Em
entrevista ao “Tg2 Post do canal” público de TV da Itália, a RAI, transmitida
na noite de 18 de julho, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do
Vaticano, falou sobre o telefonema do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu,
ao Papa Leão XIV, que o exortou a esclarecer sobre o ataque que atingiu a Igreja
da Sagrada Família de Gaza, devendo às palavras seguirem-se ações.
Sobre a mediação da Santa Sé nos conflitos em curso, Pietro Parolin lembra que “é necessária vontade política para acabar com a guerra”. “Uma guerra sem limites”: é o julgamento sobre o que está a acontecer em Gaza, por parte do secretário de Estado do Vaticano, entrevistado, por telefone, na noite de 18 de julho, pelo programa de aprofunda neto “Tg2 Post”, da RAI.
O cardeal fala de “limites ultrapassados” e de “um desenvolvimento dramático”, invoca clareza sobre o que aconteceu, no dia 17, no ataque militar à Igreja da Sagrada Família de Gaza, que causou três mortos e 10 feridos, entre os quais o pároco, o padre Gabriel Romanelli. E, em relação às muitas guerras em curso, lembra que a Santa Sé está sempre aberta à mediação, mas “a mediação só é válida, quando as duas partes a aceitam”.
Depois, deteve-se no telefonema entre o Sumo Pontífice e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no dia 18.
Questionado sobre a avaliação que faz do telefonema de Benjamin Netanyahu ao Papa, respondeu que foi oportuno, pois não se podia deixar de explicar ao Papa o que aconteceu, de o informar, diretamente, do ocorrido, que é de uma gravidade absoluta.
“Portanto, acho que o telefonema foi positivo, acho positiva a vontade do primeiro-ministro israelita de falar diretamente com o Papa Leão. Agora, creio que há três coisas a esperar, na minha opinião, desse telefonema ao Papa Leão ou após esse telefonema: em primeiro lugar, que os resultados reais da investigação prometida sejam, realmente, divulgados. Porque a primeira interpretação que foi dada é a de um erro, mas foi assegurado que haveria uma investigação a esse respeito. Portanto, [Espera-se] que essa investigação seja realmente feita com toda a seriedade e que os resultados sejam conhecidos, divulgados. E então, depois de tantas palavras, finalmente, se dê espaço aos factos. Espero, sinceramente, que o que foi dito pelo primeiro-ministro se possa concretizar, o mais rápido possível, porque a situação em Gaza é, realmente, insustentável”, considerou o chefe da diplomacia vaticana.
Com a deixa do entrevistador de que “a sensação é que estamos diante de uma guerra sem limites”, o cardeal anuiu que se trata de “uma guerra sem limites, pelo que se pôde ver”. E interrogou-se: “Como se pode destruir e matar de fome uma população como a de Gaza?” E perorou: “Muitos limites já haviam sido ultrapassados. Por outro lado, nós dissemos isso, desde o início, como diplomacia da Santa Sé: a famosa questão da proporcionalidade. No que diz respeito a esse episódio, se for no sentido que [entrevistador] acabou de descrever, é um desenvolvimento dramático. Volto a dizer: vamos dar tempo para que nos digam, efetivamente, o que aconteceu: se foi, realmente, um erro, do que se pode legitimamente duvidar, ou se houve uma vontade de atingir, diretamente, uma igreja cristã, sabendo quanto os cristãos são um elemento de moderação, precisamente, no quadro do Médio Oriente e também nas relações entre Palestinianos e Judeus. Portanto, haveria, mais uma vez, a vontade de eliminar qualquer elemento que pudesse ajudar a chegar a uma trégua, pelo menos, e a uma paz, depois.”
Sobre o facto de haver muitas frentes de guerra abertas e sobre a possibilidade do que mais pode fazer a Santa Sé, em termos de mediação diplomática, o purpurado reiterou a permanência de constante abertura da Santa Sé, como já foi proposto em várias ocasiões. E avançou: “Além disso, vejo, realmente, difícil dar mais passos, também porque, se usarmos a palavra ‘mediação’, em termos técnicos, a mediação só é válida, quando ambas as partes a aceitam: deve haver disponibilidade por parte de cada um dos dois contendores, das duas partes em conflito, dos dois países ou dos dois povos em conflito, para aceitar essa mediação da Santa Sé. Continuaremos a insistir, como sempre fizemos, sem perder a esperança, mas, tecnicamente, é muito difícil. Por outro lado, [já se viu] quantas mediações externas ao Vaticano não funcionaram, até agora. É necessária vontade política para acabar com a guerra, sabendo que os custos de uma guerra são terríveis para todos, em todos os sentidos.”
