Leão XIV celebrou, a 20 de julho, o 56.º aniversário do pouso da Apollo 11 na Lua, com uma videochamada com o astronauta Buzz Aldrin e com uma visita ao observatório do Vaticano, Specola Vaticana, que fica na propriedade papal de Castel Gandolfo, na Itália, onde o Papa estava de férias, durante duas semanas.
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Leão XIV
estava numa pausa do calor de Roma, em Castel Gandolfo, retomando a tradição
que o Papa Francisco abandonou. A estadia do Pontífice estava prevista para
terminar no dia 20, mas a Santa Sé anunciou que Leão XIV prolongara a estadia
de duas semanas, por mais dois dias, até ao dia 22. No entanto, o Papa Leão disse
que ia estender a sua estadia em Castel Gandolfo, Itália, mas sem especificar
quando planeava regressar ao Vaticano. Efetivamente, depois de celebrar a missa
na catedral de São Pancrácio Mártir, voltou à vila papal de Castel Gandolfo,
para a oração do Angelus, onde disse:
“Dentro de poucos dias, depois destas duas semanas passadas aqui em Castel
Gandolfo, voltarei ao Vaticano.”Leão XIV expressou, assim, o seu desejo de continuar o seu período de descanso na histórica vila papal, que tem vista para o lago Albano e foi local para descanso de papas, durante séculos.
Até agora, a estadia do Papa em Castel Gandolfo teve momentos de descanso e de oração, além de audiências privadas. Por exemplo, na semana anterior, recebeu peregrinos ortodoxos gregos, católicos bizantinos e católicos latinos dos EUA, que participam numa peregrinação ecuménica a Roma, a Istambul (antiga Constantinopla) e a İznik (antiga Niceia), na Turquia.
No dia 21, o Pontífice visitou a casa de repouso Santa Marta, em Castel Gandolfo.
Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, o chegou à residência às 10h30, onde foi recebido pela comunidade de religiosas que administra a instituição local, a congregação das Irmãs de Santa Marta, fundada, em 1946, pelo Beato Tommaso Regio.
Depois de pausa para oração na capela, o ilustre visitante cumprimentou, pessoalmente, cerca de 20 idosos, com idades entre 80 e 101 anos, bem como uma jovem enfermeira. E, depois de rezarem, juntos, com alguns cânticos, Sua Santidade dirigiu-se a todos, destacando alguns temas dos cânticos e referindo-se ao Evangelho do passado domingo.
Leão XIV, salientando que, em cada pessoa, há uma parte de Santa Marta e uma parte de Santa Maria de Betânia, convidou os fiéis a aproveitarem esse tempo da vida para viverem a dimensão de Santa Maria: “Ouvir a palavra de Jesus e rezar.”
Depois, vincou a importância da oração, “tão importante, muito maior do que podemos imaginar”, e disse aos idosos que “a idade é indiferente: é Jesus que quer aproximar-Se de nós, que Se faz hóspede para nós, que nos convida a ser testemunhas, jovens ou não tão jovens”. “Vós sois sinais de esperança”, disse também Leão XIV. “Destes tanto na vida e continuais a ser esse testemunho de oração, de fé, uma família que oferece ao Senhor o que tem”, frisou.
Depois de rezar o Pai Nosso com as pessoas presentes no asilo, o Santo Padre permaneceu, mais um tempo, a visitar o asilo e voltou à villa Barberini, pouco antes das 11h30.
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Segundo a Sala
de Imprensa da Santa Sé, a ligação do Papa, por videoconferência, com Aldrin,
de 95 anos de idade, o último membro da tripulação da Apollo 11 que ainda está vivo, teve lembranças
da alunagem histórica de 1969 e uma meditação conjunta sobre o “mistério, a
grandeza e a fragilidade” da criação de Deus, conforme descreve o Salmo 8.Como referimos, o observatório do Vaticano fica na propriedade papal de Castel Gandolfo, a cerca de 29 quilómetros a Sudeste de Roma, desde a década de 1930, mas a História da instituição remonta ao século XVIII. Depois de vários anos de encerramento, no final do século XIX, o antecessor de Leão XIV, o Papa Leão XIII, refundou o observatório, em 1891.
