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Monsenhor Thibault Verny nasceu em Paris, a 7 de novembro de 1965. Depois de se formar em Engenharia Física na École Supérieure de Physique et de Chimie Industrielles, de Paris, ingressou no Seminário Arquidiocesano. Posteriormente, frequentou o Pontifício Seminário Francês, em Roma, e obteve a licenciatura em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), também em Roma.
Foi ordenado sacerdote, a 27 de junho de 1998, para a arquidiocese de Paris. Depois, entre 1999 e 2005, foi vigário da paróquia de Saint-Honoré-d’Eylau, capelão do colégio e liceu Janson-de-Sailly, do grupo de escoteiros de Saint-Louis e do colégio Eugène-Delacroix, entre 2001 e 2005, quando se tornou pároco de Notre-Dame de Lorette, cargo que exerceu até se tornar bispo. Entre 2007 e 2016, foi reitor da Magenta-Lafayette Deanery e, desde 2014 até 2016, foi também delegado diocesano para as vocações sacerdotais e religiosas e vigário-geral. Entre 2008 e 2016, foi Oblato do Mosteiro Olivetano de Notre-Dame de la Sainte-Espérance, em Mesnil Saint-Loup.
A 25 de junho de 2016, foi nomeado, pelo Papa Francisco, bispo titular de Lamzella e auxiliar de Paris. Recebeu a ordenação episcopal, a 9 de setembro seguinte, na catedral de Notre-Dame de Paris, das mãos do cardeal André Armand Vingt-Trois , arcebispo de Paris, coadjuvado por Éric Marie Pierre Henri Aumonier, bispo de Versalhes, por Renauld Marie François Dupont de Dinechin, bispo de Soissons, Laon et Saint-Quentin, por Jérôme Daniel Beau, bispo auxiliar de Paris, e por Jean-Pierre Batut, bispo de Blois. E, a 11 de maio de 2023, foi elevado a arcebispo de Chambéry e bispo de Saint-Jean-Maurienne e Tarentaise.
Na Conferência Episcopal Francesa (CEF), é presidente do Conselho para a Prevenção e Luta contra a Pedofilia.
Em comunicado, o seu antecessor na presidência da Comissão, D. Seán Patrick O’Malley – cujo pedido de renúncia ao múnus de arcebispo de Boston foi aceite pelo Papa Francisco, a 5 de agosto de 2024, por ter deixado de ser cardeal eleitor, devido a ter completado 80 anos de idade – começa por salientar que o Papa Leão XIV “afirmou a prioridade contínua do trabalho” da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores para a Igreja Universal, ao nomear D. Thibault Verny, arcebispo de Chambéry, na França. Depois, acentua que testemunhou a “dedicação” de D. Thibault Verny à prevenção de abusos na Igreja, pois trabalhou de perto com o arcebispo nesta comissão, desde 2022, para lá das “importantes contribuições para o trabalho” deste organismo, e lembra que tem “anos de profunda experiência” de trabalho com as autoridades policiais, com outras autoridades civis e com a liderança da Igreja, “para garantir a responsabilização pelas graves falhas da Igreja em França”.
“É uma bênção para todas as pessoas que o Papa Leão tenha confiado a liderança da Comissão ao arcebispo, um líder colaborativo empenhado em fazer avançar a adoção global da proteção e da salvaguarda, para garantir, da melhor forma possível, a segurança daqueles que estão ao cuidado da Igreja, em todo o Mundo”, acrescentou o cardeal frade capuchinho.
D. Seán Patrick O’Malley homenageou também o Papa Francisco, que instituiu a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores da Santa Sé e lembra que, ao longo dos anos, a equipa estabeleceu “políticas e procedimentos de proteção e de salvaguarda, sempre consciente da importância do reconhecimento, da resolução e da paz para todas as pessoas afetadas por abusos”.
“Desejo também expressar a minha gratidão a Sua Santidade o Papa Leão XIV, por garantir que a Comissão continue a ser uma prioridade para a Igreja. As palavras e os atos do Santo Padre, nestes primeiros meses do seu pontificado, asseguram ao Mundo que a Igreja não se tornará complacente nos seus esforços para assegurar, da melhor forma possível, a proteção das crianças, dos adultos vulneráveis e de todas as pessoas nas nossas comunidades”, declarou o presidente emérito deste organismo eclesial.