Questionado se não vê essa vontade, o chefe da diplomacia vaticana, titubeou: “Infelizmente... Não quero ser muito negativo... Eu espero. O senhor [o entrevistador] citava-me as palavras de Netanyahu de que a trégua estaria próxima: eu gostaria de acreditar nisso.”
Além do padre Romanelli, ficaram feridas 10 pessoas, todas civis, e o vigário.
Ainda durante a noite do dia 17, o sacerdote argentino, recém-recuperado, celebrou missa com casula roxa, simbolizando o luto pelas pessoas que morreram. Segundo as agências de notícias, perderam a vida: o zelador da paróquia, Saad Issa Kostandi Salameh, de 60 anos, e duas mulheres: Foumia Issa Latif Ayyad, idosa de 84 anos, que recebia apoio, numa tenda da Caritas utilizada como centro de apoio psicológico à população, e Najwa Abu Dawud, que faleceu, horas depois, devido aos ferimentos sofridos.
As mensagens de pesar e condenação ao ataque que atingiu um lugar sagrado começaram a ser divulgadas, logo no dia 17. Em comunicado do departamento de comunicação, a Diocese de Roma disse estar “profundamente entristecida”: “a estratégia israelita não poupou, nem mesmo, a Paróquia Latina da Sagrada Família”.
Invocando o dom da paz “para aquela terra martirizada e continuando a pedir a libertação dos reféns”, Roma afirmou unir-se em oração pelas vítimas, expressou solidariedade às famílias e ainda invocou “a conversão dos carnífices”.
Após 600 dias de guerra e mais de 60 mil mortos palestinianos, continuou o comunicado da Diocese de Roma, “a comunidade internacional tem a obrigação de adotar todas as medidas diplomáticas para deter este absurdo e deplorável banho de sangue”.
A Conferência Episcopal Italiana também demonstrou solidariedade com a paróquia Sagrada Família de Gaza. Segundo comunicado do Departamento Nacional para as Comunicações Sociais, a presidência dos bispos italianos descreveu o ataque como “inaceitável” e, com consternação pelo ocorrido, expressou proximidade com a comunidade da paróquia atingida, com um pensamento especial nos que sofrem e nos feridos, entre os quais o padre Gabriel Romanelli.
No comunicado também veio a firme condenação à violência “que continua a semear destruição e morte entre a população da Faixa, duramente provada por meses de guerra”, e o apelo às partes envolvidas e à comunidade internacional “para que se calem as armas e se iniciem as negociações, único caminho possível para alcançar a paz”.
A presidência também agradeceu à presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Noemi Di Segni, pela mensagem de solidariedade recebida e a todos aqueles que, nestas horas, estão a manifestar proximidade com a Igreja Católica.
Também foi divulgada, em comunicado de imprensa, a mensagem de “profunda tristeza e de solidariedade” da Custódia da Terra Santa à comunidade cristã de Gaza.
Em comunhão com o Patriarcado Latino de Jerusalém, os cristãos da Terra Santa e o Papa Leão, “choramos as vidas perdidas e rezamos pelos feridos, pelas suas famílias e por toda a comunidade que continua a sofrer no meio da devastação sem sentido da guerra. Mais uma vez, denunciamos, com força, a realidade inaceitável e cínica na qual civis indefesos, locais de culto e estruturas humanitárias se tornam alvos de violência e de destruição. Pedidos póstumos de desculpas soam, infelizmente, como um refrão repetido, demasiadas vezes, para mascarar comportamentos bélicos que já não são mais aceitáveis”, explana o texto da mensagem, que condenou o sucedido: “Condenamos, firmemente, todo o ato que atinge a população civil e reafirmamos a urgência de um cessar-fogo imediato, do fim da guerra e do início de um processo que conduza a uma paz justa e duradoura. A cada dia que passa, o preço humano torna-se mais insuportável, o silêncio do Mundo mais ensurdecedor e a paralisia da comunidade internacional mais injustificável.”
