sábado, 13 de setembro de 2025

Charlie Kirk, um mártir da fé, foi assassinado a tiro, durante um evento

 

Charlie Kirk, fundador e presidente do grupo conservador Turning Point USA, casado com Erika, com quem tinha dois filhos, foi baleado durante evento da Universidade Utah Valley, nos Estados Unidos da América (EUA ou USA), na tarde de 10 de setembro. A sua mais conhecida atividade era debater em campi universitários. Quando foi atingido, falava do fenómeno crescente de ataques violentos perpetrados por pessoas que se identificam com o sexo oposto.
“Fazei uma oração por Charlie Kirk, um homem genuinamente bom e um jovem pai”, escreveu, logo após a notícia do ataque, o vice-presidente dos EUA, James David Vance, que escreveu, noutra publicação: “Querido Deus, protege Charlie, no seu momento mais sombrio.”
O presidente dos EUA, Donald Trump, também fez uma publicação, na sua plataforma Truth Social: “Todos nós devemos orar por Charlie Kirk, que foi baleado. Um homem incrível, do início ao fim. Que Deus o abençoe!”
A polícia chegou a prender um homem em conexão com o ataque, mas, como não foi identificado, foi solto. Porém, mais tarde, foi confirmada a sua prisão, devido aos fortes indícios.    
A igreja católica de São José no Capitólio, em Washington D.C., fez, no dia 11, uma vigília de oração por Charlie Charlie Kirk, depois de uma adoração eucarística, às 17h15.
Kirk, de 31 anos, que se identificava como evangélico, tornou-se viral, recentemente, nas redes sociais pela sua surpreendente opinião sobre Nossa Senhora, dizendo, num episódio do programa The Charlie Kirk Show, no canal Real America’s Voice, acreditar que os protestantes não falam de Nossa Senhora ou não A veneram o suficiente e sustentando que ela “é a solução” para o “feminismo tóxico na América”. “Maria foi claramente importante, para os primeiros cristãos”, afirmou Kirk, considerando: “Que mais moças sejam piedosas, reverentes, cheias de fé, lentas para a ira, lentas para as palavras, às vezes. Maria é um exemplo fenomenal, e acredito que será um contraponto a grande parte da toxicidade do feminismo, na era moderna”.
Robert Barron, bispo de Winona-Rochester, no Minnesota, nos EUA, estava entre os que fizeram publicações nas redes sociais, logo após o ataque, escrevendo: “Por favor, rezai por Charlie Kirk”.
“O meu coração está doente”, escreveu Lila Rose, fundadora da organização pró-vida Live Action, nas redes sociais”. “Charlie é um amigo. Um homem bom e corajoso. Que se importava, apaixonada e profundamente, com este país. Que amava a vida. Um pai e um marido. Rezai por ele, rezai fervorosamente. Rezai pela sua família. Rezai pelo nosso país. Senhor Jesus Cristo, tenha misericórdia”, escrevia a líder da Live Action.

