sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Especialista diz que Rússia sabota cabos submarinos da Europa

 

Shona Murray, em artigo intitulado “A Rússia está a sabotar os cabos submarinos da Europa – especialista em ciberespaço da NATO”, publicado pela Euronews, a 28 de novembro, dá-nos conta de que, segundo o que referiu, ao Europe Conversation da Euronews, James Appathurai, especialista sénior da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) em ameaças cibernéticas e híbridas, a Rússia está a levar a cabo ataques persistentes a cabos submarinos em toda a Europa, com uma organização de estilo “paramilitar”, que representa “a ameaça mais ativa” para as infraestruturas ocidentais.

James Appathurai, secretário-geral adjunto em exercício para a Inovação Híbrida e Cibernética, sustenta que os recentes ataques aos cabos de comunicação atribuídos pela aliança à Rússia fazem parte de um crescimento significativo das interferências cibernéticas, híbridas e outras, na Europa. Efetivamente, no início de novembro, foram cortados dois cabos no Mar Báltico, entre a Suécia e a Lituânia, e outro, entre a Alemanha e a Finlândia, o que alarmou a NATO e os estados-membros da União Europeia (UE), preocupados com a possibilidade de sabotagem.

A Appathurai foi mais explícito e claro, ao pormenorizar que “os Russos estão a levar a cabo um programa que têm, há décadas” – o “Programa Russo de Investigação Submarina”, eufemismo para “uma estrutura paramilitar, muito bem financiada, que está a mapear todos os nossos cabos e condutas de energia” – e precisou: “Têm os chamados navios de investigação. Têm pequenos submarinos por baixo. Têm veículos não tripulados, operados remotamente, mergulhadores e explosivos.” 

Os governos da Alemanha e da Finlândia vieram logo a terreiro culpar os potenciais sabotadores pelos aparentes ataques aos cabos. “Ninguém acredita que os cabos tenham sido danificados acidentalmente. Também não quero acreditar que as âncoras dos navios tenham causado os danos por acidente”, considerou Boris Pistorious, ministro alemão da Defesa.  

Por sua vez, Antti Häkkänen, ministro da Defesa finlandês, afirmou que a NATO precisa de fazer muito mais para defender as infraestruturas críticas do Ocidente. 

A Suécia informou que está a decorrer uma investigação sobre os cabos. E uma declaração conjunta dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, da França, da Polónia, da Itália, da Espanha e do Reino Unido sustenta que “a Rússia está a atacar sistematicamente a arquitetura de segurança europeia” e que “a escalada das atividades híbridas de Moscovo contra os países da NATO e da UE também não tem precedentes na sua variedade e escala, criando riscos de segurança significativos”. 

Cerca de 90% dos dados de comunicações digitais do Mundo passam pelos cabos submarinos. E passam diariamente cerca de 10 biliões de euros em transações financeiras. Para além dos cabos, as infraestruturas submarinas críticas incluem conetores de eletricidade e condutas que fornecem petróleo e gás.  

Por outro lado, Appathurai afirmou que os ciberataques, a desinformação e a interferência política também estão a aumentar.  “São a base. E tudo isto é em maior escala do que era anteriormente. O que há de novo é um novo apetite russo e uma campanha de sabotagem”, vincou, sustentando que esta campanha inclui “fogo posto, descarrilamento de comboios, ataques a propriedades de políticos, tentativas de assassinato, por exemplo, o chefe da Rheinmetal”, o maior fabricante alemão de armas, que fornece à Ucrânia importantes cartuchos de artilharia de 155 mm. 

Por fim, o colunista refere que os serviços secretos norte-americanos frustraram o plano de assassinato, em julho passado, que fazia, provavelmente, parte de um plano mais vasto para atingir os líderes da indústria de defesa que abastecem a Ucrânia.

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A sabotagem e a contrainformação sempre foram instrumentos relevantes na condução da guerra. Obviamente, nos tempos que correm, ganham novos contornos, podendo o furto ou a rutura de cabos submarinos ou subterrâneos parar meio mundo.

O agora apontado por James Appathurai foi antecipado, a 16 de novembro, pelo almirante Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), cujas afirmações foram veiculadas por vários órgãos de comunicação social.   

Segundo o CEMA – que afirmou haver um “trânsito cada vez mais intenso” (“de Norte para Sul e de Sul para Norte”) de navios russos na costa de Portugal, tendo cruzado, recentemente, águas portuguesas uma embarcação dedicada à espionagem –, num período muito curto, passaram em águas portuguesas três navios de guerra (duas fragatas e uma corveta), três de pesquisa científica, dois reabastecedores e um navio espião (que faz, normalmente espionagem eletrónica).