A Custódia da Terra Santa finalizou o comunicado, afirmando unir-se, em oração, a todos os que trabalham pela paz, pela justiça e pela proteção de toda pessoa humana, “independentemente do povo ou religião. Nestes dias obscuros, pedimos ao Senhor da Paz que não abandone seu povo e converta os corações para a compaixão, responsabilidade e diálogo”.
A Caritas Internacional também exprimiu pesar pelo ataque e lamentou a morte de civis, na Igreja da Sagrada Família em Gaza. O secretário-geral, Alistair Dutton, disse estarem “devastados” com o ataque “a pessoas que estavam, simplesmente, a tentar sobreviver e haviam-se refugiado na igreja”. “As suas mortes são uma lembrança dolorosa das condições terríveis em que civis e profissionais da saúde vivem sob cerco. Lamentamos as vidas perdidas e apelamos a todas as partes para que respeitem a sacralidade da vida e os espaços que a protegem”, explicita o comunicado, segundo o qual o padre Gabriel Romanelli já vinha exortando as pessoas a permanecerem dentro dos seus quartos, pois os intensos bombardeamentos e as operações militares nas proximidades tornavam a área cada vez mais perigosa. “Se o padre Gabriel não nos tivesse alertado para ficarmos dentro de casa, poderíamos ter perdido de 50 a 60 pessoas, hoje. Teria sido um massacre”, informou ainda o secretário-geral.
A Caritas Internacional, em total solidariedade com os funcionários da Caritas Jerusalém e parceiros que trabalham sob cerco para servir as pessoas, reforça o apelo urgente para: “respeitar e proteger locais de culto e abrigos humanitários, conforme exigido pelo direito internacional humanitário; e garantir acesso irrestrito à ajuda humanitária, corredores seguros e apoio médico para civis.”
A confederação também se une ao Papa Leão XIV, que exorta a um cessar-fogo imediato e reafirma o apelo “ao pleno respeito ao direito internacional, ao direito internacional humanitário e ao direito internacional dos direitos humanos”.
A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) denunciou o ataque aéreo do dia 17 das Forças de Defesa de Israel (FDI) que atingiu a paróquia da Sagrada Família em Gaza, única igreja católica na Faixa de Gaza.
O bispo de Latina-Terracina-Sezze-Priverno, Mariano Crociata, presidente da COMECE, expressou “grande preocupação” com a notícia do recente ataque, que matou pelo menos três pessoas e feriu 12.
O bispo estava com uma delegação na Ucrânia numa visita de três dias para expressar sua solidariedade ao povo ucraniano e à Igreja no país afetado pela invasão militar russa.
Sobre a mediação da Santa Sé nos conflitos em curso, Pietro Parolin lembra que “é necessária vontade política para acabar com a guerra”. “Uma guerra sem limites”: é o julgamento sobre o que está a acontecer em Gaza, por parte do secretário de Estado do Vaticano, entrevistado, por telefone, na noite de 18 de julho, pelo programa de aprofunda neto “Tg2 Post”, da RAI.
O cardeal fala de “limites ultrapassados” e de “um desenvolvimento dramático”, invoca clareza sobre o que aconteceu, no dia 17, no ataque militar à Igreja da Sagrada Família de Gaza, que causou três mortos e 10 feridos, entre os quais o pároco, o padre Gabriel Romanelli. E, em relação às muitas guerras em curso, lembra que a Santa Sé está sempre aberta à mediação, mas “a mediação só é válida, quando as duas partes a aceitam”.
Depois, deteve-se no telefonema entre o Sumo Pontífice e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no dia 18.
Questionado sobre a avaliação que faz do telefonema de Benjamin Netanyahu ao Papa, respondeu que foi oportuno, pois não se podia deixar de explicar ao Papa o que aconteceu, de o informar, diretamente, do ocorrido, que é de uma gravidade absoluta.