Em 1993, o Grupo de Pesquisa do Observatório do Vaticano, que abriu um segundo centro de pesquisa na Universidade do Arizona em Tucson, nos Estados Unidos da América (EUA), em 1981, concluiu a construção do telescópio de Tecnologia Avançada do Vaticano, no monte Graham, Arizona, nos EUA.
A chamada em vídeo na noite de 20 de julho, entre Leão XIV e o astronauta Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, há 56 anos; as palavras do Pontífice sobre a criação, depois de contemplar a beleza do firmamento, pelo telescópio; e o apelo, no Angelus, para pôr fim à barbárie da guerra em Gaza, porque toda a vida é sagrada – tudo são quadros que nos dizem a mesma coisa sobre o sentido da paz e sobre o absurdo da guerra, através do artigo de Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, no portal de notícias do Vaticano “Vatican News”.
Paolo Ruffini junta, na mesma prosa, o telefonema com Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, há exatamente 56 anos, e a ver com os seus próprios olhos a Terra lá de cima; as palavras de Leão XIV sobre o mistério da criação, a sua grandeza e a sua fragilidade, depois de também ter contemplado, com o telescópio, a beleza do firmamento; o comovente apelo do Santo Padre, após o ataque do exército israelita contra a paróquia católica da Sagrada Família, em Gaza City, para pôr fim à barbárie da guerra, buscar uma solução pacífica para o conflito, observar o direito humanitário, respeitar a obrigação de proteger os civis, a proibição da punição coletiva, do uso indiscriminado da força e do deslocamento forçado da população; e a escolha de pronunciar, um por um, os nomes das três vítimas do ataque à igreja, não por serem cristãos, mas para reiterar que toda a vida é sagrada, assim como todo o local de culto, e para dar um nome a todas as vítimas inocentes de um massacre inútil que persiste – vítimas não anónimas, mas cada uma com um nome, um sobrenome, uma história, onde todos os dias apenas são listados os números.
“São momentos diferentes entre si, como quadros; próximos no tempo, mas diferentes, que nos dizem a mesma coisa sobre o sentido da paz e sobre o absurdo da guerra. Descrevem, com precisão, como a comunicação – feita de gestos, de imagens, de palavras – pode ser, ao mesmo tempo, desarmada e desarmante”, discorre Paolo Ruffini.
A certa altura, a ligação com Buzz Aldrin transformou-se em oração. Com as palavras do Salmo 8, que fala ao Senhor da grandeza das suas obras: “do Céu, da Lua, das estrelas; e, depois, do homem, tão pequeno e tão grande, um pontinho minúsculo, nem mesmo visível da Lua”. E, no entanto, “constituíste-o tu acima das obras de tuas mãos, sujeitaste tudo aos seus pés”, reza o Salmista.
Bastam poucas palavras e poucas imagens, para cada um se colocar diante das suas responsabilidades, “pelas coisas ditas e não ditas, feitas e não feitas”; “para entender que bastaria pouco para parar e recomeçar”; e para “compreender que ninguém pode considerar que a verdade em que acredita ou os sofrimentos suportados sejam tão absolutos, a ponto de legitimar a destruição de vidas humanas inocentes”. Com efeito, no dizer de Paolo Ruffini, alinhado com a doutrina católica, “violar a dignidade do ser humano é, em última análise, ofender a Deus, de quem ele é imagem”, é “negar a própria História, da qual cada um é filho,” e “é arruinar a maravilha da criação, que é a nossa casa comum”.
No filme Gravity, vencedor do Oscar, em 2013, os dois astronautas protagonistas admiram a Terra do espaço e um pergunta ao outro: “Onde montaste a tua tenda?”. “Interrogação poderosa, visto que, no Prólogo do Evangelho de João, está escrito que o Verbo de Deus “armou as suas tendas entre nós”. O nosso pequeno planeta, dilacerado pelas guerras, é tão rico em promessas, já inscritas no ato da criação, que o próprio Deus decidiu habitá-lo e redimi-lo. Por isso, as guerras que o devastam não prevalecerão, no final”, conclui o prefeito do Dicastério para a Comunicação.