O almirante relevou que a Marinha acompanha este fluxo de navios russos com apertada vigilância. “A nossa resposta a isso é segui-los, controlá-los, mantê-los sob pressão constante com a nossa presença também constante”, afirmou aos jornalistas.

As declarações Gouveia e Melo foram proferidas, ente os jornalistas, na Base Naval de Lisboa, no Alfeite, por ocasião da chegada do navio D. Francisco de Almeida, fragata que participou numa missão da NATO com uma guarnição de 167 militares.

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A 19 de novembro, dia em que o presidente russo assinou o decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, o CEMA, advertindo que Portugal deve preparar-se para uma escalada da guerra (os militares levam isto a sério, como disse), sugeriu que Portugal siga o exemplo dos países nórdicos – que já começaram a preparar as suas populações, para “se a crise ou guerra vier”. Em declarações à SIC Notícias, dizia que, neste momento, a Rússia é a principal ameaça à segurança euro-atlântica e que o risco da escalada do conflito parece cada vez maior.

“Acho que a população deve estar informada. Essa discussão, em termos de um regime democrático, deve ser aberta e de forma esclarecida e esclarecedora. Não se devem criar preocupações exageradas, mas também não se deve minimizar, ao ponto de isso não ser sequer uma preocupação”, considerou.

Vladimir Putin assinou, no dia 19, o decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, dois dias depois de os Estados Unidos da América (EUA) terem autorizado a Ucrânia a atacar solo russo com mísseis de longo alcance, de fabrico e oferta norte-americana.

Numa conferência com os chefes dos três ramos das Forças Armadas, o CEMA aplaudiu o passo dos EUA. “Por que não? O que é que impede? É o medo da reação?”, questionou Gouveia e Melo. “Se é o medo da reação que impede, o melhor é baixarmos os braços e entregarmos, desde já, a vitória ao opositor [a Rússia] que usa isso de forma psicológica contra nós”, atirou.

Apesar da decisão de Putin, o CEMA acredita que um ataque nuclear não é opção para Putin. “Um conflito nuclear traria tantas desvantagens para todos os atores, que não me parece que esteja no horizonte de ninguém”, declarou à SIC, mas avisando que está em curso uma nova era de confrontação global com o alinhamento estratégico do “quarteto do caos”, como lhe chamou – composto pela Rússia, China, Irão e Coreia do Norteque pode colocar em risco a segurança de uma Europa a duas vozes.

O almirante, lamentando que Portugal não tenha capacidade de defesa adequada, criticou: “A nossa atual lei de progresso militar está em de cerca de quatro mil milhões de euros para o reforço das capacidades das Forças Armadas. Israel, numa noite, na defesa do Iron Dome, gastou dois mil milhões de euros… [longa pausa] Eu julgo que não preciso de dizer mais nada sobre a nossa capacidade de defesa aérea.”

O CEMA saúda a autorização concedida pelos EUA à Ucrânia para usar armas de longo alcance e insiste em dizer que Portugal deve estar pronto para possível escalada da guerra e que a população portuguesa deve estar informada sobre os riscos e consequências da escalada da guerra.

A Rússia, lembra Gouveia e Melo, é a principal ameaça à segurança euro-atlântica e o risco da escalada do conflito é cada vez maior, pelo que chegou a hora de o Estado seguir os exemplos que vêm de da Suécia, da Noruega e da Finlândia e informar a população sobre o que pode acontecer e como se preparar para uma possível guerra mundial.

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Estão a ser construídos no Norte de Portugal, abrigos subterrâneos resistentes a um desastre natural ou a um ataque nuclear. A ideia foi lançada por um antigo emigrante em França que cobra um mínimo de 150 mil euros pelos equipamentos mais pequenos. Pelos vistos, o anfitrião não quis ser identificado, mas abriu a porta à SIC, para revelar o abrigo que edificou a oito metros de profundidade. O refúgio secreto fica na região do Minho. Começou a ser pensado no início da pandemia e ganhou forma depois que a guerra voltou à Europa.