“Portanto, acho que o telefonema foi positivo, acho positiva a vontade do primeiro-ministro israelita de falar diretamente com o Papa Leão. Agora, creio que há três coisas a esperar, na minha opinião, desse telefonema ao Papa Leão ou após esse telefonema: em primeiro lugar, que os resultados reais da investigação prometida sejam, realmente, divulgados. Porque a primeira interpretação que foi dada é a de um erro, mas foi assegurado que haveria uma investigação a esse respeito. Portanto, [Espera-se] que essa investigação seja realmente feita com toda a seriedade e que os resultados sejam conhecidos, divulgados. E então, depois de tantas palavras, finalmente, se dê espaço aos factos. Espero, sinceramente, que o que foi dito pelo primeiro-ministro se possa concretizar, o mais rápido possível, porque a situação em Gaza é, realmente, insustentável”, considerou o chefe da diplomacia vaticana.
Com a deixa do entrevistador de que “a sensação é que estamos diante de uma guerra sem limites”, o cardeal anuiu que se trata de “uma guerra sem limites, pelo que se pôde ver”. E interrogou-se: “Como se pode destruir e matar de fome uma população como a de Gaza?” E perorou: “Muitos limites já haviam sido ultrapassados. Por outro lado, nós dissemos isso, desde o início, como diplomacia da Santa Sé: a famosa questão da proporcionalidade. No que diz respeito a esse episódio, se for no sentido que [entrevistador] acabou de descrever, é um desenvolvimento dramático. Volto a dizer: vamos dar tempo para que nos digam, efetivamente, o que aconteceu: se foi, realmente, um erro, do que se pode legitimamente duvidar, ou se houve uma vontade de atingir, diretamente, uma igreja cristã, sabendo quanto os cristãos são um elemento de moderação, precisamente, no quadro do Médio Oriente e também nas relações entre Palestinianos e Judeus. Portanto, haveria, mais uma vez, a vontade de eliminar qualquer elemento que pudesse ajudar a chegar a uma trégua, pelo menos, e a uma paz, depois.”
Sobre o facto de haver muitas frentes de guerra abertas e sobre a possibilidade do que mais pode fazer a Santa Sé, em termos de mediação diplomática, o purpurado reiterou a permanência de constante abertura da Santa Sé, como já foi proposto em várias ocasiões. E avançou: “Além disso, vejo, realmente, difícil dar mais passos, também porque, se usarmos a palavra ‘mediação’, em termos técnicos, a mediação só é válida, quando ambas as partes a aceitam: deve haver disponibilidade por parte de cada um dos dois contendores, das duas partes em conflito, dos dois países ou dos dois povos em conflito, para aceitar essa mediação da Santa Sé. Continuaremos a insistir, como sempre fizemos, sem perder a esperança, mas, tecnicamente, é muito difícil. Por outro lado, [já se viu] quantas mediações externas ao Vaticano não funcionaram, até agora. É necessária vontade política para acabar com a guerra, sabendo que os custos de uma guerra são terríveis para todos, em todos os sentidos.”
Questionado se não vê essa vontade, o chefe da diplomacia vaticana, titubeou: “Infelizmente... Não quero ser muito negativo... Eu espero. O senhor [o entrevistador] citava-me as palavras de Netanyahu de que a trégua estaria próxima: eu gostaria de acreditar nisso.”
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O padre
Gabriel Romanelli, ferido numa perna, no dia 17, durante o ataque israelita à
Igreja da Sagrada Família na Faixa de Gaza, divulgou um vídeo na manhã seguinte
ao ocorrido, mostrando o local atingido, danificado, mas ainda em pé: “No meio
à destruição, o sino está a tocar”. A única igreja católica em Gaza, que se transformou,
durante a guerra, em refúgio para acolher moradores, “não está em silêncio”,
escreveu o sacerdote argentino, também amigo do Papa Francisco, que ligava
todos os dias, para ter notícias da pequena comunidade católica local. “Os
seus sinos tocam do coração da dor, e tocam: Paz! Ainda há fé nesta terra e ainda
há esperança nela. Que o Mundo ouça e que a paz encontre um caminho entre
as ruínas”. Além do padre Romanelli, ficaram feridas 10 pessoas, todas civis, e o vigário.