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A 16 de
junho, o Papa Leão XIV, diplomado em Matemática pela Universidade Villanova,
nos EUA, expressou o seu apreço pela Astronomia, ao receber os participantes da
Escola de Verão do Observatório do Vaticano, deste ano.Na ocasião, pediu aos jovens cientistas que nunca se esqueçam “de que o que fazem é para o benefício de todos”. “Sede generosos, ao compartilhardes o que aprendeis e o que vivenciais, com as melhores de vossas habilidades e da melhor maneira possível”, disse o Santo Padre, que também os exortou a não hesitarem em anunciar “a alegria e a maravilha que nascem da contemplação das sementes que, nas palavras de Santo Agostinho, Deus semeou na harmonia do Universo”.
Este programa de verão, feito a cada dois anos, reúne jovens astrónomos de diferentes países. A edição mais recente recebeu 24 estudantes de 22 países sob o tema “Explorando o Universo com o Telescópio Espacial James Webb”, um instrumento que revoluciona a observação astronómica, desde 2022.
No seu encontro com estudantes de Astronomia, o Bispo de Roma destacou a importância dos avanços feitos pelo telescópio: “Pela primeira vez podemos observar, profundamente, a atmosfera de exoplanetas, onde a vida pode estar a desenvolver-se, e estudar as nebulosas onde os próprios sistemas planetários estão a formar-se, assim como rastrear a luz antiga de galáxias distantes, que fala do início do nosso Universo.”
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Leão XIV,
eleito a 8 maio de 2025, é conhecido pela sua formação em Matemática e pelos
seus artigos académicos sobre a relação entre fé e ciência, especialmente,
sobre a inteligência artificial (IA). Enfatiza a importância de uma
abordagem ética e responsável, no desenvolvimento científico, defendendo que a
ciência deve estar a serviço da Humanidade e não o contrário. O Papa Leão XIV tem-se manifestado sobre a IA, destacando tanto as oportunidades quanto os riscos que apresenta. Ressalta a importância de uma “governança global” para as novas tecnologias e a necessidade de que estejam alinhadas com os valores humanos e sociais.
Em seus discursos, tem enfatizado que a verdadeira “sabedoria” não se resume à quantidade de dados, mas à capacidade de discernir o “verdadeiro sentido da vida”. E vê a IA como ferramenta que pode abrir novas possibilidades, desde que não seja usada de forma egoísta ou para fomentar conflitos.
O Papa releva a importância de uma abordagem equilibrada entre ciência e fé. E adverte que a ciência, sem uma base metafísica e sem uma antropologia adequada, pode tornar-se perigosa, perdendo a sua bússola moral.
A escolha do nome Leão XIV é uma referência ao Papa Leão XIII, que enfrentou os desafios da Revolução Industrial, na relação entre o trabalho e o capital. E o Papa Leão XIV vê a IA como a nova revolução que afeta o mundo do trabalho e a sociedade como um todo.
O Pontífice tem participado em eventos e em conferências sobre IA, como a Cimeira da Inteligência Artificial para o Bem, em Genebra, e a Segunda Conferência Anual sobre Inteligência Artificial, Ética e Governança Corporativa, em Roma.
Além disso, tem enviado mensagens e discursos com reflexões sobre a ética da inteligência artificial, a importância da colaboração global e a necessidade de uma abordagem que promova a justiça e o respeito aos valores humanos.
Leão XIV apelou a que “a ciência permaneça a serviço da Humanidade, nunca se tornando sua mestra”, em mensagem à conferência internacional de bioética, em Roma, sob o tema “O Esplendor da Verdade na Ciência e na Bioética”.
A mensagem transmitida pelo secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, expressa o “vivo apreço” do Sumo Pontífice pela 3.ª Conferência Internacional de Bioética, que ocorreu nos dias 30 e 31 de maio, no Pontifício Instituto Patrístico Agostiniano, em Roma.
O Papa disse que a iniciativa é “uma oportunidade valiosa para refletir sobre as implicações éticas do progresso científico” e incentivou o “diálogo interdisciplinar baseado na dignidade da pessoa humana”. E confessou a esperança de que tais esforços “fomentem abordagens à ciência cada vez mais autenticamente humanas e respeitosas da integridade da pessoa”.
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Temos um Bispo
de Roma, formado na ciência e na fé, atento ao Mundo, que vale a pena escutar.
2025.07.22 – Louro de carvalho
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