sábado, 26 de julho de 2025

Está inteiramente inaugurado o Parque Papa Francisco, em Lisboa-Loures

 
A Câmara Municipal de Lisboa inaugurou, a 24 de julho, com a bênção do patriarca de lisboa, D. Rui Valério, o Parque Papa Francisco, espaço que acolheu a Jornada Mundial da Juventude Lisboa de 2023 (JMJ2023), e o patriarca de Lisboa considerou que tal ação constituiu um “gesto profético”. Ficou, deste modo, inaugurada a totalidade do parque que, dantes, era denominado “Parque Tejo”. Com efeito, a Câmara Municipal de Loures tinha já procedido à inauguração, com a bênção do mesmo dignitário eclesiástico, por ocasião das festas do seu município.   
“E é [gesto] profético no sentido em que, ao mesmo tempo que celebra um acontecimento belo, de verdade, de beleza, de encanto, de paz, denuncia todas aquelas situações que, atualmente, estão a acontecer, seja em Gaza, seja em tantas geografias do Mundo onde a paz ainda não existe”, afirmou D. Rui Valério, em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia.
A inauguração do Parque Papa Francisco, realizada no altar-palco do antigo Parque Tejo, contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, do cardeal D. Américo Aguiar, então presidente da Fundação JMJ, além de vereadores da autarquia e do encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica, monsenhor José António Teixeira Alves, que leu uma mensagem do Papa Leão XIV.
D. Rui Valério, patriarca de Lisboa considera que o “Parque Papa Francisco não está verdadeiramente só ao serviço de Lisboa e dos lisboetas”, mas “ao serviço da humanidade”, sobretudo, quando recorda que ali a “diversidade não foi fator de individualidade”, mas “criador da fraternidade, de proximidade e de paz”.
“Eu prevejo que vai ter muito sucesso e vai ser, não vou dizer que vai ser decisivo, mas vai ser muito importante, em termos de ser uma alavanca para uma cultura de proximidade e uma cultura de entendimento”, realçou.
Na cerimónia, D. Rui Valério abençoou o espaço e lembrou a JMJ2023, um “acontecimento que trouxe a Lisboa pessoas oriundas de todas as proveniências”, observando que, naqueles dias, a capital portuguesa foi “um microcosmos, um lugar onde a diversidade não foi motivo de conflitualidade, de desentendimento”. “Antes pelo contrário. Nós assistimos aqui a Lisboa a esse milagre, a essa maravilha de ver e de verificar como na diferença se constrói unidade”, enfatizou.
Para o patriarca e metropolita da província eclesiástica de Lisboa, a inauguração daquele lugar “não é apenas um memorial à paz, mas o Parque Papa Francisco quer ser uma fonte de inspiração para a paz”. E D. Rui Valério desejou que quem frequenta aquele parque verde “se sinta impelido para que, contemplando o Mundo”, emita dali “não só um desejo, mas uma vontade de construir a paz, para que todas as nações façam das suas diferenças, das suas diversidades, não fonte de conflito, mas fonte de unidade e de entendimento”.
Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, acredita que a realização da JMJ2023 com um milhão e meio de jovens foi o “produto de um homem, do carisma de um homem”, que se chama Papa Francisco. E valoriza a marca que o antecessor de Leão XIV deixou em Lisboa e no Mundo, destacando os dias em que esteve na capital, em agosto de 2023, que “marcaram, de forma irrepetível, inesquecível”, aquilo a cidade lisboeta é. “Não houve nenhum evento no nosso país, não houve nenhum momento na nossa cidade que se comparasse àquilo que vivemos”, assinalou.
“Às vezes, estou com os jovens e digo-lhes: ‘Acreditem no futuro!’. Mas, para isso, temos de fazer esse esforço de união e temos de fazer esse esforço de falar uns com os outros, num Mundo tão polarizado. A mensagem do Papa Francisco era essa. O ‘todos, todos, todos’ era a capacidade de falarmos uns com os outros, era a capacidade de nos ouvirmos, nos compreendermos, da paz”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na sua intervenção, durante a cerimónia.
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A inauguração do Parque Papa Francisco, anteriormente designado de Parque Tejo, espaço verde que liga Lisboa ao concelho vizinho de Loures, ocorreu no palco-altar da JMJ e foi realizada no âmbito do 16.º World Scout Moot (WSM), um evento que reúne milhares de escuteiros de todo o Mundo, que estão acampados no local.
Acompanhado do patriarca de Lisboa, Rui Valério, que abençoou o Parque Papa Francisco, Carlos Moedas, lembrou a JMJ 2023 como um evento que foi “além da Igreja Católica, que tocou todas as religiões, que tocou todos os cidadãos desta cidade”.
“Nós tínhamos de agradecer ao Papa Francisco, dando-lhe o nome deste parque”, vincou o autarca, destacando a mensagem de união e de paz a JMJ, resumida a: “Todos, todos, todos”.
Carlos Moedas realçou ainda a marca “inesquecível” de Francisco, que, em 2023, juntou 1,5 milhões de pessoas, em Lisboa, durante a JMJ, em que se viveram “momentos únicos de união, de união da cidade, de união do Mundo”.
Do lado de Lisboa, o Parque Papa Francisco tem 30 hectares de espaço verde, que já a ser utilizado pela população, mas que a autarquia pretende “melhorar e ter mais projetos”, excluindo o betão.
O patriarca de Lisboa considerou a homenagem ao Papa Francisco como “um gesto profético”, lembrando – nunca é de mais insistir – a capacidade que teve de juntar “pessoas oriundas de todas as proveniências”, durante a JMJ: “Não é apenas um memorial à paz, mas o Parque Papa Francisco quer ser uma fonte inspiração para a paz”, considerando que este espaço denuncia também as situações onde a paz ainda não existe, desde a Ucrânia a Gaza.