Ainda durante a noite do dia 17, o sacerdote argentino, recém-recuperado, celebrou missa com casula roxa, simbolizando o luto pelas pessoas que morreram. Segundo as agências de notícias, perderam a vida: o zelador da paróquia, Saad Issa Kostandi Salameh, de 60 anos, e duas mulheres: Foumia Issa Latif Ayyad, idosa de 84 anos, que recebia apoio, numa tenda da Caritas utilizada como centro de apoio psicológico à população, e Najwa Abu Dawud, que faleceu, horas depois, devido aos ferimentos sofridos.
As mensagens de pesar e condenação ao ataque que atingiu um lugar sagrado começaram a ser divulgadas, logo no dia 17. Em comunicado do departamento de comunicação, a Diocese de Roma disse estar “profundamente entristecida”: “a estratégia israelita não poupou, nem mesmo, a Paróquia Latina da Sagrada Família”.
Invocando o dom da paz “para aquela terra martirizada e continuando a pedir a libertação dos reféns”, Roma afirmou unir-se em oração pelas vítimas, expressou solidariedade às famílias e ainda invocou “a conversão dos carnífices”.
Após 600 dias de guerra e mais de 60 mil mortos palestinianos, continuou o comunicado da Diocese de Roma, “a comunidade internacional tem a obrigação de adotar todas as medidas diplomáticas para deter este absurdo e deplorável banho de sangue”.
A Conferência Episcopal Italiana também demonstrou solidariedade com a paróquia Sagrada Família de Gaza. Segundo comunicado do Departamento Nacional para as Comunicações Sociais, a presidência dos bispos italianos descreveu o ataque como “inaceitável” e, com consternação pelo ocorrido, expressou proximidade com a comunidade da paróquia atingida, com um pensamento especial nos que sofrem e nos feridos, entre os quais o padre Gabriel Romanelli.
No comunicado também veio a firme condenação à violência “que continua a semear destruição e morte entre a população da Faixa, duramente provada por meses de guerra”, e o apelo às partes envolvidas e à comunidade internacional “para que se calem as armas e se iniciem as negociações, único caminho possível para alcançar a paz”.
A presidência também agradeceu à presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Noemi Di Segni, pela mensagem de solidariedade recebida e a todos aqueles que, nestas horas, estão a manifestar proximidade com a Igreja Católica.
Também foi divulgada, em comunicado de imprensa, a mensagem de “profunda tristeza e de solidariedade” da Custódia da Terra Santa à comunidade cristã de Gaza.
Em comunhão com o Patriarcado Latino de Jerusalém, os cristãos da Terra Santa e o Papa Leão, “choramos as vidas perdidas e rezamos pelos feridos, pelas suas famílias e por toda a comunidade que continua a sofrer no meio da devastação sem sentido da guerra. Mais uma vez, denunciamos, com força, a realidade inaceitável e cínica na qual civis indefesos, locais de culto e estruturas humanitárias se tornam alvos de violência e de destruição. Pedidos póstumos de desculpas soam, infelizmente, como um refrão repetido, demasiadas vezes, para mascarar comportamentos bélicos que já não são mais aceitáveis”, explana o texto da mensagem, que condenou o sucedido: “Condenamos, firmemente, todo o ato que atinge a população civil e reafirmamos a urgência de um cessar-fogo imediato, do fim da guerra e do início de um processo que conduza a uma paz justa e duradoura. A cada dia que passa, o preço humano torna-se mais insuportável, o silêncio do Mundo mais ensurdecedor e a paralisia da comunidade internacional mais injustificável.”
A Custódia da Terra Santa finalizou o comunicado, afirmando unir-se, em oração, a todos os que trabalham pela paz, pela justiça e pela proteção de toda pessoa humana, “independentemente do povo ou religião. Nestes dias obscuros, pedimos ao Senhor da Paz que não abandone seu povo e converta os corações para a compaixão, responsabilidade e diálogo”.
A Caritas Internacional também exprimiu pesar pelo ataque e lamentou a morte de civis, na Igreja da Sagrada Família em Gaza. O secretário-geral, Alistair Dutton, disse estarem “devastados” com o ataque “a pessoas que estavam, simplesmente, a tentar sobreviver e haviam-se refugiado na igreja”. “As suas mortes são uma lembrança dolorosa das condições terríveis em que civis e profissionais da saúde vivem sob cerco. Lamentamos as vidas perdidas e apelamos a todas as partes para que respeitem a sacralidade da vida e os espaços que a protegem”, explicita o comunicado, segundo o qual o padre Gabriel Romanelli já vinha exortando as pessoas a permanecerem dentro dos seus quartos, pois os intensos bombardeamentos e as operações militares nas proximidades tornavam a área cada vez mais perigosa. “Se o padre Gabriel não nos tivesse alertado para ficarmos dentro de casa, poderíamos ter perdido de 50 a 60 pessoas, hoje. Teria sido um massacre”, informou ainda o secretário-geral.