Refere a SIC que a edificação demorou quatro meses, custou cerca de 200 mil euros e será capaz de resistir a qualquer tipo de ataque ou de desastre. O abrigo tem cerca de 20 metros quadrados e foi concebido para funcionar em bolha. Tem fontes de água e energia independentes, assim como capacidade de regeneração de ar. Foi preparado para albergar quatro pessoas e tem autonomia de pelo menos um mês. A fortaleza que se diz ser inviolável foi projetada pela empresa de Rui Ribeiro, antigo emigrante em França, que apostou, há dois anos, numa ideia que diz ser muito mais do que um negócio. A guerra na Ucrânia pôs, na sua ótica, o Mundo à beira de um novo desastre nuclear. Além das ameaças do Kremlin, as centrais nucleares de Zaporijia e Kursk na Rússia arriscam tornar-se uma repetição do sucedido em 1986, quando Chernobyl atirou partículas radioativas, para distâncias superiores a três mil quilómetros.

O empresário diz que o Mundo está, há muito, a enviar sinais preocupantes, mas são poucos os que apostam na prevenção. Desde a Guerra Fria, a Suíça exige, pelo menos, um abrigo subterrâneo para cada nova construção. Hoje tem uma rede de quase 400 mil bunkers e está entre os países com maior taxa de cobertura. Em Portugal, o tema ainda faz parte do desconhecido.

Rui Ribeiro, garantindo trabalhar com material militar, diz seguir as normas que a Suíça aplica à construção de abrigos como os que está a vender em Portugal.

Além do aval da autarquia, a construção implica o estudo geológico do terreno. Só isso permitirá que as maquetes ganhem vida. A empresa oferece dois modelos de abrigo: o mais caro é construído no local em betão armado, enquanto o mais barato é feito a partir de contentores com três tamanhos possíveis. Vai gastar cerca de 150 mil euros na esperança de transformar este contentor num seguro de vida.

Em Portugal o mercado, a dar os primeiros passos, já divide opiniões. Há quem fale em segurança e em prevenção, como há quem fale em capricho e obsessão. E quem acredita estar a garantir a própria sobrevivência espera, acima de tudo, que esta porta fique sempre fechada.

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O Estado Português tem manifestado insistente apoio à Ucrânia, em termos financeiros e logísticos, mas não se tem metido no campo de batalha. Porém, como referia, a 28 de novembro, Região de Leiria, um jornal online, uma empresa das Caldas da Rainha que fornece drones à Ucrânia angaria 70 milhões para continuar a crescer. E Ricardo Mendes, CEO da Tekever, reafirmou “o compromisso de apoiar as forças ucranianas na sua luta pela soberania”.

A Tekever conseguiu um financiamento de 70 milhões de euros, proveniente de diversos investidores, entre os quais o Fundo de Inovação da NATO, na semana em que se cumpriram mil dias de guerra na Ucrânia, país ao qual a empresa tem fornecido equipamento. Outros dos apoiantes da ronda de financiamento O Fundo de Investimento Estratégico de Segurança Nacional do Reino Unido e a Crescent Cove Advisors LP, uma empresa de investimentos de Silicon Valley com experiência em defesa.

O investimento, anunciado no dia 20, destina-se “a apoiar o crescimento sustentável e facilitar a expansão geográfica para mercados prioritários [como os EUA], a inovação contínua de produtos e o aumento da capacidade de produção”, explicou, em comunicado, a Tekever, que tem o centro de engenharia – o coração do fabrico de drones – nas Caldas da Rainha.

“Como parte do seu plano de crescimento”, a empresa, que “já é rentável, irá acelerar os investimentos em investigação e desenvolvimento para apoiar a inovação, melhorar” os drones “existentes e desenvolver novas linhas de produtos”. O seu objetivo “é garantir que a sua tecnologia continue a liderar num cenário técnico em rápida evolução”, pelo que “irá também expandir a sua capacidade global de produção, entrega e suporte, de modo a responder à crescente procura pelos seus produtos e serviços”.

Patrick Schneider-Sikorsky, representante do Fundo de Inovação da NATO, referiu que “as tecnologias de sistemas aéreos não tripulados são essenciais para o avanço da defesa, para a segurança e para a resiliência”, adiantando que “a tecnologia da Tekever está a revolucionar os sectores de defesa, inteligência comercial, vigilância e reconhecimento”.

Passados mais de mil dias da invasão da Ucrânia pela Rússia, o CEO da Tekever reafirmou “o compromisso de apoiar as forças ucranianas na sua luta pela soberania”, frisando que a empresa “tem orgulho de colaborar”, fornecendo drones para “missões críticas de reconhecimento e vigilância de longo alcance”, desde a primavera de 2022.

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Enfim, particulares antecipam-se, na prevenção e na luta no terreno, a um governo que se refugia na retórica do apoio, mas que não quer ou não pode entrar na guerra, porque as suas forças armadas são exíguas em meios. Resta a alma e a solidariedade!

2024.11.28 – Louro de Carvalho

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