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Poucos meses antes de ser assassinado, o fundador do grupo conservador Turning Point USA – ativista conservador no campus e cristão evangélico declarado – declarou que, depois da sua morte, gostaria de ser lembrado pela sua fé cristã. “Tudo simplesmente desaparece”, disse Selby, para questionar: “Se você pudesse ser associado a uma coisa, como gostaria de ser lembrado?” “Quero ser lembrado pela coragem da minha fé. Isso seria o mais importante. O mais importante é a minha fé”, respondeu Kirk.
Kirk foi assassinado, enquanto conversava com estudantes da Universidade Utah Valley, nos EUA, como parte da sua “The American Comeback Tour”. Montava uma tenda com uma faixa que dizia “Prove que estou errado”, incentivando as pessoas a aproximarem-se e a debaterem as suas opiniões, caso se opusessem às posições políticas, religiosas ou filosóficas dele.
A visita começou de modo semelhante a outras visitas de Kirk ao campus, com estudantes e com outras pessoas a fazerem fila para lhe fazerem perguntas. Cerca de três mil pessoas compareceram para assistir ou para debater com ele. Só 20 minutos depois do início do evento, um participante questionou Kirk sobre ideologia de género e sobre violência armada. Ele e Kirk tiveram uma breve discussão, antes que alguém, a partir de um telhado próximo, disparasse uma única bala que perfurou o lado esquerdo do pescoço de Kirk e o matou.
Uma testemunha, Brandon Russon, declarou à rede de televisão norte-americana CBS News que, pouco antes de Kirk ser baleado, estava a discutir a sua fé cristã com outro participante. Sobre essa conversa, Russon lembra-se de Kirk a proclamar à multidão que “Cristo é o Senhor” e que o Filho de Deus havia “vencido a morte”. Era a tendência comum do seu ativismo no campus.
No início deste ano, Kirk debateu com um estudante ateu que lhe perguntou sobre o trabalho com conservadores ateus. Embora Kirk tenha dito que acolheria qualquer pessoa que apoiasse boas causas, advertiu que o ateísmo não pode produzir um código moral adequado. “Você deve ser um ateu honesto e reconhecer que a moralidade é, por definição, subjetiva sem a crença em Deus”, admitiu. “Que você não pode ser ateu e acreditar na moralidade objetiva. É uma impossibilidade, e os verdadeiros ateus reconhecerão isso”, sustentou.
Kirk observou que os ateus têm pretensões de “dever”. Sugerem que as coisas deveriam ser de certa maneira, como “o assassinato deveria ser errado”, mas não podem proclamar padrões morais objetivos, se não houver um poder divino eterno sobre as pessoas. “É uma afirmação de verdade muito importante, porque, quando não há uma verdade objetiva a ancorar a sociedade, isso torna-se uma disputa de poder”, disse Kirk, frisando: “Se não houver verdade, o poder reinará. Quem conseguir obter o maior poder terá o maior poder de decisão sobre a sociedade. Acreditamos que o que é objetivamente certo, verdadeiro, bom e belo deve transcender a sociedade.”
Kirk falava, frequentemente, da sua fé em entrevistas, entre elas uma com o famoso ateu Bill Maher, no podcast “Club Random” deste ano, em que Kirk falou sobre as doutrinas cristãs da graça e da expiação. “Acreditamos que [Cristo]... sofrer a morte que sofreu na cruz foi para expiar os nossos pecados, os pecados da Humanidade”, disse Kirk a Maher, explicando: “É, no fundo, uma declaração de igualdade humana, de que somos todos pecadores, somos todos problemáticos. Todos temos problemas. Todos temos vícios. Todos nós não atingimos o padrão de Deus, mas Jesus completa-nos.”
Ao longo da sua carreira, Kirk incentivou os jovens a casarem-se e a constituírem família, argumentou contra o aborto e contra a ideologia de género e trabalhou para inspirar estudantes universitários a seguir a Cristo. E, embora fosse protestante, envolvia-se, frequentemente, em discussões teológicas com católicos. A sua mulher, Erika, é católica e o casal e os seus dois filhos foram vistos numa igreja católica, em Scottsdale, no Arizona. E, num podcast, neste ano, Kirk disse a um ouvinte: “Os católicos são simplesmente fabulosos de muitas maneiras diferentes. […] Eles lutam pela vida, lutam pelo casamento, lutam contra a ideologia de género.”
O interlocutor perguntou a Kirk sobre a mariologia católica, uma questão sobre a qual Kirk disse acreditar que os católicos vão “longe demais”, mas disse que ficaria “feliz em debater o assunto” e que os evangélicos poderiam “fazer um trabalho melhor, lembrando, estudando, falando sobre Maria e apontando para ela, porque ela foi um vaso escolhido por Deus Todo-Poderoso que trouxe nosso Senhor a este Mundo”.
“Nós, protestantes e evangélicos, subestimamos Maria”, disse ele. “Ela era muito importante. Ela era um veículo para nosso Senhor e Salvador. Acho que nós… corrigimos demais. Não falamos o suficiente sobre Maria, não a veneramos o suficiente. Maria era claramente importante para os primeiros cristãos. Há algo ali. Na verdade, acredito que uma das maneiras de consertar o feminismo tóxico nos EUA é: Maria. Ela é a solução”, insistiu.
Kirk também abordou a tendência de muitos jovens estarem a voltar à Igreja, quando foi entrevistado pelo jornalista Tucker Carlson, neste ano. Chamou a Igreja de “um bote salva-vidas, neste tsunami de caos e de desordem” e disse que muitos estão a frequentar a missa católica, porque “querem algo que perdure” e “algo antigo e belo”.
O vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, católico, publicou, na rede social X, que Kirk, “genuinamente, acreditava e amava Jesus Cristo” e “tinha uma fé profunda”. E disse que Kirk era um amigo e que eles, frequentemente, debatiam assuntos teológicos. “Costumávamos discutir sobre catolicismo e protestantismo e quem estava certo em questões doutrinárias menores”, referiu Vance. “Como ele amava a Deus, queria entendê-Lo”, reforçou.
O bispo de Winona-Rochester, Minnesota, EUA, Robert Barron, publicou, na rede social X, que tomou café da manhã com Kirk, há cerca de quatro anos, e falou com ele sobre teologia. Kirk tinha programado aparecer no seu programa “Bishop Barron Presents”, em menos de duas semanas. “Foi, de facto, um grande debatedor e também um dos melhores defensores do discurso civil, no nosso país, mas era, antes de tudo, um cristão apaixonado”, recordou Barron.
“Na verdade, quando tomamos aquele café da manhã, em Phoenix, não falamos muito sobre política”. Conversamos sobre teologia, pela qual ele tinha um profundo interesse, e sobre Cristo. Sei que estou a unir-me a milhões de pessoas em todo o Mundo em orações para que ele descanse agora na paz do Senhor”, disse Barron.
Kirk também se uniu ao luto pelas vítimas do tiroteio na igreja católica da Anunciação, no mês de agosto, em Minneapolis. No seu programa, falou sobre como é possível acreditar em Deus, mesmo numa tragédia. “A cruz é a resposta de Deus ao mal”, disse Kirk, discorrendo: “A questão não deveria ser por que o mal existe, mas o que Deus fez a esse respeito? E a cruz é a resposta.”