A Caritas Internacional, em total solidariedade com os funcionários da Caritas Jerusalém e parceiros que trabalham sob cerco para servir as pessoas, reforça o apelo urgente para: “respeitar e proteger locais de culto e abrigos humanitários, conforme exigido pelo direito internacional humanitário; e garantir acesso irrestrito à ajuda humanitária, corredores seguros e apoio médico para civis.”
A confederação também se une ao Papa Leão XIV, que exorta a um cessar-fogo imediato e reafirma o apelo “ao pleno respeito ao direito internacional, ao direito internacional humanitário e ao direito internacional dos direitos humanos”.
A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) denunciou o ataque aéreo do dia 17 das Forças de Defesa de Israel (FDI) que atingiu a paróquia da Sagrada Família em Gaza, única igreja católica na Faixa de Gaza.
O bispo de Latina-Terracina-Sezze-Priverno, Mariano Crociata, presidente da COMECE, expressou “grande preocupação” com a notícia do recente ataque, que matou pelo menos três pessoas e feriu 12.
O bispo estava com uma delegação na Ucrânia numa visita de três dias para expressar sua solidariedade ao povo ucraniano e à Igreja no país afetado pela invasão militar russa.
Num contexto já marcado por
sofrimento e violência, a notícia do ataque à paróquia de Gaza é de “gravidade
ainda maior”, para a COMECE, diz a comissão.
O presidente
da COMECE também expressou solidariedade à pequena comunidade católica de Gaza,
que foi atingida num momento de extrema vulnerabilidade: “Ainda não sabemos, exatamente,
o que aconteceu, mas posso dizer que atos como esse renovam a nossa dor pela
disseminação da violência e nos obrigam a reafirmar a nossa firme oposição a
todas as formas de guerra e de conflito armado”. Enfatizou que a guerra, “onde
quer que ocorra, é sempre uma derrota para a humanidade e uma ferida na
dignidade de cada pessoa”. E disse também que a sua mensagem “surge do coração
de uma jornada vivida ao lado de um povo que, há muito tempo, suporta o peso da
guerra”. Por isso, com ainda mais convicção, “junto-me ao grito daqueles que
clamam por paz e por respeito a toda a vida humana, onde quer que ela esteja”,
disse também Mariano Crociata.
“Da Ucrânia, onde vivemos a maldade e a insensatez da guerra e as suas terríveis consequências, desejo enviar uma mensagem sincera de proximidade e solidariedade à comunidade cristã em Gaza e levantar as nossas vozes a pedir o fim da guerra e o respeito ao povo palestiniano”, disse o presidente da COMECE, garantindo que a COMECE vai continuar a monitorizar, de perto, os desenvolvimentos da situação e a apoiar todas as iniciativas que possam contribuir para uma paz justa, genuína e duradoura, tanto na Ucrânia como na Terra Santa.
“Da Ucrânia, onde vivemos a maldade e a insensatez da guerra e as suas terríveis consequências, desejo enviar uma mensagem sincera de proximidade e solidariedade à comunidade cristã em Gaza e levantar as nossas vozes a pedir o fim da guerra e o respeito ao povo palestiniano”, disse o presidente da COMECE, garantindo que a COMECE vai continuar a monitorizar, de perto, os desenvolvimentos da situação e a apoiar todas as iniciativas que possam contribuir para uma paz justa, genuína e duradoura, tanto na Ucrânia como na Terra Santa.
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Em Portugal,
o governo, surdo como convém, tem balbuciado uns “ais” contra alguns excessos
de Israel, mas o Parlamento, mais uma vez, negou-se a reconhecer o estado da Palestina.
Contudo, embora os nossos governantes façam finca-pé na solução de dois estados,
é de questionar: “Com quem?” 2025.07.19 – Louro de Carvalho
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