terça-feira, 15 de julho de 2025

“Parque Tejo” passou a designar-se “Parque Papa Francisco”

 
A atribuição do topónimo “Parque Papa Francisco” ao Parque Tejo – aprovada, no final de abril, pelo executivo municipal de Loures e, a 28 de maio, pelo executivo de Lisboa – traduz a homenagem de Lisboa, “fixando na sua identidade e memória o Papa da esperança”, falecido a 21 de abril, aos 88 anos.
Na altura, o executivo de Loures, liderado pelo socialista Ricardo Leão, indicou que o objetivo é “homenagear o legado de proximidade, justiça social e cuidado com o planeta que o Papa Francisco representa e perpetuar no território a memória da sua visita a Loures em 2023”, num espaço antes ocupado por contentores logísticos. A zona, lembrou Ricardo Leão, “esteve esquecida, durante décadas”, sendo devolvida, agora, à população.
Na nota divulgada, a 25 de junho, era referido que a inauguração, incluindo uma bênção solene pelo patriarca de Lisboa, Rui Valério, contaria também com a presença do cardeal Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ, aquando da realização do evento católico.
A proposta da nova designação teve os pareceres favoráveis das duas comissões municipais de Toponímia, e da Junta de Freguesia do Parque das Nações:
“Jorge Mario Bergoglio, filho de emigrantes italianos piemonteses, nasceu na capital argentina, Buenos Aires, no dia 17 de dezembro de 1936. Foi no seu país natal que se juntou à Companhia de Jesus, em 1958, e foi ordenado padre onze anos depois, num caminho que o levou a tornar-se arcebispo de Buenos Aires, em 1998, e cardeal, em 2001.
Deixou as suas funções, enquanto arcebispo de Buenos Aires, aos 76 anos, após tornar-se no primeiro Papa latino-americano da História, o 266.º da Igreja Católica, também o primeiro jesuíta, com um pontificado compreendido entre 13 de março de 2013, dia da sua eleição pelo Conclave, até à sua morte.
Nos cerca de doze anos que durou o seu pontificado, com Francisco de Assis como inspiração e exemplo, pela sua simplicidade e dedicação aos pobres, cumpriu a sua missão, enquanto Sumo Pontífice da Igreja Católica e Chefe de Estado do Vaticano, com uma postura reformista, descentralizadora, inclusiva, de proximidade, sublinhando a importância da misericórdia e da sua disseminação.
O seu mote, presente no brasão pontifício e que já o acompanhava enquanto bispo, é precisamente miserando atque eligendo, ‘olhou-o com misericórdia e escolheu-o’.
A sua ação foi marcada por gestos que comoveram o Mundo e não deixaram ninguém indiferente. Fez questão de construir pontes através do diálogo inter-religioso, como o atesta o Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum, assinado em conjunto com Ahmad Al-Tayyeb, Grão Imame da Mesquita de Al-Azhar, a grande sede do conhecimento do islão sunita.
Foi o Papa da proximidade com as pessoas, reconhecido pelo tom sereno e ponderado, pela forma de estar disponível e atenta, pela alegria que fazia transparecer na sua ação. O próprio afirmava que o Evangelho tinha de ser vivido com alegria. Foi isso que fez, surpreendendo tudo e todos, como quando, em abril de 2022, lavou e beijou os pés de um grupo de reclusos de uma cadeia italiana. Esta proximidade foi a sua marca, principalmente, para com os mais vulneráveis, a quem dedicou toda a energia do seu pontificado. Aqueles que procuram a paz, os mais pobres, os marginalizados, encontraram sempre no Sumo Pontífice uma voz ativa na sua defesa.
O seu pontificado significou um compromisso com o Mundo, num esforço de abertura da Igreja Católica ao Mundo atual. As suas quatro encíclicas representam respostas a desafios concretos que vivemos no quotidiano e na contemporaneidade, como as alterações climáticas, os efeitos da globalização e da digitalização, o ambiente, a sustentabilidade, os movimentos migratórios e a justiça social.
Em agosto de 2023, na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa [JMJ 2023], a primeira na História da capital portuguesa, na sua segunda visita oficial a Portugal, deixou uma mensagem especialmente marcante, transmitindo que na Igreja ninguém está a mais, há espaço para todos, ‘Todos, Todos, Todos!’, tendo como um dos momentos altos a vigília, no dia 5 de agosto, para cerca de um milhão e meio de pessoas, numa área da cidade regenerada e revitalizada, que agora se propõe que seja oficialmente designada ‘Parque Papa Francisco’.
Lisboa não irá esquecer um encontro tão mobilizador, agregador de povos e gerações provenientes do Mundo inteiro, com intervenções proferidas pelo Santo Padre no Parque Eduardo VII e no Parque das Nações, mensagens plenas de significado em prol da alegria, da compreensão, da inclusão, da generosidade, da entrega ao outro. Lisboa não esquecerá também a forma como o Papa Francisco escolheu visitar um dos nossos bairros, o Bairro da Serafina, mostrando, mais uma vez, o sentido do seu pontificado.
