, que é o Evangelho da salvação.
Reflete sobre o teu modo de viver e busca a justiça, para construíres um mundo
mais humano. Serve aos pobres e, assim, darás testemunho do bem que sempre
gostaríamos de receber dos nossos vizinhos”, recomendou o Papa norte-americano.
“Adorai
Cristo no Santíssimo Sacramento, fonte da vida eterna”, disse ele. “Estudai,
trabalhai e amai, seguindo o exemplo de Jesus, o bom Mestre que sempre caminha
ao nosso lado”.
O Jubileu da
Juventude, realizado de 28 de julho a 3 de agosto, foi o evento mais concorrido
do Ano Jubilar da Esperança 2025 da Igreja Católica, com mais de um milhão de
jovens adultos, adolescentes e com os seus acompanhantes provindos de 146
países para Roma.
Leão XIV
deixou a vigília após as 22h00, mais de 30 minutos depois do horário previsto.
Após a adoração eucarística, a multidão começou a gritar, em coro: “Papa Leone!”
Os jovens
católicos começaram a chegar ao local da vigília já às 15h00, onde enfrentaram
o Sol, a humidade e temperaturas acima dos 30 graus, durante uma tarde em que
ouviam apresentações ao vivo e histórias pessoais de jovens de diferentes países.
Durante a
sua alocução, o Santo Padre pediu orações por duas peregrinas que morreram, na semana
do Jubileu da Juventude, uma espanhola de 20 anos, Maria, e uma egípcia de 18
anos, Pascale Rafic. E também pediu aos jovens que rezassem por outro espanhol,
Ignazio Gonzales, que estava hospitalizado em Roma.
***
Leão XIV não
conseguiu conter a emoção no seu segundo e último grande encontro com os jovens
na grande esplanada de Tor Vergata. Era mais de um milhão de peregrinos de 146
países que pernoitaram em sacos de dormir ao ar livre.
Na manhã do dia 3, aliás, como na tarde da véspera, uma
explosão de alegria percorreu a grande esplanada de mais de 95 hectares, ao ver
o Santo Padre descer do helicóptero. Após a intensa noite de vigília, marcada
por um momento comovente de adoração eucarística, em silêncio e de joelhos, o Sumo
Pontífice indicou aos jovens que, na vida, nada é “firme e seguro”, mas que a
existência “se regenera constantemente” no amor.
“Aspirai a grandes coisas, à santidade, onde quer que
estejais. Não vos contenteis com menos”, exortou-os, com emoção, na missa
conclusiva do Jubileu da Juventude. “Então vereis crescer, a cada dia, a luz do
Evangelho, em vós mesmos e ao vosso redor”, reforçou.
Do imponente palco-altar, o Papa
convidou os jovens a abrirem “de par em par o coração” para Deus e a aventurarem-se
com Ele, “rumo aos espaços eternos do infinito”.
O Papa
centrou a sua homilia no profundo desejo de plenitude que todos os homens
sentem e pediu aos jovens que não tentem saciar a sede do seu coração com
“substitutos ineficazes”.
“Há uma inquietação importante no nosso coração, uma necessidade de verdade que
não podemos ignorar, que nos leva a perguntar: o que é realmente a felicidade?”
Nestes termos, instou a fazer dessa inquietação “um banquinho para subir e
espiar, como crianças, na ponta dos pés, pela janela do encontro com Deus”.
Dessa forma, encontrar-nos-emos “diante Dele, que nos espera; melhor dizendo,
que bate gentilmente à porta da nossa alma”.
O Papa Leão
XIV refletiu sobre a passagem dos discípulos de Emaús. Os discípulos de Jesus,
após a sua morte, “afastaram-se de Jerusalém assustados e desiludidos”,
convencidos de que “não havia mais nada a esperar”. No entanto, encontraram-se,
“precisamente, com Ele, acolheram-No, como companheiro de viagem, ouviram-No,
enquanto lhes explicava as Escrituras, e, finalmente, reconheceram-No ao partir
do pão”.
O Santo Padre
disse que o encontro com Cristo ressuscitado transformou a tristeza em
esperança: “Os seus olhos abriram-se e a alegre notícia da Páscoa encontrou
lugar nos seus corações.”
Esse mesmo
encontro, disse Leão XIV, também pode mudar a existência de cada jovem: “É o
encontro com o Ressuscitado que muda a nossa existência, que ilumina os nossos
afetos, desejos e pensamentos”.
O Papa também abordou a experiência dos “limites” e da
“finitude” das coisas que passam e disse que esses argumentos não devem ser
“tabu” ou elementos “que devem ser evitados”. “A fragilidade, de facto, faz
parte da maravilha que somos”, destacou, após citar a leitura do Eclesiástico e
do Salmo 90, em que comparou a existência com a delicadeza da erva do campo.
“Certamente,
é delicada, feita com caules finos, vulneráveis, propensos a secar, a dobrar, a
quebrar; mas, ao mesmo tempo, são rapidamente substituídos por outros, que florescem,
depois deles”, detalhou, vincando: “Nós também, queridos amigos, somos assim;
fomos feitos para isso.”
Recordando aos jovens a sua passagem por Roma, durante esta
semana, o Sumo Pontífice valorizou a sua participação em encontros culturais,
artísticos e religiosos, em Roma: “Vós encontrastes-vos entre contemporâneos vindos
de diferentes partes do Mundo, pertencentes a culturas distintas. [...] Depois,
no Circo Máximo, aproximando-vos do sacramento da penitência, recebestes o
perdão de Deus e pedistes a sua ajuda para uma vida boa”.