Papa Leão XIV também se fez presente nesta cerimónia, com uma mensagem escrita, em que agradeceu aos municípios de Lisboa e de Loures a decisão de dar ao Parque Tejo o nome do Papa Francisco. Nessa mensagem, Leão XIV disse que “revive, com gratidão, os lindos momentos passados em Portugal [ele também esteve em Lisboa na JMJ] e recorda o rosto feliz do Papa Francisco no meio dos jovens de todas as partes do Mundo, marcados pelas mais variadas culturas e unidos pela mesma alegria”, esperando que se perpetue “o eco do seu veemente apelo à paz”.
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Considerando que as próximas eleições autárquicas já estão marcadas para 12 de outubro e que, por isso, está já proibida a publicidade institucional, por parte da administração pública, inclusive de obras, “salvo em caso de grave e urgente necessidade pública” (e o caso do 16.º World Scout Moot equipara-se-lhe), Carlos Moedas, que é candidato, foi questionado sobre esta inauguração.
“Sou presidente da câmara durante quatro anos e aquilo que faço é como presidente da câmara [...]. Todos os dias estou a trabalhar, todos os dias estou a concluir obras, todos os dias estou a fazer cidade e, portanto, eu tenho de estar presente e, portanto, vou estar presente, porque sou presidente da câmara. Sou também candidato para as próximas eleições, como é óbvio, mas não vou fazer mais nenhum comentário”, declarou.
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Como referimos, Leão XIV uniu-se à cerimónia de inauguração do Parque Papa Francisco, em Lisboa, através de uma mensagem, manifestando a vontade de que o apelo à paz do antecessor se eternize. “O atual sucessor de Pedro formula votos de que, com o ato de vincular o espaço onde decorreu a última fase da Jornada Mundial da Juventude à figura inspiradora do Papa Francisco, se perpetue o eco do seu veemente apelo à paz, à convivência fraterna, à construção de pontes, ao diálogo entre gerações, ao cuidado da natureza, à oferta de uma sólida esperança para os nossos jovens e crianças”, refere o texto.
O encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica, monsenhor José António Teixeira Alves, foi o responsável pela leitura da mensagem, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, numa cerimónia em que participaram também o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, o patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, e o cardeal D. Américo Aguiar.
O Papa Leão XIV agradeceu a quem teve “tão nobre iniciativa” de atribuir o nome do Papa Francisco ao Parque Tejo, que acolheu a JMJ2023, associando-se ao momento e saudando todos os que nele participam.
O Sumo Pontífice “revive, com gratidão, os lindos momentos passados em Portugal e recorda o rosto feliz do Papa Francisco no meio dos jovens de todas as partes do Mundo, marcados pelas mais variadas culturas e unidos pela mesma alegria”.
Leão XIV recordou o momento da vigília durante a JMJ Lisboa 2023, a 5 de agosto, em que, naquela zona ribeirinha, Francisco “desafiou os presentes a pensar em alguém que tivesse sido nas suas vidas um raio de luz”. “Hoje, com a presente homenagem, evocar a pessoa luminosa de Francisco não faz olhar só para trás, mas convoca a promover a cultura da amizade social de abertura a todos, todos, todos, com uma particular preferência pelos pobres, tal como o ensina Jesus Cristo”, destacou.
No final da mensagem, confiante de que o testemunho do seu antecessor será guardado, o Papa, com sentimentos de viva comunhão, assegurou, nas suas orações, uma particular lembrança de D. Rui Valério e de todos os habitantes da zona metropolitana de Lisboa e, de bom grado, invocou “sobre as respetivas autoridades civis, eclesiásticas e militares copiosas bênçãos celestiais”.
A cerimónia ficou marcada pelo descerramento de uma placa evocativa da atribuição do topónimo “Parque Papa Francisco”, das intervenções de D. Rui Valério, que abençoou o espaço, e de Carlos Moedas, seguindo-se um momento musical protagonizado pelo padre Vítor Silva.
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Por sua vez, no recinto do Parque Papa Francisco, nos dia 24 e 25 de julho cerca de sete mil e 500 escuteiros católicos e escoteiros de todo o Mundo reuniram-se para o arranque do WSM, que decorre, em todo o país, até 2 de agosto.
No dia 24, junto ao rio Tejo, já se viam centenas de tendas e foram vários os jovens que aproveitaram para assistir à inauguração do parque Papa Francisco e rezar durante a cerimónia. Para Inês Graça, diretora do evento, este foi um momento “marcante e emocionante”.
“É um sentimento e uma vivência de homenagear o Papa Francisco, de homenagear a fraternidade e a paz, neste momento, mas também, neste momento em que o Mundo está, de conseguirmos dar esta luz e este brilho aos jovens com o Papa Francisco. É um sinalzinho muito grande de esperança e de iluminação que temos”, acredita.
O programa do WSM conta com percursos pedestres, organização de debates, visitas a monumentos e atividades de serviço à comunidade, realização de jogos e “workshops” e visitas aos arredores, enquanto se deslocam em diferentes rotas por Portugal. A 30 de julho, em Ovar, os participantes chegarão a Cortegaça, no concelho de Ovar, para o acampamento final.
Enfim, mais uma iniciativa a mobilizar pessoas, nomeadamente, jovens!

2025.07.26 – Louro de Carvalho


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