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“Temos de nos importar novamente”, diz sobrinha de Martin Luther King, sobre o caso que ceifou a vida de Charlie Kirk.
Alveda King, sobrinha de Martin Luther King Jr., encorajou as pessoas a rezarem diante do assassinato do ativista cristão conservador Charlie Kirk num campus universitário. “Partiu o meu coração”, confessou Alveda King, sobre sua reação ao saber do assassinato. “Fiquei muito surpresa, quando recebi a notícia de que Charlie havia sido baleado, e o meu coração voltou-se, imediatamente, para ele e para a sua família, sua linda mulher e seus filhos pequenos”, disse ela a Raymond Arroyo, no programa The World Over with Raymond Arroyo, da EWTN.
“Tendo vivenciado esse tipo de ocorrência na minha própria família, imediatamente, comecei a orar”, contou. E passou a falar sobre a sua própria experiência com assassinatos políticos na sua família. Não só o seu tio, Martin Luther King, líder ativista pelos direitos civis dos negros, foi morto a tiros em 1968, mas o seu pai, o reverendo Alfred Daniel Williams King, também foi assassinado, assim como a sua avó, Alberta King. “Para mim, sou cristã”, disse Alveda King, desenvolvendo: “Ainda tenho a paz e a alegria do Senhor, mas é quase como um trauma ou um gatilho, quando essas coisas acontecem.” 
Porém, no meio do trauma, a ativista cristã encorajou os ouvintes a fazerem o que Martin Luther King disse: ter “respeito pela dignidade humana”.
“Precisamos de nos importar novamente”, disse King. “Precisamos de ver os seres humanos como seres humanos – do útero ao túmulo e ao além. Precisamos voltar a um ponto de cuidado, de amor, de arrependimento, de perdão. Aí está a resposta”, considerou.
Chamando Charlie Kirk de “homem de fé”, King disse que se lembrará dele com um versículo das Escrituras: “Agora permanecem a fé, a esperança e o amor. O maior deles é o amor” (1Cor 13,13). “É assim que me lembro de Charlie”, confessou.
Alveda King disse acreditar que, se Charlie Kirk, Martin Luther King ou o presidente John F. Kennedy ainda estivessem vivos, encorajariam as pessoas a não “buscarem as nossas respostas na Humanidade”. “Não encontraremos os nossos heróis na Humanidade, mas teremos de recorrer a Jesus nesses momentos”, disse King, refletindo: “Vivemos tempos tumultuosos, e os media levam-nos a retaliar, a revidar. […] “Quero dizer às pessoas que, se não concordas com alguém, não atires à pessoa. Ora, conversa e considera a sua posição. Mas essa violência é absolutamente errada.”
Esta é “uma época de violência, raiva, medo e frustração. Isso leva-me a dizer a todos: não temam, ouçam, amem, comuniquem”, exortou King.
Alveda King encorajou os ouvintes a “fazer algo de bom por alguém”, em memória de Charlie Kirk e em memória das vítimas da violência no 24.º aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, contra os EUA, que mataram cerca de três mil pessoas. “Gostaria de vos incitar a clamar pela paz, a clamar pela oração. E sei que Charlie gostaria que fizéssemos isso também”, concluiu.