Lisboa viveu momentos excecionais e engrandeceu-se com a energia vibrante e tocante de uma personalidade de dimensão universal, merecedora da nossa homenagem de caráter excecional, como forma da cidade de Lisboa fixar na sua identidade e memória o Papa da esperança que recentemente nos deixou.”
A justificação não podia ter sido mais explícita.
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O “Parque Papa Francisco”, na Bobadela, em Loures, foi inaugurado, a 27 de junho, com uma cerimónia que incluiu a Bênção Solene, às 17h30, e o concerto, às 22h00, por Tony Carreira.
“Durante dois dias [27 e 28], vários momentos culturais e musicais prometem muita animação a quem se deslocar ao parque, que terá entrada livre”, lia-se, numa nota enviada à Agência Ecclesia.
A programação incluiu, ainda, na noite de dia 27, o espetáculo “Francisco, todos juntos na casa comum”, uma performance multimédia da companhia “Artelier? ART by TNR”.
No dia 28, as atividades continuaram, durante todo o dia, com propostas para “toda a família”, tendo-se destacado vários espetáculos musicais e desfile de marchas populares.
O “Parque Papa Francisco”, instalado numa área de 35,6 hectares, por conta do município de Loures, num total de 100, sedo o restante por conta do município de Lisboa (que integra o parque), é um novo espaço de lazer e de convívio que, no futuro, terá zonas “de restauração, parques infantis, parque canino, skate park, campos de padel e diversos equipamentos desportivos”.
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A Bênção Solene foi presidida pelo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, que considerou que era “um dia muito feliz” e “uma ocasião para dar os parabéns à Câmara Municipal de Loures pela iniciativa”, mas, sobretudo, pela maneira como “de uma forma tão natural, bem ao jeito do Papa Francisco”, quer deixar à posteridade “uma recordação, uma saudade, uma memória” do que foram momentos “verdadeiramente únicos” que se viveram, em Portugal, na JMJ 2023, “mas que teve um alcance em tudo o Mundo”.
“O Papa Francisco, hoje, sorri a partir do céu, porque vem ao encontro daquilo que ele foi promovendo, sobretudo na Laudato si’, quando dizia que a Natureza é para estar integrada com a vida do ser humano. E aquilo que nós encontramos aqui é exatamente isso, é a inclusão na sua plenitude e no seu todo: temos, por um lado, a Natureza, temos, por outro lado, a possibilidade de as pessoas caminharem, de as pessoas aqui transitarem, se reunirem com família, descontraírem”, disse D. Rui Valério, à Agência Ecclesia.
“Os frutos da Jornada Mundial da Juventude é este encontro, esta alegria, é a nossa esperança, é o olhar para a vida e fazer vingar aquilo que é o nosso ser, a nossa identidade de seres humanos, não obstante estarmos envolvidos pela tecnologia, pela indústria, mas o ser humano está integrado dentro desse contexto, não se deixa dominar, antes pelo contrário. E, portanto, isso é um fruto maravilhoso daquilo que a JMJ nos deixou”, desenvolveu D. Rui Valério.
O bispo de Setúbal, cardeal D. Américo Aguiar, esteve na inauguração do “Parque Papa Francisco”, uma zona verde de lazer que surge a partir da recuperação de uma área de contentores no concelho de Loures que foi limpa e preparada para acolher os eventos finais da JMJ e que, agora, é convertida em parque urbano, para fruição da população.
O espaço de mais de 35 hectares é um dos frutos da JMJ “muito visível, muito palpável”, disse D. Américo Aguiar no final do evento. “Nós, numa cidade como Lisboa ou Loures, numa área metropolitana como Lisboa, de um momento para o outro ter disponíveis, eu não sei se no total eram quase 30 hectares, já não me lembro dos números, é qualquer coisa impensável nos tempos que correm. E, portanto, este legado é importantíssimo, para o futuro da área metropolitana de Lisboa”, referiu.
O prelado confessou “emoção” pelo facto de ter sido possível entregar, agora, à população um espaço que estava fechado a esta, em virtude da poluição e dos contentores que ali se encontravam, há décadas. “É particularmente emocionante nós estarmos aqui a testemunhar publicamente um ato de homenagem à presença do Papa neste local e, de um modo especial, algo único na História das Jornadas Mundiais da Juventude, que é um legado desta dimensão, seja falando de ecologia, seja falando de economia, para este município, para esta terra e para a grande área metropolitana de Lisboa, que é um parque verde, com vários hectares que será, certamente, referência para o futuro do lazer destas comunidades. “Essa possibilidade, que foi, graças a Deus, concretizada, concretizada com o apoio de todos, de todos os partidos, de todos os envolvidos na gestão autárquica, na gestão do governo do país, e isso é muito importante que se sublinhe, não foi o partido A contra o B, nem o C contra o D, mas foi um consenso transversal à sociedade, aos partidos, naquilo que nós sentimos de apoio na organização da jornada, e agora naquilo que é usufruirmos deste espaço para todos, todos, todos”, considerou.
O presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, destacou o impacto profundo que a JMJ teve no concelho: “É algo que nós nunca mais esqueceremos e nunca mais iremos viver. A JMJ deu uma projeção ao nosso país, mas, particularmente, a Loures, como nunca antes”.
Com emoção, o autarca relembrou a transformação urbanística que o evento permitiu: “Passar aqui e ver estes contentores que faziam seis e sete pisos… era algo que quem vivia aqui não gostava de ver. Só mesmo o Papa Francisco e a JMJ permitiram que os contentores saíssem daqui, definitivamente, e pudéssemos usufruir deste parque.”
Para Ricardo Leão, a atribuição do nome “Parque Papa Francisco” foi uma escolha natural e unânime. “Foi decisão da Câmara Municipal de Loures, por unanimidade, darmos o nome deste parque ao Papa Francisco, porque é mais do que merecido. Este é o legado que deixamos à população do concelho de Loures: um espaço de lazer, de encontro e de memória”, explicou.
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Localizado em terrenos dos concelhos de Lisboa e de Loures, num total de cerca de 100 hectares, o “Parque Papa Francisco”, anteriormente, “Parque Tejo”, nasceu após a transformação de uma lixeira, o aterro sanitário de Beirolas, num parque verde, no âmbito da preparação da JMJ 2023. Esta zona ribeirinha do Tejo, a norte do Parque das Nações, em território dos concelhos de Lisboa e de Loures, recebeu uma vigília noturna e a missa final do encontro mundial, com  a presença do Papa Francisco, tendo juntado cerca de 1,5 milhões de pessoas, na maioria jovens.
A inauguração do “Parque Papa Francisco”, na área do concelho de Lisboa, ficou agendada para este mês de julho, mas os presidentes das duas autarquias asseguraram que “não há nenhuma desunião”.Em julho aqui estaremos para a inauguração do ‘Papa Francisco’, do lado de Lisboa, mas eles [os dois territórios, inclusive o de Loures] são um parque. Aliás, pela primeira vez, com a ponte no Rio Trancão, nós estamos ligados. Pela primeira vez, as pessoas passam de um lado para o outro, portanto, temos a prova da união total”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas.
O autarca de Lisboa falava à margem da inauguração do prolongamento da carreira de autocarros 731 da empresa municipal lisboeta Carris, em que o percurso, que parte da Avenida José Malhoa, foi alargado no concelho de Loures, chegando até Sacavém, em vez de terminar na Portela. E, ao lado de Ricardo Leão, presidente da Câmara de Loures, Carlos Moedas disse que houve um diálogo para conciliar uma inauguração conjunta do “Parque Papa Francisco” entre os dois municípios onde está localizado, mas tal não foi possível, por dificuldades de agenda.
Apesar de a inauguração do “Parque Papa Francisco” contar com dois momentos diferentes, um em Loures e outro em Lisboa, o autarca lisboeta assegurou que “não há nenhuma divisão, há uma união”.Todos unidos naquele que é o nome de um homem que mudou o Mundo, que nos inspirou e que esteve connosco”, reforçou Carlos Moedas, referindo-se a Francisco.
“Vamos ter dois momentos, porque eu acho que merece. O Papa Francisco merece e o Parque Papa Francisco é um parque muito grande. São 70 campos de futebol do lado do Loures [70 hectares] e são 30 campos de futebol [30 hectares] em dimensão do lado de Lisboa”, expôs o autarca de Lisboa, destacando a ligação entre os dois concelhos.
Também o presidente da Câmara de Loures garantiu que “não há nenhuma desunião [entre os dois concelhos], antes pelo contrário”, explicando que a razão pela qual não se conseguiu conciliar uma inauguração conjunta com Lisboa é que o seu concelho iria ter, “no próximo fim de semana uma grande concentração motard, naquele espaço”. “E iniciamos o mês das festas do concelho de Loures, portanto, não tinha outra data, que não esta”, indicou Ricardo Leão.
Referindo que Loures e Lisboa estão “sempre a trabalhar juntos”, o autarca do Partido socialista (PS) realçou que a atribuição do nome do Papa Francisco ao Parque Tejo foi articulada entre os dois municípios, “para ser um parque único”.
“Quero aqui reforçar que há autarcas, neste país, que colocam as pessoas em primeiro lugar, acima dos partidos políticos”, destacou o socialista Ricardo Leão, referindo-se à boa cooperação com o social-democrata Carlos Moedas, com quem tem trabalhado em conjunto, e frisando que “o interesse principal”, enquanto presidentes de câmaras, é servir as pessoas.
Assim seja sempre!

2025.07.15 – Louro de Carvalho


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