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“Com profunda humildade e sincera gratidão, agradeço ao Santo Padre, o Papa Leão XIV, pela minha nomeação. Estou honrado com a confiança que depositou em mim, plenamente consciente da grave e sagrada missão confiada à Comissão: ajudar a Igreja a tornar-se cada vez mais vigilante, responsável e compassiva na proteção dos mais vulneráveis”, declarou o arcebispo D. Thibault Verny, em comunicado, após a sua nomeação, enviado à Agência Ecclesia, pela sala de imprensa da Santa Sé.
O presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de
Menores do Vaticano adiantou que as suas prioridades incluem o apoio às Igrejas
locais, especialmente, às que ainda enfrentam desafios na implementação de
medidas eficazes de tutela.
“Promoveremos a subsidiariedade e o compartilhamento
equitativo de recursos, para que todas as partes da Igreja, independentemente
da sua localização ou da sua realidade, possam assegurar os mais altos padrões
de proteção”, salientou o arcebispo.
A presidência da Pontifícia Comissão para a Proteção de
Menores da Santa Sé estava entregue ao cardeal Seán Patrick O’Malley, desde a
sua criação, mas o novo responsável, o arcebispo francês, reafirma o seu
compromisso em dar continuidade ao legado do cardeal capuchinho
norte-americano, que foi “bússola moral”, em tempos de dificuldade. “A sua
liderança corajosa e profética deixou uma marca indelével, não apenas na
Igreja, mas na sociedade como um todo. Ele foi incansável em garantir espaço
para que as vítimas fossem ouvidas, acreditadas e acompanhadas em sua busca por
justiça e cura”, porfiou D. Thibault Verny.
O responsável pela Pontifícia Comissão para a Proteção de
Menores da Santa Sé referiu também que conta com “a experiência, a sabedoria e
a dedicação” dos seus colegas na Pontifícia Comissão para levarem adiante,
juntos, essa missão vital para o presente e para o futuro da Igreja.
“Devemos continuar a implementar
uma mentalidade, uma cultura, dentro das Igrejas para difundir a proteção dos
menores e fazer com que isso se torne natural, tanto na Igreja como nas famílias,
e também na sociedade”, declarou o arcebispo.
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A Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores foi
instituída pelo Papa Francisco, em março de 2014. Agora, o presidente
salientou, em entrevista ao portal de notícias do Vaticano, “Vatican News”, que
“não tem a função de substituir as estruturas locais e as Conferências
Episcopais”. “Trata-se de conscientizar os diferentes episcopados, ordens e
congregações religiosas nos diversos países sobre a escuta e o acompanhamento
específico das vítimas. Dentro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores,
é fundamental que haja vítimas e [que] os seus pais e familiares que tragam a sua
experiência insubstituível”, especificou.
O “Vatican News” considerou que o prelado francês tem
uma “longa experiência pastoral e institucional na escuta das vítimas”, no
acompanhamento de processos de justiça e “na articulação com autoridades civis
e eclesiásticas”, foi presidente do Conselho para a Prevenção e o Combate à
Pedofilia, na Conferência Episcopal Francesa, até junho deste ano, tendo esta
função passado a ser desempenhada por D. Gérard Le Stang, bispo de Amiens.
O compromisso de D. Thibault Verny consolidou-se,
especialmente, no processo de criação da Comissão Independente sobre Abusos
Sexuais na Igreja (CIASE), culminando com o relatório Sauvé, e na instituição
da Instância Nacional
Independente de Reconhecimento e Reparação (INIRR), organismo voltado à
reparação e à indemnização das vítimas.
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De facto, é preciso combater,
até ao êxito total, os abusos sexuais de menores e de outras pessoas abrangidas
por especial fragilidade, seja na Igreja, seja noutros setores. Deixemo-nos de
preconceitos e de parcialidades: o mal deve ser combatido em todos os campos
onde se infiltrou, mesmo que tenha um só autor, uma só vítima, configure um só
ato. É imoral acusar, hipócrita e parcialmente a Igreja Católica e esconder o
que se passa noutros domínios, eclipsando outras realidades e outras
responsabilidades. Embora a Igreja Católica tenha obrigações maiores, nem por
isso mal deixa de ser mau o crime, quando praticado noutras latitudes. E, conquanto
as vítimas devam ser protegidas e compensadas e embora os criminosos devam ser
julgados e, eventualmente, condenados, penal e civilmente, não é lícito precipitá-los
no inferno, como tantas pessoas sustentam.
2025.07.07
– Louro de Carvalho
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