Da mesma forma, exclamou que a plenitude da nossa existência
não depende do que “acumulamos, nem do que possuímos”, mas “está ligada ao que
sabemos acolher e partilhar com alegria”. “Comprar, acumular e consumir não é
suficiente”, disse Leão XIV. “Precisamos de levantar os olhos, de olhar para
cima, para as coisas celestiais, para perceber que tudo tem sentido, entre as
realidades do Mundo, apenas na medida em que serve para nos unir a Deus e aos
irmãos na caridade, fazendo crescer em nós sentimentos de profunda compaixão,
benevolência, humildade, doçura e paciência.”
Evocando São
João Paulo II, iniciador das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), exclamou: “A
nossa esperança é Jesus.”
“É Ele, como dizia São João Paulo II, ‘Aquele que suscita em
vós o desejo de fazerdes da vossa vida algo grande para vos melhorardes a vós
mesmos e à sociedade, tornando-a mais humana e fraterna’”, disse.
Concluindo a sua homilia, o Santo Padre Leão XIV encorajou os
jovens a continuarem a cultivar a sua amizade com Cristo, “com a oração, a
adoração, a comunhão eucarística, a confissão frequente e a caridade generosa”
e citou como modelos os beatos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, que, em
breve, serão canonizados.
***
No fim da
missa, no dia 3, o Santo Padre anunciou que a JMJ 2027, de Seul, na Coreia do
Sul, decorrerá de de 3 a 8 de agosto de 2027. “Depois deste jubileu, a
peregrinação da esperança dos jovens continua e levar-nos-á à Ásia”, disse o Papa,
antes de rezar o Angelus, no campus
da Universidade Tor Vergata, vincando: “Renovo o convite que o Papa Francisco
fez em Lisboa, há dois anos”, disse Leão XIV, falando sobre a JMJ 2023, em
Portugal.
Essa nova
edição da Jornada Mundial da Juventude, disse ele, marcará uma etapa importante
na jornada de fé das novas gerações. O tema será: “Coragem! Eu venci o mundo” (cf Jo 16,33).
Leão XIV
concluiu o seu discurso do Angelus com
um apelo missionário: “Vós, jovens peregrinos da esperança, sereis testemunhas
disso, até aos confins da Terra! Aguardo, ansiosamente, por ver-vos em Seul:
continuemos a sonhar juntos e a ter esperança juntos.”
A JMJ 2027
será a primeira na Coreia do Sul e a segunda na Ásia, depois da JMJ em Manila,
Filipinas, em 1995, no pontificado de São João Paulo II.
Leão XIV
considerou que o Jubileu da Juventude, realizado em Roma, de 28 de julho a 3 de
agosto, foi “uma efusão de graças para a Igreja e para o Mundo inteiro”. E
agradeceu ao milhão de peregrinos presentes pelo seu testemunho e entusiasmo.
Em Inglês, o
Papa falou sobre os adolescentes e jovens adultos que sofrem em “todas as
terras ensanguentadas pela guerra” e citou, em particular, os jovens da faixa
de Gaza e da Ucrânia, cujas vidas são marcadas pela violência e pela incerteza
da guerra.
Leão XIV
também falou em Espanhol, dizendo aos presentes que eles são “o sinal de que um
mundo diferente é possível”. E concluiu, em Italiano, dizendo que com Cristo, a
fé é possível: “com o seu amor, com o seu perdão e com a força do Seu
Espírito”.
***
Como nota
final, é de registar o testemunho do patriarca de Lisboa, D. Rui Valério.
“A conclusão
do Jubileu dos Jovens, em Roma, ficou marcada pela recordação da Jornada
Mundial da Juventude Lisboa 2023”, disse o patriarca de Lisboa, Portugal, D.
Rui Valério ao site do patriarcado,
depois da missa de envio do Jubileu celebrada pelo Papa Leão XIV.
Mais de um
milhão de peregrinos de 146 países participou na missa de encerramento do
Jubileu dos Jovens ontem, na esplanada de Tor Vergara, em Roma. De Portugal
foram mais de 11 mil peregrinos, dos quais 1,6 mil eram do patriarcado de
Lisboa. Viajaram para a Itália numa comitiva de 31 autocarros, com o bispo Rui
Valério.
Para o
patriarca, a grande participação de portugueses no jubileu foi “sinal de que a
JMJ Lisboa 2023 continua viva”.
Dom Rui Valério disse que, “quer
pelas referências feitas pelo Papa Leão XIV, quer pelo anúncio do tema e datas
da próxima JMJ, o legado de Lisboa mostrou-se vivo no coração dos jovens que
participaram no jubileu”. A próxima JMJ será em Seul, Coreia do Sul, de 3 a 8
de agosto de 2027, com o tema “Coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
O patriarca
disse, ainda, que, durante os dias do Jubileu dos Jovens, de 28 de julho a 3 de
agosto, pôde “ver como Lisboa continua no coração do Mundo, sendo abordado,
quer por muitos bispos que recordavam a Jornada de 2023, quer por muitos
jovens”. Segundo ele, “a participação neste Jubileu dos Jovens foi uma
verdadeira peregrinação em que se cimentou a arte de gerar esperança, em
relação a todas as experiências vividas e a partir de cada situação”.
Para o
patriarca, no jubileu, “foi edificante testemunhar a sintonia dos jovens com a vida
espiritual”. “A adesão aos tempos de oração, a familiaridade com a adoração ao
Santíssimo Sacramento, a procura da reconciliação, o Santo Rosário… revelam bem
como a luz do Espírito ilumina e inspira as suas vidas”, disse.
O patriarca de
Lisboa considerou que esta experiência mostrou como “somos responsáveis por
continuar este legado, em que somos herdeiros do Papa Francisco e colaboradores
do Papa Leão, para construir um mundo mais justo e fraterno”.
2025.08.04 – Louro de Carvalho
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