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Em reação ao assassinato a tiro do ativista conservador cristão Charlie Kirk, o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, condenou o uso da violência contra alguém com que se discorda. “A posição da Santa Sé é que somos contra todos os tipos de violência”, disse o cardeal a jornalistas numa conferência, no Vaticano, no dia 11, acentuando: “Acreditamos que devemos ser muito, muito tolerantes, muito respeitosos com todos, mesmo que não compartilhemos da mesma visão. […] Se não formos tolerantes e respeitosos e formos violentos, isso criará um problema realmente grande na comunidade internacional e na comunidade nacional.”
Kirk, que debatia, frequentemente, com alunos, no campus, defendia, veementemente, a liberdade de expressão nas faculdades e criticava abertamente a discriminação contra cristãos e a ideologia de género. Fundou a organização conservadora Turning Point USA, em 2012, para promover a liberdade de expressão e os valores conservadores, nos campi universitários.

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O presidente dos EUA anunciou que as autoridades detiveram um suspeito do assassínio do ativista Charlie Kirk, numa universidade do Utah, mas não avançou o nome do detido, que as autoridades identificaram como Tyler Robinson, de 22 anos, natural do Utah.
Foi uma pessoa próxima do suspeito a denunciá-lo. A pessoa que o identificou procurou o pai do suspeito, que recorreu, por sua vez, a um US Marshal (agente de uma força de aplicação da lei federal). E, posteriormente, “o pai convenceu o filho”.
Na noite de 11 de setembro, um familiar de Tyler Robinson contactou um amigo da família, que contactou o gabinete do xerife do condado de Washington com a informação de que Robinson tinha confessado ou insinuado que tinha cometido o incidente. E os investigadores identificaram Robinson em imagens do campus universitário e entrevistaram um membro da sua família, o qual “disse que Robinson se tornou mais político nos últimos anos”. “Referenciou um incidente recente em que Robinson foi jantar, antes de 10 de setembro, e que, na conversa com outro membro de família falou sobre a vinda de Charlie Kirk UVU (Utah Valley University), porque não gostavam dele e os pontos de vista que ele tinha”, afirmou.
Spencer Cox, governador do Utah, relevou que se trata de “assassinato político” e de ataque “muito maior” do que a um indivíduo: “É um ataque à experiência americana, aos nossos ideais. […] Violência política é diferente de qualquer outro tipo de violência”, defendeu.
Também um colega de quarto de Robinson mostrou mensagens em que o contacto em nome dele dá informações sobre o local onde deixou uma arma. Além disso, havia inscrições em invólucros de balas não disparadas, como “fascista, toma”, “oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao” e “se estás a ler isto és gay, lmao”. De acordo com a Reuters, a música Bella Ciao faz parte de uma lista do Spotify de um movimento de extrema-direita crítico de Kirk. E, historicamente, a música é vista como um hino da resistência italiana contra o fascismo.

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O assassinato de Charlie Kirk foi condenado por vozes do Partido Republicano e do Partido Democrata. Aliás, todo o cidadão avesso à violência e aos ataques à liberdade condena este ato cruel. Em termos cristãos, o falecido é mártir, porque foi assassinado, enquanto testemunhava a sua fé. Em termos políticos, corporizava uma linha ideológica que está em ascensão no Mundo. E, apesar de todos se dizerem contra o assassinato, a extrema-direita poderá fazer do lamentável episódio um pretexto para ataque dobrado às liberdades, sob a bandeira de Kirk, o que é ilícito.

2025.09.12 – Louro de Carvalho

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